17.6.10

No meu país

António Quadros



No meu país havia marinheiros
com braços de tempestade.
Havia um cais e um sonho
ateado em cada mastro.
E havia no vento o chamamento do mar.
Havia no meu país o voo antigo dos pássaros
para adivinhar a sina dos homens.
O mistério do sangue e do parto
e o uivo das fêmeas em noites com lua
havia também no meu país.
No meu país havia a terra e a memória
e os cantares de amigo
e a pressentida eternidade das palavras.


Graça Pires
De O silêncio: lugar habitado, 2009

49 comentários:

  1. a eternidade delas é sempre um pressentimento, excelente percepção, belíssimo poema. :-)
    bjos,

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  2. A eternidade sempre é pressentida...por isso nunca acaba, porque nunca chega...
    Gosto imenso deste poema...
    Um beijo

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  3. Gosto da cadência das Cantigas de Amigo...lembram-me coisas boas e pinhais... :)
    um beijinho

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  4. "...No meu país havia a terra e a memória
    e os cantares de amigo
    e a pressentida eternidade das palavras."

    E a Amizade que é a união da Força com que se semeia uma boa colheita.

    Grata por este momento e pela delicadeza da sua poesia, que adoro.

    Bjo.

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  5. G.

    fiquei sem palavras para comentar tao belo poema.

    por momentos lembrei Manuel Alegre.

    gostei muito.

    um beij

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  6. Havia tudo isso e muito mais

    mas será que ainda há país?

    Um abraço grande.

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  7. Amiga Graça,

    No meu país havia...
    A importância do tempo verbal usado.
    Havia mesmo, o que agora nos resta é a esperança de um país renovado.

    Gostei muito.

    Na Casa do Rau

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  8. Esperemos que a "pressentida eternidade das palavras" possa ser conjugada tb no presente! Um beijo, Graça.

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  9. Ao som dos cantares da sua amizade
    e com o sonho de um magnífico poema
    pleno de ritmo e sensibilidade...
    vivemos o presente, a lembrar o passado e com a promessa do futuro.
    Parabéns, Graça!...agradeço o carinho e as palavras amigas.Bjs!

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  10. belo poema

    eternidade..



    palavras..


    beijos...

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  11. e que elas predurem pela eternidade. Belo, como todos os que conheço saídos de si.
    beijinhos

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  12. um país que falta cumprir-se
    inteiro, como diria Pessoa
    a multiplicar-se de luas
    para afugentar a triste sina de velhos marinheiros na senda dos naufrágios.

    ___

    um grande beijo querida Graça

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  13. ...os cantares de amigo, e a pressentida eternidade das palavras... são versos dos mais bonitos que já vi, minha querida amiga. Já conhecia esse teu poema e não me canso de fruir a sua beleza.
    Bjos, fico muito feliz com tuas palavras em meu blog.

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  14. um país, uma língua...saudade do meu país que só uma palavra não cabe.lindo, Graça.

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  15. no nosso país ainda vai havendo isso tudo, que tu transformas muito bem em poesia...

    graças á eternidade das palavras.

    abraço Graça

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  16. A cada segundo há sempre algo que se perde e fica o vazio das coisas que estão por vir.

    Beijinhos

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  17. no meu país

    há tanta tempestade
    como barco atado
    num cais desatinado

    chão e terra presentida
    que eternos somos nós
    de uma ternura vencida

    a do meu país

    .

    ...cantares de amigo
    ainda há, Graça!

    um beijo

    Manuela

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  18. GRAÇA
    No meu País...
    Já é difícil usar a frase e não sentir..angústia,
    Um bom fim de semana.
    Aguardemos que a bola role...


    Um beijo e em Apontamento deixo...
    sábado vou estar ás 19 horas na feira do livro no PORTO pavilhão B/35 e B/37 para uma sessão de autógrafos dos meus ultimos 2 livros .( SPORTING EM POESIA e Pais e Mães)Perto das5 horas Já lá estarei para ter tempo para um café tranquilo...Com quem quizer estar comigo.

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  19. Pois... Mas parece que tudo parece esvair-se por um qualquer vórtex!... Passando por ele, ou tudo acaba... ou fica-se com a cabeça à roda e as ideias completamente baralhadas!... Um Adamastor?!... Talvez!... E o cheiro intenso dos cravos de água doce que navegam nas palmas de mãos estendidas!...
    Pois é; "No meu País havia a Terra e a Memória..."



    Bom fim de semana




    Escolha entre... beijos e abraços

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  20. Lindo poema Graça ! É sempre um momento rico e prazeiroso visitar seu espaço poético. Bj.

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  21. No seu país havia nautas e sonhos como bússolas convidando ao mar. No seu país há a sua poesia para quem ainda queira navegar.

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  22. Vinha em busca de mais palavras, reli e reli...

    Deixo um beijo e o desejo que passes um bom Domingo :-)

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  23. Lindíssimo. No meu país há-de haver a eternidade das palavras. Ainda o meu país.

    Um grande abraço, Graça.

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  24. no teu - nosso - país havia (também)


    "cantares de amigo" ,de amor ,de escárnio e maldizer......



    .....amei!




    .
    um beijo

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  25. teresa p.6:13 da tarde

    "...e a pressentida eternidade das palavras."

    No meu país... a beleza da tua poesia, para sempre!
    Beijo.

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  26. penso que as palavras sobreviverão ao fim do mundo e flutuarão depois no universo como espíritos bons. um grande beijinho, graça.

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  27. um dos meus poemas favoritos do livro, fala bem de Portugal...
    um beijo, Graça

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  28. Belíssimo, Graça! Que consigas sempre resgatar tão belas imagens.

    Beijos,
    Lou

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  29. Muito bem articulado, o poema!

    O que já não é novidade...

    Bjs

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  30. Chegamos de viagem e venho aqui só pra dizer que esse carinho danado de bom é realmente algo que faz falta.

    Beijo imenso, menina linda.


    Rebeca


    -

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  31. Se as palavras são eternas, então, tudo continua havendo... Basta ler e rememorar.

    Belíssimo. Amei.

    Beijos!

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  32. E aqui encontro sempre belíssimas palavras!
    Um beijinho.

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  33. Havia.
    havia o sonho que agora nos quer fugir...

    As palavras, essas, agora voam no vento
    .
    e à eternidade espera-se que cheguem ainda algumas.

    Beijos

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  34. Tem selinho aqui prá todos os meus amigos.
    Venha buscar os seus.....Carinho meus! M@ria

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  35. Da forma, nem vou tecer comentários. Fabuloso. Gostava de ter escrito este poema...

    Quanto ao conteúdo, tens a certeza que havia isso tudo?
    É que, nesse tempo imaginado, houve poetas que disseram o mesmo que tu... e, provavelmente, outros vão dizê-lo daqui a umas décadas, referindo-se aos tempos de hoje...
    Os poetas às vezes exageram... Até eu, que não o sou (mas tento...).

    Beijos.

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  36. Belíssimo cantar das memórias, a sugerir a questão "Que é feito do meu país?"

    Bjs

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  37. Tudo o que de bom havia no seu país se desvanece/eu em oposição ao que de mau havia/há no seu/nosso país!

    Bjs fique bem!

    José

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  38. havemos de erguer de novo. o país "marinheiros com braços de tempestade"...

    vibrante poema.

    excelente.

    beijos

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  39. Poesia que não se esgota...
    Gosto...

    Abraço.

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  40. Lindo esse país que viaja pela pele do sonho, refazendo-se em poesia...

    Abraço

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  41. É caso para se perguntar: haver havia, e agora já não há...?
    Haver há, na alma de cada gente....talvez...
    Muito bonito o poema que nos leva a reflectir e a deixar levar...

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  42. excelente poema, Graça. toda a identidade de um país, identidade construída nos seus momentos de glória históricos, mas acima de tudo, nas pessoas e naquilo de que eram feitas (repara: adoptei o pretérito como tu), coragem, capacidade de sonhar, trabalhar e lutar, amor pelas coisas simples, etc...

    do pretérito se depreende uma oposição ao presente, mas sempre pret. imperfeito, será possível vislumbrar uma nesga de esperança?

    beijo grande, Graça

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  43. bem me parecia que já tinha lido... muito bonito!

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  44. no meu país inda se ouve o grito dos teus marinheiros.
    para o bem e para o mal
    as sementes deles florescem no meu país...

    deixo um abraço fraterno

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  45. ...pela eternidade, e mais além...
    Sempre bom sentir as suas palavras.
    Brisas doces para a Graça***

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  46. tanto! como captaste bem a essência do nosso país que, infelizmente foi sendo gradualmente esquecida. obrigada, Graça, pela memória que este teu poema nos permite.

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