15.9.10

Faço do pensamento a muralha de um cais

Monet


Sempre foram fortuitas as palavras
na génese da utopia. Eu sei.
O exílio existe num quarto vazio de abraços,
quando a agonia pernoita
no interior aguado dos olhos.
Faço do pensamento a muralha de um cais.
Nos teus dedos vejo um mar
com um barco em primeiro plano.
O teu corpo, húmido aviso dos meus sentidos,
tece cumplicidades na minha língua.
Os nossos movimentos equivalem-se:
Ondulação lasciva. Labirinto de búzios.
Agasalho secreto.
Os teus olhos atónitos com o júbilo dos meus.


Graça Pires
De Conjugar afectos, 1997

52 comentários:

  1. Sempre em crescendo. Belíssimo!

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  2. muitoo, muito belo mesmo!
    ache muito suave e bonita a forma como escreves!!
    parabéns!!
    :)

    http://zonzobulando.blogspot.com/

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  3. Amiga Graça,

    que prazer eu tenho em ler-te! Este belo fragmento do livro Conjugar Afectos é a personificação do título. Lindo! Obrigada pela partilha. A ilustração de Monet é belíssima.



    Carinhoso beijo.

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  4. As muralhas...são sempre um impedimento...
    Beijo d'anjo

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  5. Se não fosse essas muralhas, como sobreviveríamos à partida dos barcos?

    Lindo!

    Abraço, Graça.

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  6. do anoitecer
    suspiro profundo
    no cais do prazer
    esqueço o Mundo


    lenbrei-te doces cançoes
    ainda bem
    sou feliz tanbem...
    semeio ilusôes

    beijos meus!!

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  7. Atónitos... e só o começo.
    Lindo!

    Beijo.

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  8. Cara Graça Pires;

    Poema de excelência.
    Aqui as palavras não são fortuitas; são de uma pujança e beleza poética tão belas, que nos obrigam a fazer uma agradável viagem através delas.
    É, para mim, um privilégio continuar a ler a sua poesia.
    Um grande abraço.
    Carlos Pereira

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  9. Olá Graça,
    reparo o quanto o mar invade os seus poemas, o quanto os seus poemas nos envolvem nas marés, nos segredos escondidos em cada concha.
    Um beijinho
    Helena

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  10. Os meus olhos atónitos com a força das tuas palavras.
    Gostei. Agradeço as palavras.
    bj
    Gui
    coisasdaveta.blogs.sapo.pt

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  11. Graça

    um poema de amor

    é uma certeza espantada
    no olhar do outro

    dos búzios
    dos barcos
    e da lã

    falaremos sempre depois!

    fazendo deste cais
    um pensamento,

    um beijo

    manuela

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  12. Fabuloso poema, querida amiga.
    Há 13 anos, a excelência já era a nota dominante na tua poesia.
    Beijos.

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  13. Preciosa e Estimada Poetiza Amiga:
    Os seus versos de fascínio já não surpreendem ninguém. São sublimes e maravilhosos.
    Um soberbo poema de sedução.
    Extraordinário. Pura beleza e pureza.
    Adorei.
    Beijinhos amigos sinceros pelo encanto expresso no meu blogue.
    Com respeito e admiração constante pela beleza poética que mora em si e no que concebe de deslumbre.
    Grato.

    pena

    Bem-Haja, doce poetiza de sonho.
    É magistral de talento.
    Parabéns.

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  14. Desculpa a pouca modéstia (porque o texto está estupendo) mas este texto poderia ser meu..........identifico-me totalmente com esta escrita

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  15. ...esta casa cheira a poesis,
    e das melhores, é claro.

    delícia estar aqui, e agradecendo
    a você pela doce visita.

    bj

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  16. Suave, terno, secreto....
    Belo....
    Adorei....

    Beijos e abraços
    Marta

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  17. Gosto tanto deste!
    Um cais cheio de luas e marés.
    :)

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  18. Belo!

    Como sempre!

    Beijinhos, amiga!

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  19. bonito e quente...

    abraço Graça

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  20. Estupenda imagem a de fazer do pensamento a muralha de um cais!!

    Abraço-te.

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  21. são fortuitas as palavras quando ficam muito aquém do escrito


    excelente


    .
    um beijo

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  22. Belíssimo, Graça. Uma leitura de muito prazer.
    Um beijo.

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  23. GRAÇA
    Um beijo em forma de poema.

    Foi bom passar por aqui e ver cor e beleza.

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  24. achei este poema como todos os da autora, muito bom e o final está sublime.

    um beijo de maresia

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  25. Para lá da muralha um mundo repleto de sentidos e imagens...
    Um mundo real na subjectividade dos sonhos!...

    Maravilhástico Graça!

    bjs e bom fim de semana!

    José

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  26. E eu atónito com a beleza do poema. Parabéns!

    Beijo :)

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  27. confesso que fiquei presa ao título que encerra um poema por si só. gostei muito, graça. um beijo e votos de bom fim-de-semana.

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  28. Tens, uma forma carinhosa de escrever
    Amei conhecer esse cantinho de belos poemas e textos...
    Te sigo com carinho, estarei sempre a visitar
    Abraços carinhoso
    Preciosa Maria

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  29. Praticamente acabamos de chegar, mas deixo meu carinho e um beijo cheio de saudade.

    Beijo imenso, menina linda.

    Rebeca

    -

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  30. É um prazer relancear o olhar por aqui.
    Um beijo.

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  31. Os teus textos
    são talhados com o fogo
    tal como as plantas florescem
    com o calor do sol.
    Eu, limito-me a guardar um suspiro
    do escultor de tão deliciosas palavras...


    BjO´ss
    AL

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  32. envolvente Poema.

    que da "génese da utopia" sobe a espiral do Desejo e a ondulação dos corpos...

    ... como barcos além do cais...

    belissimo.

    beijos

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  33. Oi Graça querida,

    é sempre um momento de reflexão e prazer vir aqui e apreciar seus textos... Belo escrito poético. Bj.

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  34. uma brisa poético em beleza e profundidade...

    beijinho,

    Véu de Maya

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  35. O exílio existe lá...num quarto vazio de abraços. Nesse quarto ficamos longe de nós próprios, com as nossas muralhas. Um belo poema, exacto...
    Um beijo

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  36. teresa p.9:04 da tarde

    "o exílio existe num quarto vazio de abraços,..."
    É lindíssimo este poema, como um cântico de Amor, íntimo e envolvente!
    A tela de Monet enquadra-se de forma perfeita!
    Beijo.

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  37. os quartos, na solidão, sempre costruim exílios... um poema belo e sábio,

    um beijo

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  38. Uma introdução linda!

    (O resto também... :)

    Há imagens que me tocam especialmente:
    "O exílio existe num quarto vazio de abraços,
    quando a agonia pernoita
    no interior aguado dos olhos."

    ou

    "Faço do pensamento a muralha de um cais.
    Nos teus dedos vejo um mar
    com um barco em primeiro plano."

    Um abraço.

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  39. Graça,
    emocionou-me mais uma vez.
    E tocou delicadamente as cordas da reflexão.
    Um abraço.

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  40. Vim à procura de mais
    E embati no teu cais
    Mas se do silêncio não sais
    Ainda te ponho aos ais...

    Desculpa a brejeirice...
    Beijos, querida amiga.

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  41. Um mar de afectos e sensações num soberbo poema. Belíssimo post.
    Bjito

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  42. "...O exílio existe num quarto vazio de abraços,
    quando a agonia pernoitano interior aguado dos olhos.
    Faço do pensamento a muralha de um cais."

    Que dizer perante estas palavras? Interiorizo-as e, como cão que lambe as cicatrizes, deixo-me absorver por elas… no meu próprio cais da Vida… enquanto aguardo por entre um "labirinto de búzios" que me seja devolvida a esperança do final do poema...

    Grata por este momento

    Um abraço

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  43. Graça, tus versos:'nos teus dedos vejo um mar', e meus versos: meus olhos devem ser farois de alguma ilha perdida... por que fazemos da imagem a pátria de nossa vida?
    Por que metaforizamos? Que estranho sortilégio, encantamento fazem-nos mergulhar neste labirinto da beleza?
    Belo poema, minha amiga, e não nos esqueçamos: a poesia nos liberta.
    Bjos.

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  44. da solidão à utopia, ao sonho do amor, versado em sensualidade e pleno de emoções e imagens de mar.
    lindo!
    beijinho.

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  45. Faço do pensamento a muralha de um cais.


    a excelência de um verso que se repercute ao longo do poema


    .
    um beijo

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  46. AMEI, como sempre!
    E concordo que há pr'aí tantos exílios escondidos, uns bons e outros maus evidentemente, consoante o que a presença dos olhos nos dá a conhecer.
    Bjs. Graça e Parabéns...é impossível não me repetir.
    Maria Mamede

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  47. Belo poema, Graça, sempre as metáforas inusitadas a serviço de uma percepção sensorial que nos abre a porta do júbilo secreto.
    Grande abraço, minha querida amiga.

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  48. um mar de sentires...seus...
    lindo
    brisas doces para si****

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