23.10.08

Memórias de Dulcineia VIII

Balthus
Repito as palavras.
Lentamente as pronuncio.
Tão límpidas que me dói dizê-las:
Ela batalha em mim
e vence em mim
e eu vivo e respiro nela.

Guardo as palavras,
secretamente,
como quem esconde,
com pudor, o lado
mais sensual do corpo.
Guardo as palavras.
Assombro-me com elas.
E choro a meio da noite
com os olhos carregados
de inocência.
Como se fora uma criança.


Graça Pires
De Uma extensa mancha de sonhos, 2008

35 comentários:

  1. Muito bonito, Graça!! Adorei! Beijos.

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  2. as tuas palavras Graça estão comigo. na sombra dos dias mais puros.


    guardo-As .

    todas.


    e são-me também os dias.



    obrigada!!!!



    !beijo!

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  3. Eu também guardo todas as palavras que leio no seu espaço.
    Um beijo

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  4. A criança que nos ajuda a construir.Um beijo.

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  5. É um poema harmonioso que dá gosto ler em voz alta.
    Beijo.
    EA

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  6. belíssima imagem e poema tocante...o elemento lírico da sua escrita é sublime...gosto muito de ler a sua poesia e prosa poética...

    abraços

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  7. elas, que conhecem a noite

    e o seu corpo de assombro

    elas, que se guardam e amanhecem

    amanhecem

    das sombras

    redondas
    e cheias...


    um beijo, Graça, cheio!

    maré

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  8. A palavra: nosso verdadeiro existir. Belo, como sempre. Abraço.

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  9. Como se fora uma criança, encanto-me sempre com a tua escrita.
    Um beijo.

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  10. Imagem bonita, é um quadro(interrogação)

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  11. repete as palavras... a sua beleza merece que sejam repetidas!

    beijo
    luísa

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  12. Graça,
    Mande-me seu endereço eletrônico, quero te mandar uma mensagem:
    gryllus57@gmail.com
    Beijooo,
    Chico

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  13. Muito bonitas as palavras que nos ofereces. Gostei.
    Um beijo

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  14. Não há que temer a Babel; mesmo que para isso -- Será desnecessário -- se apele à inocência para evitar más interpretações e poder dizer, escrever e ler o que se desenhar coma as letras: ideias/palavras/afectos/O que for.
    Bjs

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  15. "Guardo as palavras.
    Assombro-me com elas"


    também eu.
    também eu.

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  16. Palavras tão límpidas que nos assombramos com elas. E não passo a vontade de seu leitor Eduardo Aleixo, pois frequentemente leio em voz alta os seus versos, repletos de musicalidade e ainda guardando a beleza de silêncios.

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  17. Na linguagem infantil...a imensidão do amor!!
    Td lindo por aqui...como sempre!
    Abraços mil!!!

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  18. Obrigada pelo carinho de sempre no meu Cotidiano.

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  19. Liberta as palavras para que elas possam cunmprir missão dos seus vôos.
    Cadinho RoCo

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  20. muito obrigado pela tua visita, Graça, acho que o teu blog é muito giro e o poema também com muitas semelhanças com a idea do poema de Cinaty que eu pus... parabens!
    (e viva, sempre, o Zeca!)

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  21. É ternura ser corpo adulto, com coração de criança, que o sejas sempre...

    Beijito

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  22. a cisão

    o esconder o lado sensual do corpo

    tão sensual que é quase inocência...
    Lindo!!!
    Um beijo, Graça.

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  23. "Guardo as palavras,
    secretamente,
    como quem esconde,
    com pudor, o lado
    mais sensual do corpo"

    Memórias de um tempo de inocência guardadas com emoção...
    Beijo.

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  24. Uma dualidade em (poema)conflito...

    abraços!

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  25. guardas as palavras de Dulcineia, para as libertar na bonita janela de Balthus...

    abraço Graça

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  26. Quantas as palavras que se guardam, Amiga, quantas! Por pudor, por medo, por timidez, por desinteresse...quantas!
    Mas bendigo aquelas que se dizem e cumprem o seu destino

    Beijos e bom fim de semana!

    Maria Mamede

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  27. Há palavras que, por vezes, depois de proferidas já não voltam mais para nós!
    O melhor será guardá-las "secretamente" mesmo que para isso "chore a meio da noite com os olhos carregados de inocência, como se fora uma criança".
    Um dia elas soltar-se-ão e com elas virá a felicidade!
    Belo poema para dissecar...
    Beijinhos,

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  28. Seria Dom Quixote dizendo a Dulcinéia que:
    "Ela batalha em mim e vence em mim e eu vivo e respiro nela"?
    Cada vez mais instigantes e belas essas memórias!
    Bj enorme e muito obrigada pelas visitas e opiniões em meu blog, sempre de grande valia e importância para mim.
    Bárbara Carvalho.

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  29. O sonho de hoje voa no amanhã
    Esta terra prende-me os pés
    Um fruto maduro é repasto de pássaro
    Um caminho feito de lés a lés

    Taça de finos aromas
    Uma súplica presa na brisa da tarde
    Na morada dos teus maiores desejos
    Há um coração que por ti arde



    Bom domingo



    Mágico beijo

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  30. Há palavras que não podem ser ditas, palavras que não nomeam...palavras que são só presenças de neve que quando se tocam já não existem, como uma ausência eterna...
    um beijo

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  31. Este poema interpela-nos. E não menos a ilustração de Balthus, quase sempre inquietante e aqui aparentemente "silencioso". Também esta Dulcineia silencia, a seu modo...
    Um beijo, Graça, bom fim-de-semana. E parabéns pelos dardos :)

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  32. "...Guardo as palavras,
    secretamente,
    como quem esconde,
    com pudor, o lado
    mais sensual do corpo."

    Não as guarde, Graça!

    Deixe romper desse corpo as palavras guardadas, como a água cristalina e pura que rompe a montanha inacessível; deixe-as brotar, qual nascente que dá de beber à nossa sede...

    Um abraço carinhoso

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  33. A palavra é a vida do poeta. E a tua vida, Graça, é tão rica, tão profunda, tão inigualável.
    beijo no coração

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  34. ...belo e puro...como se fosse uma criança :))

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