22.9.10

Sou habitante da cidade

Gérard Castello Lopes



Sou habitante da cidade, como os pombos
que esvoaçam a esperança de lés a lés.
Sou habitante da cidade,
como todos os sobreviventes
do cansaço ritmado dos horários.
As ruas esvaziam-se.
Um som sufocado de baladas protege
os culpados das ruínas do outono.
Em vão me iludo
com a claridade da cidade desperta.
Ninguém chora a noite
depois da passagem dos barcos
pelo olhar das pessoas desprevenidas.

Graça Pires
De Outono: lugar frágil, 1994

49 comentários:

  1. "...Em vão me iludo com a claridade da cidade desperta.
    Ninguém chora a noite..."

    Esta sensibilidade que me toca o coração...

    Deixo um beijo com o carinho da minha Amizade

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  2. Amiga Graça,

    um poema urbano excelente! São sempre excelentes as suas partilhas. Obrigada.

    Carinhoso beijo.

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  3. Abençoadas as pessoas desprevenidas. Um beijo

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  4. eu gosto de olhar olhares..

    amanheceres

    romper do sol


    um beijo amiga

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  5. Cara Graça;

    Belo poema; num exercício contemplativo de grande beleza estética ao quotidiano da urbe.
    Gostei bastante.
    Um forte abraço.

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  6. A cidade

    o tal pulmão que respira

    nas tuas palavras

    de sempre

    Bj

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  7. depois da passagem dos barcos

    é quando a cidade
    sente falta de nós

    que não deixem sós
    os habitantes das esquinas
    e do medo

    Sou amante da cidade no Outono, da minha

    quase tão bela como o seu poema,
    que vejo impresso na mais dourada das folhas!

    um beijo

    manuela

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  8. Que continues sendo habitante da cidade da poesia, linda.
    Um abraço grande.

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  9. Estimada e Preciosa Poetiza Amiga:
    Um Habitante da cidade, feito por mãos poéticas de beleza imensa.
    Parassem mágicas.
    "...Sou habitante da cidade,
    como todos os sobreviventes
    do cansaço ritmado dos horários.
    As ruas esvaziam-se..."

    Linda e perfeita no seu versejar extraordinário e de fascínio.
    Adorei. Fabuloso.
    A poesia nasceu consigo. Sim! Tenho a certeza absoluta.
    No maior encanto por este momento poético sublime.
    Beijinhos amigos de parabéns.
    Sempre a respeitá-la e a admirá-la.

    pena

    MUITO OBRIGADO pela simpática visita ao meu blogue que gostei muito.
    Bem-Haja, notável poetiza de sonho.
    É Fantástica!

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  10. Maravilhoso teu olhar para a cidade. E esse título - Outono Frágil - é de dar inveja.

    Beijo, Graça querida.

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  11. Suave olhar sobre a cidade,neste outono frágil. Adorei.

    Um grande bejinho

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  12. Nem sempre se dá conta de que o tempo passa...
    E não se chora na noite apenas porque o dia acabou....
    Envelhecemos com a cidade....
    Brilhante...
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

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  13. Sempre uma intensidade em suas palavras que me comove, fica uma balbúrdia dentro de mim.

    Beijo, grande moça!

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  14. Gostei,como sempre, Graça.

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  15. Graça,

    Suas palavras sempre compõem intensidade pura.

    Beijo imenso, menina linda.

    Rebeca

    -

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  16. Graça

    Hoje ao ler os comentários no meu blog tinha um muito real que dizia...
    ... isto não era poesia
    assinava uma amiga mas...anónima.

    Claro que anónimo para mim é cobardia por isso arrisco a deixar um poema que eu gosto particularmente...

    Um beijinho GRANDE

    INFINITO


    Longe muito longe...
    Tentei ir, cheia de dor...
    Para te esquecer...
    E fui contemplar-te a ti, mar...
    Mar, que tudo levas e tudo trazes...
    E olhei-te com dor...
    Com muita dor...
    E pensei dar-te o que mais me doía...
    E serenamente...
    Olhei, pensei e doei...
    Doei-te tudo o que tinha...
    E baixinho pedi-te que me levasses...
    Todos os sentimentos...
    Que estavam a mais...
    E senti...
    A sensação de ser livre...
    Senti que estava mais eu...
    Mas vim e foi mentira...
    Os sentimentos não se deitam ao mar...
    Nem se atiram às ondas...
    Estavam à porta de casa...
    À minha espera...
    Porque... quando são verdadeiros...
    São eternos!...

    LILI LARANJO

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  17. Somos todos sobreviventes de alguma cidade...

    Belíssimo, o poema...

    Um beijo

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  18. Graça, obrigado pela sua visita...
    Vou seguir o seu conselho...

    Quanto a este seu poema...pessoalmente gosto imenso!
    Cheio de imagens fílmicas.
    Se o Fritz Lang o lesse...acredite que daria talvez uma curta-metragem...porque é uma sinopse impar!!!!
    Algo de Metropolis...do mesmo Fritz L.
    Atualíssimo.

    Beijo

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  19. um poema que retrata bem a cidade e tudo o que a move, e a nostalgia do outono.

    com a sensibilidade impressa em cada estrofe.

    admiradora da sua escrita deixo um

    beij

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  20. Foi bom estar aqui e percorrer
    a poesia inserida.
    Saudações/Irene

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  21. ...nem todos os habitantes
    urbanos conseguem extrair
    poesia entre as pedras.

    e você tão lindamente o fez aqui!

    parabéns!

    bj, linda!

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  22. Fica-se a pasmar...
    no reboliço do fim da tarde
    na cidade
    fora do ritmo
    desencontrado
    a olhar
    o amarelado
    encanto
    dum recanto
    junto ao rio

    Olhar disperso
    contemplativo
    alheado

    Saboreio o momento
    passa o tempo...

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  23. Aqui estou de novo para agradecer
    seu comentário.
    Bj/Irene

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  24. também sou habitante da cidade...

    (muito bonito)

    abraço Graça

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  25. Que lindas imagens! Que harmonia nas palavras, na fonética, na sintaxe!
    Somos todos "habitantes da cidade" - ai de quem o não seja!
    Uma vez mais, que lindo poema!

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  26. O amor nasce de um beijo, cresce de um sorriso, alimenta-se de um carinho e ressuscita de um perdão."
    Uma boa semana
    Bjs com carinho

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  27. Habitante da cidade, em claridade e escuro, meu coração de breu sob o teu néon...

    Sim, todos choram a noite, à noite...

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  28. Meu coração de breu sob o céu de néon. Choro, sim, a noite e às noites, toda a claridade do chegar do dia...

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  29. Um sentimento que se esvazia no recolher da luz, o convite ao recolhimento introspectivo...
    Belo! Como sempre, Graça.

    Beijo :)

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  30. Urbano é falso e o mais verdadeiro sobre nós mesmos.

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  31. " Sou habitante da cidade, como os pombos
    que esvoaçam a esperança de lés a lés.
    Sou habitante da cidade,
    como todos os sobreviventes
    do cansaço ritmado dos horários.
    As ruas esvaziam-se."
    E qd elas se esvaziam o que fica a não ser o cansaço, a melancolia e quantas quantas o vazio dentro de nós!?
    Poema que pincela com crueza a vida que levamos prisioneiros anos e anos na cidade...
    Gostei muito, muito.
    Beijo

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  32. teresa p.8:33 da tarde

    "Sou habitante da cidade, como os pombos que esvoaçam a esperança de lés a lés."
    Um começo fabuloso, num poema que, através de belíssimas imagens, nos faz sentir verdadeiros habitantes da cidade...
    Beijo.

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  33. choro
    quando desprevenidamente deixo zarpar os barcos na noite
    quando no mar se adentram para não mais ao cais voltarem
    quando as suas velas se despendem e o olhar se perde em terra
    e quando tu chegas se decidi partir


    um beijo, graça

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  34. sinto-me sempre desprevenida ao lê-la. como se fosse sempre novo o enlaço das suas palavras. é bom habitar este olhar. um beijinho grande, graça.

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  35. "ninguém chora a noite..."

    quem da noite fará cristal aceso?

    belíssimo.

    beijos

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  36. a cidade como lugar de sobrevivência, de algum sufoco ao ritmo de horários determinados, de algum cansaço sob uma claridade ilusória, cansaço que mal permite o extravasar das emoções quando a noite chega. mas também lugar de esperanças, de sonhos de voos como as aves.
    sempre belo como todos os teus poemas, Graça. beijo grande.

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  37. não comento a excelência




    .
    um beijo

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  38. habitar a cidade, a eterna ambiç~ao, gostei muito do poema, com essa temática t~ao próxima...

    um beijo

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  39. A cidade-lugar. A cidade sofrida e sobreviva. A cidade que também somos.

    A cidade construída no teu olhar de versos.

    Sempre POESIA.

    Um grande abraço, Amiga.

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  40. Seus poemas são singulares, Graça. Apresentam poesia de alto nível.

    Obrigada pelas visitas e pelos comentários perspicazes.

    Beijos,
    Lou

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  41. Graça, a saudade fez-me vir mal pude ao teu espaço, passei este amanhecer a ler-te...e como saio feliz! Como estás amiga? Um beijo de carinho grande

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  42. Desnecessário, mas util e precioso será dizer que as tuas composições tem muita qualidade. Gosto dessas embarcações..

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  43. e a cidade ganha outra cor e brilho pela mão das suas palavras.
    abraço

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  44. Uma outonal solidão perpassa todo o poema.
    Muito belo.
    Bjs. Graça
    Maria Mamede

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  45. Sente-se uma solidão confusa, só as palavras dão abrigo ao habitante da cidade.

    Um grande beijo

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  46. lindíssimo poema Graça.
    Como os pombos é livre,

    beijinho

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  47. "Ninguém chora a noite
    depois da passagem dos barcos"

    Excelente Graça! Não é só poesia escrita é também poesia pintada.

    Bjs e boa semana!

    José

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  48. e fiquei a olhar estas palavras...lindo Graça...lindo*

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