14.7.09

Não sei por que motivo

Walker Evans

Às vezes
não sei por que motivo
afogo o olhar
em trágicos silêncios.
Para encontrar a luz
me bastava enfrentar
a noite, porque possuo
nos olhos o apelo
errante das sombras.
Pequenas traições
tatuadas na pele
são apenas pretextos
para disfarçar os medos.
Um remorso
germinando na lembrança
devolve-me o temor
de múltiplas solidões.


Graça Pires
De Uma extensa mancha de sonhos, 2008

47 comentários:

  1. O remorso...rasga a pele e sufoca a alegria...
    Lindo...
    Gostei muito..
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

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  2. Compreendo perfeitamente...beijinhos.

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  3. eu também às vezes afogo o olhar em silêncios


    belíssimo poema que não conhecia.

    e no teu silêncio deposito um beijo

    terno

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  4. "Para encontrar a luz
    me bastava enfrentar
    a noite"...

    Querida Graça,

    esses versos me prenderam o olhar, o coração, a alma.

    Lindo poema, minha amiga.
    Beijo :)
    H.F.

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  5. Às vezes

    venho cá para encontrar a sua luz!


    Adorei Graça, Um beijinho, Gisela

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  6. olá. blog bonito. poema íntimo. desculpa a invasao.

    abrços

    leandro

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  7. eu garanto que me devolves a luz Graça.
    _estas palavras são tão belas, tão belas...!
    cada vogal ou consoante me afoga os olhos.

    ___
    multiplico o beijo e junto-lhe um abraço amplo.

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  8. Estimada Amiga:
    Um belo poema sensível à solidão da noite.
    Pretextos para sentir medo...?
    É na noite cúmplice de sonhos que se conseguem inspiração para lindos poemas como este.
    Excelente!
    Beijinhos

    pena

    OBRIGADO pela sua simpatia para comigo.
    Bem-Haja, poetiza admirável.

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  9. é muito isso, a vida...

    abraço Graça

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  10. Gostei deste seu nocturno...Beijo

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  11. por vezes, nem motivos há...

    Abraço-te.

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  12. O olhar também fala. Afaga e afoga. Anima e entristece. Ilumina e escurece. Mostra e oculta.

    O olhar é, também, motivo(s).

    Beijinhos.

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  13. desta extensa mancha guardo o fulgor de quem se estende sobre os sentimentos num classicismo redentor!




    e sei o motivo porque o faço.


    admiração G. Muita.


    um beijo.

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  14. Graça, sinto que entendo bem este poema...

    e é tão belo na sua expressão do medo e dos «trágicos silêncios».

    um beijo.

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  15. Olá Graça

    Um poema intenso e inquietante!
    Não podia ter feito melhor escolha com a foto.

    Abraço

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  16. Ao meu querer!
    Dias noites, estações esquecidas
    Inventei sonhos para sonhar
    Lavei mágoas, dores perdidas

    Uma árvore toca as águas da lagoa
    O nevoeiro faz desenhos nas cumeeiras
    Um Melro negro solta um pio ao acaso
    A palavra quero-te diz-se de mil maneiras


    Convido-te a ver a Cor da Claridade


    Doce beijo

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  17. Palavras ou espelho?
    De qualquer forma, um poema!

    abraços!
    www.tintapermanente.com

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  18. Solidão dói, mas sempre dá poesia da boa; bebo tb nessa fonte agridoce...
    Comungamos os mesmos silêncios, depois vociferamos liricamente pelas noites sem luz...
    Gostei imensamente,
    bjo grande!

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  19. Boa noite, Graça, obrigado, querida poeta, pela visita. Estive a ler, e vou continuar aos poucos, teus escritos do início da construção do blogger. Fiquei extasiado com coisas lindas que vi. Destaco este trecho do 'Improviso de viver', do livro Conjugar afectos:

    Voltaremos muitas vezes a um jardim de plátanos
    com o luar engatilhado nos olhos.
    Dir-te-ei nomes de estrelas ao acaso,
    como um desvio da fronteira desenhada ao redor de nós.
    Lado a lado, iremos rever novembro pelas ruas,
    devassando vigílias, cantando em surdina
    a intimidade de sermos amantes,
    neste percurso de pássaros subitamente em fuga...


    Muito lindo. Vou repassar aos meus amigos amantes da boa poesia no orkut, ok? Bjos, minha maravilhosa poeta. A propósito, amo a lírica portuguesa, e vc a leva adiante com a maior beleza. Bjos.

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  20. "...Um remorso
    germinando na lembrança
    devolve-me o temor
    de múltiplas solidões."

    Íntimo e inquietante...
    Muito belo!
    beijo

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  21. por vezes esses silêncios envolvem-nos nos medos das lembranças

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  22. Um temor deveras vivo este.
    Sempre fortes tuas linhas, Graça, querida.
    Mil beijos.

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  23. Silêncios, remorsos, solidões...
    mas a luz sempre espreita por entre as sombras.

    Bjs

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  24. Traições tatuadas na pele são apenas pretextos, são, sim, enquanto esses teus olhos não vencerem, com tanto brilho que têm, o engodo das sombras, que vai sugando a alegria do poema.

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  25. Que maravilha de poema...li, reli e adorei!!!
    Jinhos mil

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  26. quem do remorso não colhe os silêncios? e a solidão...

    poema de sentimentos. autênticos...

    admirável...

    cumprimentos.

    beijo

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  27. Por isso... escreves com o teu olhar!
    Para quê mais se te revelas?
    Beijo.

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  28. Lindo, o seu poema.
    Para mim afogar o olhar em trágicos silêncios, é uma espécie de "carregamento da bateria da vida".

    Quem não tem pequenas traições tatuadas na pele ?!

    um grande beijo

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  29. Só a mulher da foto pode ser a voz do belíssimo poema. Estranho, mas sinto-o como uma evidência.

    Beijo, Graça.

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  30. é na solidão que me encontro.

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  31. Quando li .. "afogo o olhar em trágicos silêncios", e acabei em ..."múltiplas solidões", achei que escolheste bem a foto com que ilustras este poema.
    Gostei do teu sentir humanistico aqui mostrado.
    Um abraço, Graça e, boa semana.

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  32. A realidade é trágica e bela...

    Bjnho

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  33. fiquei sem palavras... porque me revi nas tuas.
    gostei imenso!
    um beijo
    luísa

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  34. Olá Graça muito lindo o seu poema!
    Beijos josé Silva

    Dentro de mim

    Dentro de mim
    uma pequena luz,
    indizível penetra o meu olhar.
    Olhar vazio!..
    De múltipla duplicidade
    Olhar conivente!..
    Olhar etéreo, sumo de gente.
    De gente que sente
    o fogo e a verdade,
    de tão dura realidade,
    o presente, ausente

    José M. Silva

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  35. Difícil elencar um poema dentre tantos maravilhosos, mas esse é singular, Graça! Belo e profundo!

    Beijos

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  36. beijo.


    mas sei o motivo: a minha admiração. respeiosa.





    piano.

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  37. O silêncio será porventura a arma que desarma todas as trevas, estimada Graça.

    No silêncio e do silêncio se elevam os maiores incómodos para os que às palavras fazem "ouvidos moucos" ...

    Belíssimo o que nos oferece! Belíssimo.

    Saudações com estima
    *__bonecadetrapos___*

    PS: Fica-me o "remorso" de não saber gerir o tempo e não vir mais vezes....

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  38. "(...) o apelo errante das sombras (...)" nas esquinas da existência.

    quantas vezes?

    bjs

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  39. São os nomes do silêncio...
    um poema muito belo.
    Um beijo

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  40. Graça...

    São assim os Poetas!
    Quanta verdade nas palavras e tanta coragem para as dizer!...


    Um beijo!
    AL

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  41. "possuo nos olhos o apelo errante das sombras". Eu sinto isso, mas dsecrito nessa forma admirável?...

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  42. Às vezes, minha querida Graça, é preciso isso, isso exactamente...
    e serve de passaporte para voltarmos ao começo!

    Beijo

    Maria Mamede

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  43. por vezes os silencios são ensurdecedores.

    belo como sempre!

    um beij

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  44. "Pequenas traições tatuadas na pele".
    Não será este um cenário comum, hoje em dia?

    Gostei muito do jogo de palavras.

    Cumprimentos

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  45. Olá, amiga!

    Passei para ler (ou reler)

    a sua bela poesia

    e a que, também, nos traz de outros.

    Deixo um beijinho

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  46. “possuo
    nos olhos o apelo
    errante das sombras”

    Uma imagem fascinante de um poema, verso a verso, edificado ao silêncio do olhar…
    Muito belo!

    Beijo

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