Marco Somoni
Encostada às paredes interditas do futuro,
vou desenhando as memórias do caos
em que me escrevo, neste cansaço de pedra.
Como um exorcismo inadiável, tudo
Como um exorcismo inadiável, tudo
o que aceitei sem reservas percorreu
a cor evasiva dos contrastes
que, nos meus joelhos descuidados,
linearmente se desfizeram.
A caminho de todas as fragilidades,
A caminho de todas as fragilidades,
os fantasmas do amor acotovelam-se
na minha voz, condenados a um sonho
mudo, gravando no silêncio o eco
dos abraços que não deram.
E vêm todos calados, como se a morte
das palavras tivesse acontecido.
Quem me disse que nunca tinha fim
Quem me disse que nunca tinha fim
o tempo dos desejos?
Graça Pires
Graça Pires
De Outono: lugar fágil, 1993
na dureza da pedra uma pergunta. na dureza da pedra, palavras, urdidas no silêncio... e gritadas no coração da pedra. bate um coração no peito da pedra. bate um coração no peito da pedra que dorme no colo da terra... e é de lá que escorrem as tuas inquietações, traduzidas em palavras.
ResponderEliminardeixo um abraço fraterno, leve, leve... como uma pedra, quicando na superfície da água.
E nunca tem fim...belíssimo poema, Graça!! Gosto muito. Beijos.
ResponderEliminaroh Graça....
ResponderEliminar_____________.
disse-te um deus especial....nessa voz antiga que te vem do fundo dos dias...
_____________como me sinto aqui em
casa....
abraço-te.
Não tem não, Graça, ele há é dias... abençoados para que tenhamos poemas deste calibre. Um beijo.
ResponderEliminarcomo ilhas, vamos acumulando abraços adiados.
ResponderEliminarninguém nos diz das areias do lado do coração
.
.
.
um deserto progressivo.
_______
Profunda mente...
um beijo, Graça
maré
Até onde sabemos, a morte acaba com todos os desejos. Mas, enquanto isso, na terra dos vivos...
ResponderEliminaro tempo dos desejos?
ResponderEliminar---------------
E porque não 'o templo dos desejos?' .
Os desejos são como os sonhos; uns tornam-se realidades, outros não passam disso; de desejos ou de sonhos.
Fica bem.
E a felicidade por aí.
Manuel
talvez o próprio desejo,
ResponderEliminarque permanece na essência das palavras.
Falo, num poema meu, no interstício das pedras, rumo às fontes do desejo. E lendo o teu, acho que os desejos se escondem nas pedras e nunca morrem. Por isso é aí, nas pedras, que eles, os desejos, como fantasmas, nos atormentam. Mas vamos sempre ao templo ouvir o que das pedras, como oráculos, se desprende.
ResponderEliminarBeijo para ti e para o poema.
EA
Fantasmas mudos e tristes são os que povoam as noites de insónia e solidão...
ResponderEliminarBem hajas!
quem te disse, disse bem...
ResponderEliminaro tempo dos desejos nunca tem fim, mesmo os pequeninos...
abraço Graça
vim pela mão de um piano
ResponderEliminare fico...abismada
sinto-me nas tuas palavras
A vêm todos calados...
Quem me disse que nunca tinha fim o tempo dos desejos?
...
cansaço de pedra.
Vim para ficar.
um beijo
enorme
Obrigada por este momento.
Nunca é tarde para
ResponderEliminaramar uma pedra
Lindo!... Extraordinariamente Lindo.
ResponderEliminarum fim sem ser visto . efémero esse tempo. deseja_se assim por vezes. outras não. tem fim sim. o desejo do tempo.
ResponderEliminar"A caminho de todas as fragilidades,
ResponderEliminaros fantasmas do amor acotovelam-se
na minha voz"
só por isto fiquei despido e não tive frio, há coisas que ardem à flor da pele e nos deixam plantados ao solo.
Um abraço Graça.
(num estes dias irei colocar um dos seus poemas no lugares mal situados).
esses sonhos perdidos
ResponderEliminarA vida em toda a sua intensidade...
ResponderEliminarPoema lindíssimo que cai fundo cá dentro.
Beijo.
O próprio tempo nos diz que não tem fim o tempo dos desejos.
ResponderEliminarO mesmo tempo que por vezes foge e não nos dá tempo para os realizarmos.
Bj
Olhe, desta vez deu-nos para sonhar...
ResponderEliminarMuito obrigada por todas as atenções.
Depois dos desejo talvez possa vir a serenidade, e com ela, a plenitude...
ResponderEliminarBjinho
Quem não deseja ler-te quando lê estas palavras?
ResponderEliminarBeijo
quem disse..disse bem.
ResponderEliminaros desejos nunca teem fim mesmo.
gostei de ler.
beij
"Quem me disse que nunca tinha fim
ResponderEliminaro tempo dos desejos?" Sim. Quem?
Obrigada, Graça. Também já está no outro canal... (risos).
Beijinhos, amiga.
As paredes do futuro por vezes são tao densas
ResponderEliminarbeijos
O tempo que por vezes emudece sonhos com indagações traz preciosidades como "Quem me disse?". Fica a minha pergunta, Graça: sabia que tamanha beleza pode machucar?
ResponderEliminarUm poema muito belo e profundo.
ResponderEliminarUm grito às fragilidades, com que a vida nos vai “mimando”.
Um grito à realidade que aos poucos se apodera de nós,
quase sem darmos por isso!
"Quem me disse que nunca tinha fim o tempo dos desejos?", Sim, quem disse?
Um beijo.
Enquanto vivermos, os desejos permanecem intactos, como se os anos sobre eles não pesassem.
ResponderEliminarLindo!!!!
O tempo dos desejos não tem fim.Felizmente para nós que assim acontece. Uns dias menos bons, outros menos maus mas os desejos vão acontecendo.
ResponderEliminarMil beijinhos
Li o poema várias vezes, minha amiga e continuo sem me decidir:
ResponderEliminarnostalgia ou serenidade? Quer seja uma ou outra deu lugar a uma pérola.
Um beijo, Graça.
Graça,
ResponderEliminarO nome do teu blogue dava um excelente título para um livro. E a tua alma é, definitivamente, poeta. Um beijinho e bom fim de semana.
Querida Graça,
ResponderEliminareis um belo poema - mais um - para a gente fruir e refletir.
Um abraço.
Oi. Coloquei o seu link no crisblogando.blogspot. A conheci através do diversos-afins. Parabéns. Gostei muito de suas peças e de seu blog. De vez em quando levarei algumas para o blog. Tenho três: morenocris.blogspot - crisblogando.blogspot - umapaixaoamazonica.blogspot
ResponderEliminarBelas imagens, querida Graça: "as paredes interditas do futuro", aquelas que nos impedem de conhecer o que virá. O "cansaço de pedra", com a bela foto ilustrativa (uma forma de corpo humano de pedra deitado ao chão), gerado pelas memórias do caos. Memórias que se expressam pela escrita escorreita. "Linearmente se desfazer" parece estar ligado a coisas caras que se deitavam ao colo e os "joelhos descuidados" deixaram cair, como que "escorrer por entre os dedos". "Os fantasmas do amor" calados como "se a morte das palavras tivesse acontecido". Está brincando? Ainda bem que "como se tivesse", porque suas palavras não morreram, estão bem vivas aí e esteticamente perfeitas. Sabe por quê? Porque alguns fantasmas que se realizaram, desprenderam-se do sonho mudo e dos ecos dos abraços quando os deram.
ResponderEliminarSe tivesse fim o tempo dos desejos, não brotariam da pedra tanta beleza poética!
Inebriante poema, como sempre!
Obrigada.
Bárbara Carvalho.
gravar ecos no silêncio, talvez seja isso a essência do desejo, uma ação sem fim...
ResponderEliminarBelo poema
"Quem me disse que nunca tinha fim o tempo dos desejos?"
ResponderEliminarUma catarse poética bela e pura com emoções profundas que a tornam autêntica...
abraços
A Lua sangra no celeste
ResponderEliminarAprisionada está a razão
Olhos sem a virtude da luz
Uma fria pedra no coração
Um banco de jardim
É leito do rei da sarjeta
Almofada de encardido cartão
Acomoda esta carcaça inquieta
Bom domingo
Mágico beijo
inventamos as palavras até ao fim dos desejos. isso eu sei... e sei que tu sabes! como o poema afirma. com pudor...
ResponderEliminarbelíssimo.
beijos
Com palavras belas
ResponderEliminartambém se resiste
Quem disse isso, não mentiu!
ResponderEliminarDesejar não tem idade, tal como amar e outros sentimentos mais...
Beijo
Maria Mamede
num momento de maior dureza ou fragilidade, o caos evoca esse fim, mas quem sabem, não é assim? quem sabe os desejos não têm fim?
ResponderEliminarno entanto, como escreve escreves bem eses momemento de caos, de interrogações,...
...Belo :)
ResponderEliminarE que nunca tenham fim...
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