Manuel Fazenda Lourenço
Ela abria as mãos sobre as pedras e ouvia
o som da água na margem das encostas.
Conhecia o voo dos pássaros aninhados
na trepadeira da latada e o reflexo da luz
escondida na chuva das manhãs.
Lavrara o campo, eito a eito,
com o corpo aguçado de paixão.
Um dia, ao acordar, sentiu que as nascentes
lhe mirravam no rosto.
Por toda a parte as fendas da sede sulcavam o chão.
Nunca mais foi vista.
Enlouquecida anda de terra em terra
o som da água na margem das encostas.
Conhecia o voo dos pássaros aninhados
na trepadeira da latada e o reflexo da luz
escondida na chuva das manhãs.
Lavrara o campo, eito a eito,
com o corpo aguçado de paixão.
Um dia, ao acordar, sentiu que as nascentes
lhe mirravam no rosto.
Por toda a parte as fendas da sede sulcavam o chão.
Nunca mais foi vista.
Enlouquecida anda de terra em terra
à procura das fontes,
com um punhado de lama enrolado em cada pulso.
Graça Pires
De Saudade: revista de poesia, nº 12, Jun 2010. Organ. de Amadeu Baptista
com um punhado de lama enrolado em cada pulso.
Graça Pires
De Saudade: revista de poesia, nº 12, Jun 2010. Organ. de Amadeu Baptista
sempre a qualidade inegavel de como se faz poesia.
ResponderEliminargostei muito, tanto do poema como da foto que o acompanha.
um beij
Trágico e belo...
ResponderEliminarÉ quando sabemos que nos enlouquece a espera sem esperança.
Obrigada
Um beijo
Admirável Poetiza Amiga:
ResponderEliminarUm delicioso poema que nos remete para as gentes sofridas de origem campestre.
Com beleza e gigantesco sentir, o seu!
Já me tinha lembrado de si?
Cria "explosões" de poesia fascinante a quem passa aqui. E, isso, é bem maravilhoso e bem merecido para si.
MUITO OBRIGADO pela linda visita.
Adorei a sua poesia que nos traz hoje, pelo hino rural pertinente digno de emoção e sentimento.
Parabéns.
Abraço amigo de parabéns.
Com respeito.
Sempre a admirá-la e ao que confecciona com carinho e dedicação sublimes e perfeitas.
pena
Adorei.
Bem-Haja, poetiza de sonho.
Grça,
ResponderEliminaresse trecho "Enlouquecida anda de terra em terra à procura das fontes,
com um punhado de lama enrolado em cada pulso." reforça toda urgência do poeta para extrair do branco papel o poema. Sempre perambulamos à espreita.
Foi uma de suas melhores postagens: imagem e poema se completam.
Abraços!
A secura é uma lepra destrutiva e dura.
ResponderEliminarBeijinhos.
E não será essa loucura a melhor das fontes?
ResponderEliminarfontes de prazer..
ResponderEliminarem noite escura
agua quero beber...
sacia minha secura
adoro teus poemas tuas paalavras..
me enobreces
beijos!!
A fonte pode até secar, mas a busca irriga o caminho.
ResponderEliminaraté mais.
Jota Cê
Quando as fontes em nós se secam, podem dizer-nos loucos.
ResponderEliminarLINDO!!
Beijo, Graça.
Que coisa tão nostalgicamente bela, Graça; Obrigada!
ResponderEliminarÉ sempre um momento muito especial visitá-la. É de fontes como esta que gosto de beber.
Bjs.
M.M.
O retrato fiel da beleza pungente do desespero. Belíssimo poema, Graça.
ResponderEliminarBeijo grande.
Graça
ResponderEliminareu sei
porque é que ela nunca mais foi vista!
a sede é profunda
depois de tanta água
e enfeito os meus pulsos com pulseiras de terra sulcada
e continuo à procura das fontes
um beijo
Manuela
Sem que saiba exactamente o que se procura....
ResponderEliminarLindo....
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
À procura de fontes, porque o mundo, por vezes, deixa de bastar...
ResponderEliminarUm abraço
Belo poema.
ResponderEliminarFaz a gente lembrar que, de certo modo, também andamos assim... com uma sede indefinida, em busca de não sei quais fontes...
ah, você sempre me transporta em seus versos; que hei-de fazer?
Um abraço.
Tempo de recolher?
ResponderEliminar:)
Um poema muito bonito e não me importo da simplicidade desta expressão porque este é um poema bonito...
ResponderEliminarBeijo Graça.
Excelente.
ResponderEliminarNão tenho mais palavras.
Creio que não me engano se disser que fazes a melhor poesia que conheço na blogosfera.
Um beijo, querida amiga.
anda de terra em terra, sorvendo os ventos e lavrando a sede. da terra...
ResponderEliminarem sua loucura lúcida...
belíssimo.
beijos
já tinha saudades de te ler, mas espero agora passar mais vezes. encontro este poema lindíssimo, porque sempre são lindos os teus poemas ainda que digam da dor ou da loucura de quem perde de repente o objecto da sua vida; além de, mais uma vez, revelares a tua sensibilidade face a realidades sociais e, neste caso, de gente do meio rural.
ResponderEliminarum beijo grande.
Graça,
ResponderEliminaré de uma riqueza este texto! Impecável. Obrigada.
Carinhoso beijo, poeta.
O despertar doloroso para a efemeridade das coisas...
ResponderEliminarPor aqui a poesia é sempre autêntica!
Beijo :)
Este poema é uma belíssima metáfora que nos alerta para o risco que a terra corre de secar, porque a água é um bem escasso...
ResponderEliminarA foto ilustra muito bem este grave problema.
Gostei muito!
Beijo.
Belo texto poético num encantador lirismo... Bj com carinho Graça.
ResponderEliminarGraça,
ResponderEliminarEste poema é lindo. Revejo parte da minha vida na sua leitura.
Beijos
Minha querida
ResponderEliminarum belo momento de inspirada poesia...tocante.
Adorei.
Beijinhos com carinho
Sonhadora
Sempre bom beber as suas palavras...
ResponderEliminarQuem sabe...se na procura das fontes...encontra a nascente...que bom que era...
brisas doces************
Uma excelente imagem repleta de movimento, luz, cor e som. Uma lucidez primaveril das fontes que, tragicamente secam enlouquecendo os olhos impotente da demora...
ResponderEliminarPor vezes procura-se fora o que está dentro de nós!...
Bjs Graça, e parabéns pela excelência!
José
É um poema maravilhoso, acompanhado de uma fotografia soberba. Não digo mais nada para não estragar tanta beleza. Beijinho grande.
ResponderEliminarA loucura é secura de nossas fontes, a ausência de nossas referências com o estado natural de nossos instintos e emoções. Às vezes nos sentimos assim, sem parâmetros. E vagamos como a enlouquecida do poema. E a poesia, a arte, benditas, nos reabrem as portas de percepção mais profunda, e retomamos o diálogo interrompido de nós para conosco, de nossos eus.
ResponderEliminarUm beijo, minha amiga.
terminadas as férias ,e o tempo de "jibóiar" ,retomo a leitura diária dos blogues do meu contentamento .nem sempre comento ( como sabes ) mas todos os dias retenho algo novo ....
ResponderEliminar...e ,mais uma vez ,sem engano ,fico presa à leitura deste excelente poema
.
um beijo
toda viagem procura uma fonte, talvez não por causa da sede, senão pelo precisar de claridade...
ResponderEliminarbelo poema,
um beijo
Os meus parabéns pelo poema e imagem. Excelente. Triste e belo!
ResponderEliminarBjito amigo
Graça,
ResponderEliminarela espelha a lama, a loucura q nos incomoda.bj
o som de água nas margens,
ResponderEliminaras pedras com palavras...
e ela, sempre inspirada.
abraço Graça
Vim à procura de novas fontes...
ResponderEliminarQuerida amiga, saio daqui cheio de sede... mirrado... da tua poesia...
Um beijo meu em cada pulso teu (apeteceu-me brincar com as tuas palavras...).
Graça,
ResponderEliminarPungente retrato falado da Nômade que mal sente o chão que pisa.
Um beijo.
Os sons, as luzes e o mundo
ResponderEliminarPaixões da mente e do corpo
Um dia os olhos secam
O coração vira mosaico
A loucura da sede e da fome se dá
E a memória na pele nos avança
me identifico muito com o que escreve
Belíssimas palavras!
ResponderEliminarquando o vermelho das papoilas irradia luz
ResponderEliminare do agreste chão suge, súbita, a garganta gretada da sede, enlouquece-se. com gritos de fêmea enrolados no pulso.
_____ que belo poema, querida Graça.
beijos