Dorothea Lange
Sabem de cor a raiva extenuada
com que se repete: trabalho, pão,
trabalho, pão, trabalho, pão.
Nos seus olhos já não há, senão, um país
onde se nasce e morre, como quem cumpre
o exílio de uma pátria longínqua;
como quem conhece a orfandade do mundo;
como quem tropeça nas próprias cicatrizes.
Os seus pulsos sangrando de tanto desespero.
Graça Pires
De Ortografia do olhar, 1996
Sabem de cor a raiva extenuada
com que se repete: trabalho, pão,
trabalho, pão, trabalho, pão.
Nos seus olhos já não há, senão, um país
onde se nasce e morre, como quem cumpre
o exílio de uma pátria longínqua;
como quem conhece a orfandade do mundo;
como quem tropeça nas próprias cicatrizes.
Os seus pulsos sangrando de tanto desespero.
Graça Pires
De Ortografia do olhar, 1996
Uma dor muito dorida...
ResponderEliminarSem luz ao fundo do túnel??? Não podemos perder a esperança...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
A tropeçar nas cicatrizes onde as palavras, redundantes, se repetem...
ResponderEliminare um homem apaga um cigarro num cinzeiro de desespero.
uma mulher crava um olhar sem cor no futuro dos filhos que lhe rebenta nos pulsos
...a desistência a recolher o corpo.
...______ mais e mais actual!
____
Um grande beijo Graça
talvez para alguns, talvez para outros não que se tornam dependentes dum quotidiano de fácil digerimento
ResponderEliminarUma triste realidade...actuais as tuas palavras de 1996, infelizmente. Muitos beijos.
ResponderEliminarGraça, comoveste-me profundamente!
ResponderEliminarObrigada, por teres feito vibrar este velho coração e meus olhos, cansados de encontros, tantos, com palavras superficiais. Ou estou ficando cada vez mais sensível pela velhice, ou ultimamente vivo encontrando cada vez mais gente, que me sabe falar ao coração.
PARABÉNS Amiga.
O meu abraço especial.
Maria Mamede
E de 1996 até agora, o que evoluiu? Aumentaram as cicatrizes onde se tropeça.
ResponderEliminardesespero mesmo...
ResponderEliminara fotografia reproduz muito bem as tuas palavras...
abraço Graça
Querida, Graça.
ResponderEliminarSente-se, aqui, a sua sensibilidade para com a vida do próximo. Apesar de o poema tratar um tema sério, forte, dialético; você atribui grande beleza poética às linhas dessa narrativa da vida real.
Um beijo, querida amiga!
H.F.
Que duro sofrimento.
ResponderEliminarÉ um POEMA maiúsculo.
ResponderEliminarParabéns, Graça.
Beijos
Dorothea Lange merece um poema assim.
ResponderEliminarum beijinho
Amiga:
ResponderEliminarSabe, um lindo poema que faz reflectir. Pensar demoradamente.
São Seres Humanos/Pessoas de uma Terra de Ninguém.
As suas deliciosas mãos valem ouro numa sensibilidade pura que é a sua.
Um poema delicioso, mas feito com a Alma com os pés bem no chão, perante a dor, a tristeza, o abandono.
Genial. Significativo.
Há "coisas" na vida que nunca entenderei...sonho...apenas...com um mundo mais justo e perfeito à dimensão do respeito humano.
Excelente.
Beijinhos de parabéns.
Com respeito e admiração pelo seu talento sem limites...
pena
EXTRAORDINÁRIO sentir.
Bem-Haja, amiga preciosa.
sempre orfã de si quando aqui não venho beber deste tão belo "emprego" dos sentidos sentimentos...
ResponderEliminaro meu abraço.
"...Nos seus olhos já não há, senão, um país
ResponderEliminaronde se nasce e morre, como quem cumpre
o exílio de uma pátria longínqua;"
e os meus olhos choraram e o meu coração sangrou!
Onde anda a Esperança?
Onde anda essa Pátria porque se lutou?
Um ABRAÇO solidário
até a própria imagem é de um sofrer que fala...
ResponderEliminar"como quem tropeça nas próprias cicatrizes.
Os seus pulsos sangrando de tanto desespero"
é um dos lados trágicos da existência - a nossa!
um abraço imenso!
é o futuro do colectivo que se esvai.
ResponderEliminarpalavas profundas!
um beijo.
País este, que semeia raiva em vez de trigo.
ResponderEliminarAbre cicatrizes, no lugar onde deviam ser sentidos beijos.
No olhar, onde a emoção e o riso deviam dançar, escorre a fome, o sangue e a desistência.
Abraço sentido, simplesmente.
Venho agradecer a passagem e o carinho nas palavras.
ResponderEliminarGostei de regressar.
bj
Gui
coisasdagaveta.blogs.sapo.pt
Do poeta que não dorme e cujas palavras são o fruto dos dias. Atentas. Verdadeiras. Sentidas. E sempre, sempre poéticas.
ResponderEliminarMaravilhoso poema.
ResponderEliminarInfelizmente, quanta verdade e actualidade nos versos magníficos deste poema triste.
A foto encaixa na perfeição neste grito de desespero e desesperança.
Parabéns Graça. Voltarei sempre!...
________________________________
ResponderEliminarSeu poema é forte e doído!
Infelizmente, assim é...
Beijos de luz e o meu carinho!!!
_________________________________
Palavras que expressam, de forma perfeita, todo o desespero de quem é duramente atingido pelo flagelo do desemprego. Poema mangífico, e, infelizmente, sempre actual...
ResponderEliminarA imagem é fabulosa!
Beijo.
Um drama de nosso tempo que se repete e nos deixa mais fracas as esperanças. Até quando? E pensar que nada disso seria necessário.
ResponderEliminarBeijo, Graça.
Essa foto é um dos belíssimos trabalhos de Dorothea. Imagem e versos são comoventes! Parabéns por mais esta construção, minha cara!
ResponderEliminarAbraços,
Lou
Esses pulsos têm tendência a sangrar cada vez mais. Infelizmente.
ResponderEliminarè esta miseria k nos revolta e nos faz pensar no quanto a riqueza está mal dividida...
ResponderEliminarBeijinho de lua*.*
dói, não é?...
ResponderEliminara minha admiração. beijos
Forte, triste, real...
ResponderEliminarConvivemos muito com essas cenas, e, quando paramos para pensar...
dói na alma!
Belo em sua essência, Graça.
Parabéns!
Com o seu quê de neo-realismo
ResponderEliminaragora que é preciso nos opormos ao neo-liberalismo.
Belo ensaio poético!
Beijinhos
belo e n menos abissal.
ResponderEliminarwww.instantes.blogger.com.br
Este é o endereço q vale ok?
É isso aí.
poema de força, de intervenção, atento às realidades míseras deste mundo.
ResponderEliminarbeijo, Graça.
o exílio de uma patria longíqua...
ResponderEliminardefinição muito precisa,
beijos
trabalho-pão...essa repetião é o que lhes mata a alma...muito bonito o poema,Graça, ainda que triste.
ResponderEliminarO desespero que é a falta de "pão" sobre a mesa! e os outros "felizes, de mesa farta" alheios de tudo, até de si próprios.
ResponderEliminarEste mundo sempre desigual e vazio de afectos!!
Falar de esperança, é sempre positivo, mas de facto, não mata a fome.
Um beijo
Treze anos depois, o poema está actual. Infelizmente não são cicatrizes sociais e sim chaga aberta . Nem procurando bem no fundo da caixa de Pandora, encontramos....
ResponderEliminarBji amigo
o exílio dos desapropriados de tudo...
ResponderEliminarObrigada por teres passado no meu cantinho escondido... Ando atarefada com o meu projecto pequenininho (em http://pequenininhos.blogspot.com/). É o que me tem inspirado ter uma menina linda linda nos meus olhos, a pupilar...
Passa por lá em algum momento pequenino... É um convite meu disfarçado de vergonha...
...falar dos que sofrem , e cada vez são mais é imperativo ético dos poetas. È este o tempo no qual nos coube nascer , mas não adormecer e calar... Em Portugal são dois milhões !!! A pobreza tem responsáveis, apontemos-lhes o dedo , falemos-lhe no rosto!
ResponderEliminarAbraço Fraterno
_______ JRMARTO
Como o poema de chamada de ateção e VOCÊ que lhe dá vida de forma justa, linda e magistral de sensibilidade, podem ser tão maravilhosos.
ResponderEliminarLindos.
Beijinhos de pasmo...
Uma intenção significativa num poema sublime. Admirável.
pena
Eu gosto de leitura assim, mas não estou falando somente da leitura reflexiva socialmente, mas desse leitura que aperta nossas entranhas com as duas mãos.. e muita força...
ResponderEliminarbjsssss
bom feriado Querida!!
real... tão real!
ResponderEliminara beleza do que é triste, nas tuas palavras. lindas! reais... tão reais!
um abraço
luísa
E esta impotência de não poder ser nada?
ResponderEliminarE esta impotência de os sentir e serem só números?
E esta impotência?
Que tal outro abril em Junho e nos meses seguintes?
E esta impotência de não conhecer alternativa?
Apetece gritar:
"Fome e desemprego a quem pode!"
Beijo de mais um...
Mas a voz num grito de quem diz: Basta!
ResponderEliminarMil e um beijos.
Excelente post para este DIa...
ResponderEliminarVIVA O 1º de MAIO!!
Bom fim de semana prolongado.
É preciso pegar-se na raiva, juntá-la às cicatrizes e aos pulsos sangrando de tanto desespero e reiniciar tudo outra vez. Ganhar um novo pão para o alento dos dias. E, quem sabe, tornar a pátria mais perto.
ResponderEliminarDo olhar dos outros vemo-nos muitas vezes a nós.
abraço,
fvs
Abril de novo
ResponderEliminarno Maio de sempre
Um grande poema onde a realidade do país está bem presente!
ResponderEliminarUm país em que nem já o sol consegue iluminar os semblantes cinzentos de tanta mágoa.
Um país onde as cicatrizes sangram desequilíbrios sociais.
Um abraço.
tanta força! Lindo.
ResponderEliminarExcelente post.
ResponderEliminarMuito emocionante.
Gostei do que escreveste.
Há uma data para comemorar: o meu "Momentos Perfeitos" faz hoje 1 ano.
Convido-te a vires brindar comigo!
Feliz "Dia do Trabalhador".
Bom fim de semana prolongado.
ESPREITA...e vê se conheces o restaurante onde estou à espera de todos vós, para fazermos um brinde!
Olá, Graça Pires!
ResponderEliminarBacana você estruturar teu poema na paradoxal ou ambígua relação entre a sensação de se trabalhar apenas para o pão e a de se estar "desempregado"...
A VIDA pede mais... Muito mais.
Grande abraço,
Taninha
Um comovente e delicioso poema que trata bem os sentimentos e pensamentos de um valor inigualável. Majestoso de significação extraordinária e doce.
ResponderEliminarA solidariedade é urgente neste mundo complexo e exigente.
Bem-Haja, pelo gesto sensível e maravilhoso.
Com admiração e respeito.
pena
Adorei!
Bem-Haja, talentosa poetisa amiga!
Um poema que é um grito do fundo da alma... De arrepiar!
ResponderEliminarAi, minha amiga, tanta dor há nossa volta e o mundo teima em passar ao lado!
ResponderEliminarBom fim de semana
bjs
Cicatrizes seculares que passeiam, cambaleiam pelo mundo; Belo e verdadeiro em sua crueza este poema,
ResponderEliminarbjos
Poema que retrata de forma tão sublime a dor de muitos, mas com metáforas contundentes que nos chamam veementemente à reflexão.
ResponderEliminarLindo poema, Graça.
beijo no coração
E essa imagem e esse sentir torna-se, infelizmente, cada vez mais frequente.
ResponderEliminarE de então para cá, o mundo, ao invés, piorou.
ResponderEliminarE numa terra que não se cumpre, vai restando o desespero dos poetas como pão para a alma.
Beijinho, prima.
uma realidade cada vez mais actual.
ResponderEliminara foto retrata o poema de uma maneira muito realista.
fica um beij
não, não acredito que alguma vez venha a ser diferente...
ResponderEliminardas raízes. nas raízes. onde andamos nós?...............
ResponderEliminarbeijo
Bem dizia ela... que não havia coincidências: é que acabei de chegar do blogue da São, onde deixei uma proposta: o dia 1º de Maio passar a ser o dia do desempregado. Também lhe podemos chamar o "dia dos estrategas"...
ResponderEliminara propósito a T.C. não foi despedida... a empresa é que foi para o Algarve... assim... como as aves... estilo migrações... a TC n pode ir, porque a mãe tem oitenta e tal anos... Eu acho que deviamos mudar o nome ao 1º de Maio! Talvez...deixem-me pensar: e que tal se lhe passassemos a chamar 31 de Abril? Cá por mim não me importo, desde que seja Abril!...
Muito lindo...como sempre!
ResponderEliminarAbraços diretamente do meu Cotidiano.
aqui. para agradecer o tanto que me dá.
ResponderEliminarbeijo GRAÇA.
Excelente..e super dorido!!!Infelizmente a realidade...valha-nos...talvez arranjar nos armários escondidos a ... Eperança.
ResponderEliminarAs misérias deste mundo..
ResponderEliminarTrabalho, pão, dignidade, amor, cidadania,...
Somos todos miseráveis, mas alguns até abaixo desta linha acabam ficando.
Triste, muito triste
Poema dorido sobre a dor
ResponderEliminar- quando dela brota, se faz brotar a flor?
"sabem de cor"
ResponderEliminara boca que mastiga séculos
de (im)provável justiça e a indiferença de quem olha as marcas que na pele a busca do pão deixou.
"sabem de cor"
como através de um olhar vago
superar os corpos dilacerados.
Graça, Obrigada por este Post!
Um grande beijinho