Mark Rothko
Queria descrever, ao pormenor,
o lugar interior onde o poema recomeça
o seu esboço de contornos invisíveis,
rodeando os pulsos.
A língua, distorcida pelo súbito tumulto
da água, engolindo a sede,
agrafa de gritos minha boca.
As letras enrolam-se-me na saliva,
como um choro, que torna sombrias
todas as definições de paixão.
Graça Pires
Queria descrever, ao pormenor,
o lugar interior onde o poema recomeça
o seu esboço de contornos invisíveis,
rodeando os pulsos.
A língua, distorcida pelo súbito tumulto
da água, engolindo a sede,
agrafa de gritos minha boca.
As letras enrolam-se-me na saliva,
como um choro, que torna sombrias
todas as definições de paixão.
Graça Pires
De Não sabia que a noite podia incendiar-se nos meus olhos, 2007
G R A Ç A.
ResponderEliminar__________________.
Que lugar tão especial!!!!!!
. deus.
sem comentários!
.
abraço.te!!!!!
"...o lugar interior onde o poema recomeça..."
ResponderEliminartalvez o coração?
onde também nasce.
lindíssimo!
Obrigado
Vicente
Venha conhecer os meus tios.
ResponderEliminarMuito obrigada pela atenção.
o lugar interior do poema está sempre em ti e talvez no lúcido emaranhada de Rothko um dos meus pintores favoritos.
ResponderEliminarA paixão por ela mesma é, por vezes, bem sombria...
ResponderEliminarBeijinhos.
O poema recomeça... Ai está uma verdade profunda! Dá para reflectir...
ResponderEliminarMofina / Regina / outras, sempre eu.
mas acabaste de fazê-lo exemplarmente, Graça.
ResponderEliminarBjs
mui bueno!
ResponderEliminarA verdadeira paixão pelas palavras.
ResponderEliminarLeio-te com paixão. As palavras brotam-te tão naturalmente que só podem ter origem no coração.
ResponderEliminarBeijinhos
Bem-hajas!
Infindáveis as definições de paixão. E indefinidas.
ResponderEliminarBelíssima descrição.
bj
Esse lugar interior marcado pela paixão (em sentido lato) e pela nossa incapacidade em o dizer, essa divindade por vezes mascarada de demónio, essa inominável diferença que nos mata e dá vida ao mesmo tempo...
ResponderEliminarUm beijo, Graça.
...por vezes, o poema nasce da fonte dourada da alegria...Em outras, das sombras de nossos porões... Mas, é sempre um nascimento!
ResponderEliminarGostei do seu poema!
Beijos de luz...
esse teu lugar interior é palavrosamente belo e envolvente...
ResponderEliminarabraço Graça
É o coração a paleta de cores de onde brotam palavras tão claras, ainda que vez ou outras elas possam se revestir de noite ou dançar em passos de quase pranto.
ResponderEliminarLê-la é decodificar as maravilhas de sua linguagem figurada: a pensar que o agrafe é um grampo de papéis.
ResponderEliminarNo poema o agrafe é a boca e os papéis presos no agrafe são os gritos nela presos e as letras enrolam-se na saliva como a língua (quando, no plano real, essa que se enrola na saliva).
Escreve com as mesmas palavras que fala e fala com as mesmas letras que escreve. Ipsis litteris ou ipsis verbis? A mistura "que torna sombrias todas as definições de paixão".
Magistral e ilusionista (na rubrica das artes plásticas, como o emprego de técnicas (como perspectiva e sombra), criando no observador, a ilusão da realidade).
Belíssimo poema.
Bárbara Carvalho.
Será mesmo possível aprisionar em palvras este lugar especialíssimo e único?
ResponderEliminarUm beijo, Graça.
As letras por vezes são violentas obrigando-nos a encarar sombrios pensamentos
ResponderEliminare a palavra
ResponderEliminarescrava
escravizando
é gente...
nua
.
.
.
_______
OBRIGADO!!!
branca
de palavras tão vermelhas.
falaremos, um destes dias.
beijo, perpétuo.
Lindo poema. Nesse lugar essencial, até as palavras faltam. Nem elas serão precisas.Mais vale o silêncio do olhar e do sentir. É preciso inventar palavras para descrever o nascimento da criança, ali, onde o sol desperta as sombras.
ResponderEliminarBeijo.
Nota: se fores ao meu blogue há um concurso e tambem a estória das gaivotyas.
Beijo
Querida Graça,
ResponderEliminarMais um lindo poema. Não tenho transposto nada de teu nem da Licínia, ultimamente, para o multiply, porque tenho estado a dar espaço para que vejam as notícias do lançamento dos livros (da Licínia, que já foi, como sabes) e do Alberto Pereira que, como igualmente sabes, será no dia 6 de Dezembro próximo.
Agradeço os parabéns que deixaste no meu blogue, em nome do Alberto, e aceito o teu beijo com muito carinho. A verdade é que fiquei sem saber se podemos contar com a tua presença. Além do mais, nunca sei se recebes os meus mails porque nunca obtive qualquer resposta tua por essa via...
Não te importas de voltar a enviar-me o teu endereço para o meu, que se encontra no "perfil" do meu blogue?
Muito obrigada, amiga.
Beijos ternos.
"O lugar interior"
ResponderEliminarsolitário, mas luminoso...
Beijo.
lugar indizivel. que nos perde e redime...
ResponderEliminarbelo.
beijos
Lindo, Graça!
ResponderEliminarO poema começa e recomeça no teu coração poético; ele é só o eco do que já está escrito na tua alma generosa de palavras.
beijo no coração
Queria descrever
ResponderEliminaras letras
o choro
as sombrias definições
da paixão.
Obrigado pla visita
Fique bem
o lugar interior do poema é um lugar de paixão impressionante,
ResponderEliminarbeijos, Graça.
Lindísssimo...e a imagem tão critalina e pura...
ResponderEliminarum abraço
Linda Poeta, dificil por vezes descrever, porque as palavras são pobres para tal...
ResponderEliminarIntenso
...._.;_“.-._
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........\,---“`...\\
....._.;_“.-._ Terno beijo
mais um poema muito bom.
ResponderEliminarpor vezes não tenho palavras para comentar.
deixo um beij
belo poema, Graça.
ResponderEliminarlinkei um blog.
Ed.
Um lugar de espanto que nunca saberemos onde nem porquê.
ResponderEliminarBeijo.
fala-se em paixão e está-se no interior do (teu) poema, com ou sem lágrimas... sem definição
ResponderEliminarum abraço, graça
Graça,
ResponderEliminarfico-lhe muito grato pelas palavras sobre As Ruínas, trecho que um poema meu que o Victor, gentil como sempre, publicou na Dispersa Palavra. Como disse a ele, estarei em Lisboa em 18/12 e levo alguns exemplares. Se quiser, levo-lhe um também com o maior prazer.
Um abraço
Cláudio Neves
Todo poema começa como uma ferida aberta, como uma cinza morta que ainda tem nome, presência e desconsolo...
ResponderEliminarmuito belo, como sempre, Graça...
um beijo
A paixão, sentimento complexo, tecida maravilhosamente pelas palavras magistrais neste seu belo poema.
ResponderEliminarBeijinhos.
Graça, estarei em Lisboa dia 18/12 e fico alguns dias antes de seguir para a Beira Baixa e o Douro, onde conto passar as festas. Uma vez em Portugal, ligo para o Victor (e já marcamos previamente um copito, como ele gosta de dizer). E levo o seu livro, claro. Mais uma vez, muito obrigado pelas palavras. Se você quiser, escreva-me para
ResponderEliminarclaudiomns@gmail.com
e até lhe mostro alguma coisa nova, do próximo livro, ou mando o De Sombras e Vilas na íntegra.
Um grande abraço
Cláudio
Maravilhosa e:
ResponderEliminarEspecial Amiguinha:
Hoje, não venho comentar o seu delicioso e fantástico Post escrito pela sua magia doce, porque é uma pessoa deliciosa e fantástica.
Todas as definições de paixão irão bater-lhe à porta...creia...mesmo no "...lugar interior onde o poema recomeça..."
Vim somente referir que quebrei um silêncio...sussurrado no som de um silêncio...
Beijinho
pena (Memórias Vivas e Reais)
palavras que moram bem na pintura de Rotchko... como se os lugares interiores, mais que palavras, procurassem cores...
ResponderEliminarum beijo
Querida Graça,
ResponderEliminarmais uma vez vc nos leva a um lugar muito especial, aquele ponto dentro de nós onde a poesia toca - e faz tudo à nossa volta ter uma nova intensidade.
Um abraço.
É impressionante o número de comentários, parece que a blogosfera de poesia vem toda beber aqui. Parabéns!
ResponderEliminarVinha e venho agradecer-lhe a visita ao Mudanças e, também, juntar o meu comentário aos outros 40.
O poema refere impossibilidade de definir o lugar interior onde o(s) poema(s) recomeça(m), que podia ser, e de algum modo é sempre, a memória enquanto arquivo da experiência.
Mas já a imagem rodeando os pulsos nos desvia da busca dessa origem para a misturar no tumulto que impossibilita, no poema, a descoberta do lugar de onde os poemas nascem.
Os seis últimos versos explicam porquê. A língua distorcida pelo tumulto interior fecha a boca com gritos - porque os gritos são palavras impossíveis de escrever, as letras enrolam-se, não surgem e tornam sombrias (penso que no sentido de falta de luz) todas as definições de paixão. E quando o poema refere todas parece-me querer dizer nem uma definição permite, seguindo a estrita impossibilidade que constata.
Um poema em fogo.
A propósito desta poética da Graça, deixo uns versos de "ofício", de Adair Carvalhais Júnior:
ResponderEliminar«o poema surge aos
poucos enquanto o
corpo confronta os
dias enquanto as
noites escurecem
aos encontrões rasgado na
pele na medida nunca
exata das
palavras
(...)»
Um beijo, uma boa semana
Belíssimo poema.
ResponderEliminarBeijos
Há lugares interiores que nos desenham lágrimas, mas há outros que nos desenham sorrisos.
ResponderEliminarCada qual sabe o que sente nesses lugares de silêncio.
Um abraço com carinho*
Fanny
gosto muitíssimo.
ResponderEliminarBeijo,
mariah
Muito intenso !!! um anseio de algo que no íntimo desconhecemos e ao mesmo tempo nos parece tão familiar: a paz interior.
ResponderEliminarum beijo
O lugar inerior onde o poema começa talvez seja o mais alvo de cada um de nós.
ResponderEliminarGostei muitíssumo.
BELÍSSIMO, Graça Pires!
ResponderEliminarNão há muito o que dizer do poema, a não ser destacar a sua beleza e genialidade; posto que diante dele:
"as letras enrolam-se-me na saliva, como um choro, que torna sombrias todas as definições de paixão".
Seu poema vibra.
Bravíssimo!
Forte abraço,
Hercília F.