17.2.12

Ausências sem rosto

Magritte

Entre o culto da lua e um estranho ódio,
cresce uma noite de lendas e feitiços
e deflagra um luar íntimo
em busca da conivência do corpo
para embalar a nudez e o mênstruo das fadas
rompendo o céu da boca com o brilho dos olhos.
O deleite de muitas águas
atravessa ausências sem rosto,
enquanto uma nítida cumplicidade
converge sobre as mãos interditas
de quem envelhece longe do rio.

Graça Pires
De Conjugar afectos, 1997