tinha a sopa a arrefecer e a mãe chamava.
tremiam-me as pernas no complicado anseio
de saber se ela estava. já não me lembrava do nome.
rosalina seria. era quase um instante quando o lençol
era aconchegado no pescoço. eu não sabia.
poderia ser maria ou carmo ou antónia.
mas não. acho que era rosalina e de mãos atadas
no silêncio da mesa, eu achava que era morna
a lembrança. sabia que o momento não era próprio.
e eu ainda com as meias até ao joelho
e uma fita nos cabelos. descia a mão
até ao princípio do dia.
e a luz chegava para cegar de medo o meu sono.
e os dedos aconchegavam as pernas.
e as mãos no destino húmido do desejo.
Maria Quintans aqui
In: Apoplexia da ideia, il. João Concha. Lisboa: Papiro, 2008
Um belo poema da Maria Quintans. Gostei. Beijos.
ResponderEliminaro meu abraço!
ResponderEliminarenrolado de uma cumplicidade. doce.
!!!!
obrigada, graça!!
ResponderEliminarbeijo
Sutilezas tais como "cegar de medo o meu sono", "descia a mão até o princípio do dia", "destino húmido do desejo", todas atadas com a delicadeza de uma fita nos cabelos, beleza posta sobre o "silêncio da mesa".
ResponderEliminarTd lindo por aqui...como smepre!
ResponderEliminarAbraços diretamente do meu Cotidiano.
Um poema disfarçado. Um belo texto subjectivo que tem de ser lido com atenção.
ResponderEliminarbelo texto...
ResponderEliminarabraço
Como ela sabe das palavras com que se alimenta.
ResponderEliminarmuito sensual
ResponderEliminarGostei do que li. Um abraço do meu eu e dos meus outros eus
ResponderEliminarDesconhecia esta autora: agradeço-te a apresentação.
ResponderEliminarFica bem, linda.
Mais um fruto de boas searas!
ResponderEliminarDeixo-te um beijinho e desejo-te uma boa semana.
ResponderEliminarBelo texto.
ResponderEliminarBj
(Não deixarei de visitar a Maria Quintans.)
e eu o agradecimento por me dares a conhecer quem tão "diz" a palavra.
ResponderEliminar"e a luz chegava para cegar de medo o meu sono"
Vou procurar, apesar de ser tão precário, por estas bandas, encontrar o que procuramos...
beijo
maré
"descia a mão
ResponderEliminaraté ao princípio do dia."
quantas mas quantas vezes isso me acontece. muito bem ilustrado à custa de matisse que adoro.nessas colagens quase serve de pano de fundo à toalha da mesa
Belo momento.
ResponderEliminarSem palavras...
Duas palavras para este poema: quotidiano e autenticidade. Um quotidiano de sentires, de afectos
ResponderEliminar(até de discretos desejos, como no final), de hesitações... Autenticidade, porque o eu-poético
se expõe, se rasga ante nós crua
e inexorávelmente.
Um poema sem retórica de circunstância e sem abcessos estilísticos...Gostei!
Um beijo para a Maria Quintans
e outro para ti, Graça.
Linda Amiga:
ResponderEliminarUm poema fabuloso a que deu viva voz.
Diferente. Num estilo peculiar.
Brilhante. De uma magia poética linda.
Adorei!
Bj amigos de imenso, respeito, estima e admiração.
OBRIGADO pela sua terna amizade.
O renascer da significação adolescente do amor.
p.pan
Obrigada pela partilha...adorei!
ResponderEliminarJinhos
Muito poético, Graça, adorei!
ResponderEliminarComo sempre tens mãos de fada-poeta para nos presentear com pérolas como essa.
Um texto cheio de metáforas. Cada um que o interprete 'como souber'.
ResponderEliminarFica bem.
Felicidades.
Manuel
Não a conheço. Mas gostei deste poema.
ResponderEliminarGosto do que a Maria diz e também do que não diz mas que se percebe. Gosto de quem assim escreve e se revela até nos silêncios. Gosto da Maria, também pelo que escreve.
ResponderEliminarUm beijo cúmplice e um enorme obrigado por merecer a sua ilustre visita.
Subtilmente...sensual...
ResponderEliminarDoce beijo
"Com o Prémio Dardos se reconhecem os valores que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras."
ResponderEliminarAgradecia que passasse pelo MM para recolher o Prémio que foi atribuído a este Blogue.
Um abraço ;)
Poema com um halo de mistério e sensualidade...
ResponderEliminarGostei muito.
Beijo.
Até ao fim convenci-me que o poema era teu. Tu escreves mais ou menos assim e, por isso, poderias ser tu a autora deste excelente texto.
ResponderEliminarBeijinhos.
Graça
ResponderEliminarQd quiser, vá ao meu blogue, tem lá uma prendinha.
BJ.
EA
A infância, a seu modo, também é um lugar estranho, e a inocência tem muitos rostos.
ResponderEliminarUm belo poema onde cada palavra é subtilmente bem utilizada na interpretação que a autora pretende significar.
ResponderEliminarUm beijo.
E eu gostava muito de a conhecer, porque deve ser, com toda a certeza, uma das tais pessoas especiais. Obrigada, Graça.
ResponderEliminarque lindo, lindo, lindo, graça...
ResponderEliminarque honesta
que verdade
esta partilha
também....
..
obrigada por tudo o que (me) é todo este tanto de ti.
e tudo o resto, há já tantos anos.
..
:,o)
x
...mais um belo poema que fiquei a conhecer...e a gostar :)
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