Passou por aqui um poeta: inquieto,
polémico, subversivo.
Com a noite entrincheirada nos dedos,
engatilhou as letras contra os lábios,
até acender, preso ao coração,
o lume das palavras.
Peregrino de memórias solidárias
saltou os muros do tempo em que viveu,
com pressa de estar entre os homens
no tempo da revolta.
Hoje as palavras pertencem-lhe,
intactas, por direito próprio,
humanamente adquirido.
O silêncio também.
Graça Pires
De Reino da lua, 2002