18.8.10

Adormecemos com sede



As águas baixaram.
Amainada a maré vieram as gaivotas
poisar-nos na janela.
O brilho inesperado dos barcos
e das dunas doía no olhar.
De olhos fechados, ainda assim,
nos perturbava a clareira de bruma
que alastrava do mar.
As gaivotas, essas, traziam nas pupilas
um rebentar de ondas que nos ensurdecia.
Ao anoitecer jantámos em silêncio
e adormecemos com sede.


Graça Pires
De O silêncio: lugar habitado, 2009

39 comentários:

  1. Quando a sede deixa aberta todas as portas. Belíssimo.

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  2. sede das sedes.

    amo o silencio...



    beijos!!

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  3. Um rebentar de ondas que me matou a sede, a mim, que não as vejo nos olhos das gaivotas.

    Obrigada

    Bjs

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  4. Todas as palavras no lugar certo...beijos.

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  5. Poesia inquieta, mas plena de beleza.

    Beijo :)

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  6. Graça, de olhos fechados as brumas de nossos mares internos se alastram. Teu poema é para ser lido, relido e reverenciado. É muito belo.

    bj

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  7. Lindo este teu voo de palavras. A tua escrita é enigmática :-)

    Beijinho*

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  8. Sublime Poetiza Amiga:
    O mar. As gaivotas. As ondas.
    Um poema de causar delícia e pureza bela.
    Parabéns.
    Tem uma sensibilidade poética fabulosa que já é do conhecimento de todos.
    É excelente!
    Beijinhos amigos de encanto pelo que significa na imensa Blogosfera. Um valor precioso de ouro dos seus fabulosos versos.
    Sempre a admirá-la

    pena

    Um poema divinal saído da sua ternura. Perfeito.
    Bem-Haja, notável poetiza.
    Adorei.

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  9. Muito bonito este texto meio prosa meio poesia. Ou talvez prosa poética.

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  10. Graça... quando minhas águas baixam, me aparecem gaivotas em tão grande número que quase acredito que o dia vai ser lindo... Mas passam as horas. Cessa o brilho das velas brancas dos barcos; o olhar cansa e se fecha automaticamente. Aí descubro que a alegria se diluiu e que, no meu caso, não é só jantar em silêncio; mas sim ter de ir dormir vazio e com sede e muita fome.

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  11. Também gosto de gaivotas..
    E quando me sinto sozinho, procuro companhia no mar...
    Obrigada...
    Beijos e abraços
    Marta

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  12. Oi Graça,

    é sempre revigorante ler o que você escreve pois aqui se encontra a poesia. Bj com carinho.

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  13. dá-me assim um frio

    de gaivota poisada na janela
    à espera da palavra que não chega

    ao jantar

    e bebemos tanta
    a água do mar!

    e este poema

    é uma maré-baixa tão cheia de maré

    que jantar em silêncio
    é uma benção

    para o ler em cada molécula e inventar 7 pratos e 5 sobremesas...


    gostei muito, Graça!

    um beijo

    Manuela

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  14. GRAÇA PIRES


    Um sorriso e um beijo

    Volta sempre

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  15. Olá Graça

    Lindo este poema, nele vejo uma aguarela de palavras, repleta de luz e cor.
    Gosto destes dias, destes crepúsculos...

    Bjs

    José

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  16. Pois você está sempre a deixar-nos com sede... de mais e mais poesia, especialmente a sua própria.
    Um abraço.

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  17. Uma narração poética, onde a tônica são os sentimentos que ensurdecemos, as perdas, a falta... pensamos nos bastar o dia, mas dormimos com sede.
    Belo poema, minha querida amiga. Bjos de teu amigo do Brasil.

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  18. Nem imagino como é saber ler as meninas dos olhos das aves.

    Beijos de admiração!

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  19. O silencio acalma, medita, conforta... As gaivotas um simbolo da liberdade!

    Beijinho de lua*.*

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  20. Sede de ler mais poesia nessa maré de sensibilidade.

    Beijo imenso, menina linda.

    Rebeca

    -

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  21. a sede de tantas coisas.

    um poema muito belo, assim como a foto escolhida.

    bom final de semana!

    beij

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  22. Um poema sóbrio

    enxuto,

    do quotidiano...

    Beijocas

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  23. bonito e salgado...

    abraço Graça

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  24. Sedes de quietude, de paisagens amenas, de silêncios inteiros. Lindo e inquietante poema, Graça. Obrigada.

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  25. As gaivotas e o mar sempre no topo da inspiração!

    Simples mas uma belíssima gota de orvalho poético!!!

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  26. ...e de quanta sede se fala, tanta vez, ainda que se adormeça junto,e
    mesmo quando as gaivotas não trazem ondas nos olhos!...

    Bj.
    Maria Mamede

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  27. teresa p.9:49 da tarde

    Há silêncios que nos inquietam e deixam uma enorme sede...
    Lindo o poema e também a foto!
    Beijo.

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  28. um haiku apenas um pouco maior do que o habitual...e belo!
    :)

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  29. ...aqui,
    neste teu canto poético,
    matam-se todas as sedes
    de belas poesias.

    bjs do Brasil

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  30. Graça, lindo poema, lindo o que escreves! O dia por si só, não se basta, não chega para saciar nossa sede!

    Tem uma bela semana.
    Bjs

    Sãozita

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  31. E que sede de gaivotas e de mar!
    Tanta, tanta, tanta...

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  32. sede de saciar as bocas...

    belíssimo.

    beijos

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  33. Me encanta a simplicidade dos teus versos, a beleza acometida da singeleza, assim são teus poemas, semelhantes as gaivotas! Beijo!

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  34. Belo olhar que diz o que se vai na alma.
    A sede...

    Com admiração,

    Cris


    Postei SONHOS www.cristinasiqueira.blogspot.com

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  35. Um livro Mágico que li de um fôlego!

    Muito grata pelo privilégio de me dar a ler toda a sua sensibilidade, Graça!

    Um grande Abraço cheio de carinho

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  36. Poema melancolicamente belo. Com solidão e cumplicidade das gaivotas no beiral da janela. Sede de quê?, não se consegue saber, por causa do barulho do mar. E não se vê, por causa da bruma e do fechamento do olhar. Um beijo, Graça.

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  37. Quando vou embora também fico com sede das tuas palavras.
    Excelente, como é teu hábito...
    Beijos, querida amiga.

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  38. :) Como escreveu Torga ...é " matar a sede...com água salgada"
    Lindo Graça
    Brisas frescas para si****

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  39. Belíssimo!
    abraços de água corrente

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