É DAS FONTES QUE FALO!
Falo das casas de rosto contente virado para o mar,
da procura apaixonada das conchas raras
abandonadas na vazante,
do mistério nunca desvendado da canção dos búzios,
da postura majestática dos cactos com flores
vermelhas sobre as dunas,
falo da robusta madureza do teu corpo
aberto como um suspiro
liberto de cansaço no tempo certo!...
É das fontes que falo,
insubstituíveis, teimosas fontes
escondidas, esquecidas, não lembradas,
mas avidamente luminosas,
sequiosas nos olhos que procuram, se procuram,
no enleio confusamente inevitável
de quem caiu de borco das estrelas nos labirintos
e becos da cidade,
onde as crianças sabem
não haver fronteiras claras entre a vida e a morte,
entre o riso e a tristeza,
e acariciam silenciosamente, com mãos de jade,
as lágrimas que parecem tombar do céu,
mas que brotam violentamente da terra!...
Eduardo Aleixo
In: As palavras são de água. Lisboa: Chiado Editora, 2009
Falo das casas de rosto contente virado para o mar,
da procura apaixonada das conchas raras
abandonadas na vazante,
do mistério nunca desvendado da canção dos búzios,
da postura majestática dos cactos com flores
vermelhas sobre as dunas,
falo da robusta madureza do teu corpo
aberto como um suspiro
liberto de cansaço no tempo certo!...
É das fontes que falo,
insubstituíveis, teimosas fontes
escondidas, esquecidas, não lembradas,
mas avidamente luminosas,
sequiosas nos olhos que procuram, se procuram,
no enleio confusamente inevitável
de quem caiu de borco das estrelas nos labirintos
e becos da cidade,
onde as crianças sabem
não haver fronteiras claras entre a vida e a morte,
entre o riso e a tristeza,
e acariciam silenciosamente, com mãos de jade,
as lágrimas que parecem tombar do céu,
mas que brotam violentamente da terra!...
Eduardo Aleixo
In: As palavras são de água. Lisboa: Chiado Editora, 2009
depois de ter lido este belo poema, apetece-me fazer um trocadilho entre o título da obra e o último verso: as palavras são da água, mas brotam da terra :) um grande beijinho, graça. bom fds!
ResponderEliminarA tua imensa sensibilidade escolheu um dos poemas mais bonitos do livro do Eduardo!
ResponderEliminarBeijinhos.
Passo sempre por cá para ler.É um dos meus pequenos prazeres.
ResponderEliminarum beijinho
Muito bonito, muito certeiro...
ResponderEliminarBoa opção a tua!
Um abraço, zogia.
Graça,
ResponderEliminarToda casa que exala alegria faz a vida ter um sorriso diferente.
Beijo imenso, menina linda.
Rebeca
-
graça pires:
ResponderEliminarconvido você e seus leitores para uma entrevista minha feita pela
http://www.diversos-afins.blogspot.com/
um abraço.
romério
" falo ( ) do mistério nunca desvendado da canção dos búzios"
ResponderEliminarfalo do incessante recado da vida a contrariar o violento caminho da morte...
____
é lindo, tremendamente profundo, Graça. Não conheço este poeta, apesar de já ter visto o seu nome por aqui.
Obrigada, minha querida.
Para ti um beijo imenso.
Há sempre um grande mistério nas palavras...que se agarram à terra e a sentem plenamente...
ResponderEliminarObrigada pela visita...
Beijos e abraços
Marta
G.
ResponderEliminaruma boa escolha do Eduardo que sabe escrever muito bem, e que consegue dar uma ternura às palavras que deixa uma sensaçao de paz:
deixo aqui um poema dele que é inédito e que eu também gosto muito:
Tu não precisas dos livros dos sábios
Para vires falar sobre o voo das gaivotas
Nem sobre o escoar leve das areias finas pelos dedos das tuas mãos
Nem sobre o azul do ceu e das ondas do mar,
E não precisas,
Porque tudo está nos teus olhos, Na tuas mãos,
Na pele do teu corpo,
Pincel mágico
Que pintou o quadro vivo do poema.
Obrigada!
bom domingo...
Gosto de vir às tuas fontes.Beijos
ResponderEliminarSó tenho que te dizer muto obrigado e que me sinto muito honrado...Um abraço amigo.
ResponderEliminarEduardo Aleixo
beijo aos dois.
ResponderEliminarde águas límpidas em caDA mão.
(piano)
magnífico este poema Graça!
ResponderEliminarNão tem espaços vazio, todas as palavras se encaixam como num xadrez que me lembra a vida...
beijinho grande Graça, neste mês lembro-me muito de si (em especial)
Oi Graça,
ResponderEliminarO elo é o verso.Belo poema de Eduardo Aleixo.Êle e sua sabedoria a compor da vida a lírica vazante dos dias.
Lindo e de bom gosto este teu espaço.
Para béns !
Beijos,
Cris
www.cristinasiqueira.blogspot.com
As palavras do poema estilhaçam na frieza escultórica dos imbecis!
ResponderEliminarMas ser poeta, é ser contra o comodismo das palavras!
BRAVO!!!
Obrigado, Piedade Sol! Se não fosse tão agradável a surpresa que fizeste, eu diria que era traição! Mas é uma traição boa. Não esperava tantos mimos...Abraços meus.
ResponderEliminarGostei muito de ter passado por aqui - bem haja.
ResponderEliminar"É das fontes que falo,... avidamente luminosas, sequiosas nos olhos que procuram, se procuram..."
ResponderEliminarLindo! Óptima escolha "em seara alheia"
Parabéns ao autor.
Beijo.
É um belo poema. Que bom que tenhas divulgado este autor.
ResponderEliminarem "seara alheia" ou casa própria, sempre a sensibilidade e bom gosto.
ResponderEliminarabraço
Olá
ResponderEliminarHá já algum tempo que não passava por aqui e fiquei maravilhado com este poema que não conhecia.
Profundo, mesmo muito. Obrigado pela escolha.
Um abraço
essa procura apaixonada de conxas raras faz-me lembrar agora da paixão do Neruda pelo mesmo...
ResponderEliminarbelo poema!
um beijo
as lágrimas brotam da dor, quando doem, nascem como rios de onde quer que magoe.
ResponderEliminarMuito bonito !
ResponderEliminarObrigada.
bjs
Belo poema, Graça. Não conhecia o autor.
ResponderEliminarSeria possível encontrar teu livro aqui no Brasil?
Beijo e boa semana.
Belíssimo!
ResponderEliminarSaudações
GRaça,
ResponderEliminarachei lindo o poema, mas quando comecei a ler senti que havia algo diferente que não a tua escrita,claro, não é tua composição.Boa escolha amiga.
Lindo Poema que chegou até mim nesta manhã chuvosa e de que gostei muito!
ResponderEliminarum poema de relevo!
ResponderEliminarOLÁ GRAÇA,
ResponderEliminarSó hoje tive o privilegio de conhecer o seu blog e asua poesia, que adoro. Vou já comprar o livro....meus parabéns!
HELENA
As fontes e o amor no recanto dos becos...
ResponderEliminarLindo como é teu habito;)
Beijinho de lua*.*
Li este poema e fiquei maravilhado.
ResponderEliminarFui ler mais ao blogue do autor e confirmei o sabia: é um escritor.
Querida amiga, obrigado pela partilha.
Beijos.
Um texto com uma profusão de imagens poéticas...Gosto.
ResponderEliminarque belo poema de mais um autor que desconhecia. fazes sempre excelentes escolhas, Graça! obrigada pela partilha. um beijo.
ResponderEliminarLindo poema do Eduardo Aleixo, belíssima escolha. Grande abraço, minha amiga.
ResponderEliminarBelo, este poema do amiga Eduardo Aleixo!
ResponderEliminardeixo-lhe uma beijoca
Poema cristalino!
ResponderEliminarbjs
linda esta tua maneira de seleccionar poemas de outrém
ResponderEliminare excelsa a selecção
eis.me ,Graça ,final mente regressada a este novo ano que espero te traga um açafate de criatividade e uma mão cheia de realizações
antes de retirar.me ,deixo.te
.
um beijo ,ainda fresco