Agnieszka Motyka
Antes que as andorinhas em debandada
levem pelo ar o cheiro maduro da fruta,
os homens entoam a colheita do pão
enquanto as mulheres sangram devagar
os segredos do corpo na fissura do ventre.
O calor despenhado sobre os taludes
vai secando as ervas onde se ocultam
as centopeias e as aranhas que as crianças
perseguem com galhos impiedosos.
No vínculo indelével do futuro ignoramos,
contudo, a validade do tempo que se esquiva
da morte atravessando a boca dos dias
com a margem de erro presa à eternidade.
Graça Pires
In: Clepsydra: antologia poética. Coord. Gisela Gracias Ramos Rosa. Lisboa: Coisas de Ler, 2014
Sublimes... estas marcantes palavras sobre a nossa existência... que realmente é uma pequena margem de erro, presa à eternidade, como a Graça tão bem afirma!...
ResponderEliminarTexto brilhante... com um fantástico suporte de imagem...
Sempre um prazer, descobrir cada novo post, por aqui!
Beijos!
Ana
Beleza sempre em tuas poesias ,tão intensa, lindas! bjs, chica e ótimo dia!
ResponderEliminarque bonito...
ResponderEliminarLinda!!!!!!!! Abençoada quinta - feira!!!!! Bjksssss
ResponderEliminarTalvez, como o poema, sejam os graciosos voos das andorinhas os arautos da eternidade.
ResponderEliminarBeijos
E tantas coisas ignoramos...
ResponderEliminarExcelente poema, como sempre.
Graça, tenha um bom fim de semana (está perto...).
Abraço poético.
Densidade e beleza em palavras tão profundas, Graça!
ResponderEliminarA vida é simples e complexa ao mesmo tempo...
Um abraço...
O tempo que se perde....em que se ignora a Vida...
ResponderEliminarE esta é só um momento...
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
Amiga Graça:
ResponderEliminarUm poema que tanto diz sobre a efemeridade da vida.
A foto de Agnieszka Motyka é linda !
Um beijinho
Fê
Bela poesia
ResponderEliminarCanal:https://www.youtube.com/watch?v=EgeQXJjUpSQ
Blog: http://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br
A beleza de uma fantástica poesia , ultrapassando o efêmero do tempo
ResponderEliminarBeijinho Graça !
Olá! Uma filosófica poesia, de fazer repensar o quanto o tempo é valoroso! abração
ResponderEliminarSomos rio percorrendo por entre margens de aerros.
ResponderEliminarCadinho RoCo
No embalo da tua fina
ResponderEliminarÀs vezes é preciso acordar o silêncio da memória
Ou esperar pelo adormecimento inadiável
Com o gesto sereno e demorado da ternura
Com o acordar do amor rompendo o improvável
Passei para te desejar um radioso fim de semana
Doce beijo
Um poema muito profundo que diz tanto da vida.
ResponderEliminarBeijinhos e bom fim de semana
Belo seu poema!Graças por a entrar!
ResponderEliminarMaria luísa
Ignoramos a margem de tempo e não será essa nossa fase de Homem-Imortal que nos ajuda no dia-a-dia?
ResponderEliminarO tempo corre depressa rumo ao desconhecido.
ResponderEliminarTemos que ser felizes!
Não há um momento sequer à ser perdido.
Que lindo poema Graça!
Beijos, tudo de bom!
Mariangela
intenso e profundo, o tempo não é nosso, nós é que pensamos que é.
ResponderEliminarmuito bem escolhida a foto da Agnieszka Motyka.
bom fim de semana.
beijo
:)
Querida Graça, o poema dispensa comentário, natureza, tempo, vida, sentimentos misturam-se. A imagem, de tirar o fôlego. Combinação perfeita.Abraço.
ResponderEliminarLindo Bjbj Lisette.
ResponderEliminarProfundamente intenso... e incessante!
ResponderEliminarBeijo.
Assim se firma a finitude dum tempo
ResponderEliminarquando o sangue já
não se fixa às raízes
e as daninhas se espalham
na precipitação do ocaso
Não ao acaso
BFS
Graça
ResponderEliminarImpossível não beber cada uma de tuas palavras. Sempre.
E nesta infindável floresta que é esta blogosfera, tua
frescas e verdejantes folhas se destacam na paisagem.
Parabéns! E grato por tua atenção,,,
Bom dia,Graça.
ResponderEliminarDe fato,esse tempo de mistério e terrores acaba existindo e cumprindo o seu ciclo, mas certamente um novo onde haverá luz e borboletas se aproximará.
Parabéns pela beleza e intensidade do poema.
Beijos na alma e lindo fim de semana de paz.
http://www.recantodasletras.com.br/poesiasdeamor/5372995
Vivamos então cada vão momento sem se preocupar com o tempo e com as margens de erro!!!
ResponderEliminarBjussssssssssss
a subtil perturbação do erro
ResponderEliminara imiscuir-se na moldura do tempo. (in)certo.
belíssimo.
("invejo-te" este poema rss)
beijo, Graça.
lindíssimo, querida Graça! fiquei encantada com estas palavras... beijinhos enormes
ResponderEliminarQue poesia!
ResponderEliminarEterna.
Um abraço para si Graça.
O título lindo (inspirador) acompanhado da imagem encantadora
ResponderEliminare o poema numa excelência que nos paralisa diante da
profundidade filosófica e a beleza imagética.
Bravo!!
Beijo, Graça.
Olá, Graça
ResponderEliminarMeu Deus, que pasmo de assombro diante desta sua criação, Graça. Soberbo resumo de nossa existência, a que imprimiu poesia.
"...o tempo que se esquiva da morte" - o tempo todo, neste mesmo momento, ao nosso lado, do outro lado da rua, do outro lado do mundo, mesmo quando não damos fé.
Tenha um bom domingo,
um bjo amg
Magnifico poema.
ResponderEliminarO tempo passa inexoravelmente por todos nós.
Beijinhos
Maria
O simbolismo das palavras, que em metáforas poéticas representam a vida do primeiro ao último segundo...
ResponderEliminarAdiar a morte será sempre o grande objectivo do ser humano!!
Maravilhoso como sempre Graça.
Beijinho meu
Oi amiga, Graça Pires !
ResponderEliminarQuantos segredos, insinuados neste texto,
chegam aos meus olhos, pela tua sutileza
literária.
Parabéns e um carinhoso abraço, aqui do
Brasil.
Sinval.
Ah, isso é lucidez, Graça...
ResponderEliminarTão bom ler-te!
Um beijinho :)
...a eternidade é um fio de seda atado a um bocado de maresia, é isso que é...
ResponderEliminarum beijinho
Wonderfull poesia, Kiss, happy weeek.
ResponderEliminarMinha amiga
A vida efémera simbolicamente delineada...É tão enriquecedor olhar o que nos rodeia através de seu sentir!
Belo poema.
Beijo com carinho,Graça.
Não foi fácil para mim escrever um comentário a esta espantosa reflexão ou descrição do sentido e natureza do tempo, que na forma de poema a Graça partilhou com todos aqueles que a lêem, sempre deslumbrados.
ResponderEliminarFaltaram-me as palavras e o talento, e fui a um jardim alheio colher uma flor que me pareceu à altura do seu poema e da belíssima imagem que o acompanha.
Jorge Luís Borges escreveu um dia um texto a que chamou "Nova Refutação do Tempo", que vou aqui reproduzir, em tradução minha do castelhano:
«O tempo é um rio que me arrebata, porém eu sou o rio; é um tigre que me destroça, porém eu sou o tigre; é um fogo que me consome, porém eu sou o fogo. O mundo, desgraçadamente, é real; eu, desgraçadamente, sou Borges.»
Olá Graça ,
ResponderEliminarMais um Excelente Poema !
Vivemos invariávelmente presos a uma margem de erro enlaçada com a eternidade ...
Um beijinho
Luis Sousa
Um poema excelente sobre o fim do Verão e sobre o tempo das colheitas. Termina de uma forma muito filosófica evocando "a validade do tempo que se esquiva
ResponderEliminarda morte atravessando a boca dos dias com a margem de erro preso à eternidade"
É tão profundo, belo e completo que me deixa sem palavras.
Beijo.
Excelente!
ResponderEliminarHá imagens de uma beleza profunda e madura, como por exemplo:
«as mulheres sangram devagar
os segredos do corpo na fissura do ventre»
Beijo, Graça
Demorei para vir Agradecer
ResponderEliminarSUA Mensagem Tão carinhosa pelo
meu aniversario.
Fiquei muito feliz com SUAS Palavras
è sempre a Maior prova da SUA amizade.
Por vezes NÃO conseguimos Visitar
Nossas Doces amizades,
mas Não Por Esquecer um Riqueza conquistada
durante tantos anos.
De Coracao te agradeço.. Uma semana Abençoada.
Beijos no Coração. Evanir PS:
deixei na postagem um premio for
Seu gosto e Vontade ofereço com Muito carinho.
Belíssimo!
ResponderEliminarA morte é a única certeza... os dias passam, muitas vezes despercebidos em brincadeiras de criança, colheitas, ciclos... e quando vemos a vida se foi...
Adorei!
Abraços esmagadores e lindo dia, com muita inspiração!
Boa tarde, o inesperado faz parte da vida, tudo por acontecer a qualquer momento, só a morte é certa.
ResponderEliminarAG
Muito belo, os dias vão passando entre esquecimentos, e quando vemos a morte nunca parece ser esquecer.
ResponderEliminarAbraços,
Gaby.
Que belo e intenso poema! A morte termina sendo a única certeza nesse mundo tão incerto de todo nós.
ResponderEliminarBeijos Graça
http://simplesmentelilly.blogspot.com.br/
Excelente poema....
ResponderEliminarCumprimentos
BELÍSSIMO...
ResponderEliminarbeijinho.
Os ciclos telúricos e o acasalamento da Humanidade a esses ciclos, serão eternos.
ResponderEliminaros homens apenas estarão de passagem. Gostei imenso desta abordagem.
Bjo, Graça :)
Boa tarde Graça,
ResponderEliminarUm poema belíssimo com a marca do seu brilhante olhar sobre a vida e a sua efemeridade.
De uma sensibilidade e beleza muito tocantes.
Beijinhos,
Ailime
Lindo poema do senhor de tudo, que nos leva pelos braços desde o nascimento ao encontro final, que assiste-nos no intervalo onde tudo pode nos acontecer.
ResponderEliminarBom mesmo é estar no tempo.
Uma bela obra amiga.
Abraços.
Bju no coração.
Somos mesmo uma pequena margem de erro... presos temporariamente a uma eternidade...
ResponderEliminarE afinal é isso que nos torna humanos... pelo menos a alguns...
Palavras fascinantes... que dizem tudo...
Mais um extraordinário poema, Graça!
Beijinhos
Ana
Muitas vezes só contamos com a esperança da eternidade para convivermos com as agruras do tempo e ou dos tempos. Divino poema. Um grande abraço. Causou-me arrepios ao ler, não sei se consegui formar um pensamento adequado para comentá-lo a altura.
ResponderEliminarAntes que a vida vire futuro
ResponderEliminare o presente já não seja uma prenda.
Antes que o sol se ponha
e as mulheres esqueçam o dar à luz.
Antes que tudo seja já passado,
volta-te e beija o poente,
que as flores aninhem
o teu poema
e as tuas mágoas virem nuvens.