10.9.15

A margem de erro presa à eternidade

Agnieszka Motyka

Antes que as andorinhas em debandada 
levem pelo ar o cheiro maduro da fruta, 
os homens entoam a colheita do pão
enquanto as mulheres sangram devagar
os segredos do corpo na fissura do ventre.
O calor despenhado sobre os taludes 
vai secando as ervas onde se ocultam
as centopeias e as aranhas que as crianças
perseguem com galhos impiedosos.
No vínculo indelével do futuro ignoramos,
contudo, a validade do tempo que se esquiva
da morte atravessando a boca dos dias
com a margem de erro presa à eternidade.

Graça Pires
In: Clepsydra: antologia poética. Coord. Gisela Gracias Ramos Rosa. Lisboa: Coisas de Ler, 2014

55 comentários:

  1. Sublimes... estas marcantes palavras sobre a nossa existência... que realmente é uma pequena margem de erro, presa à eternidade, como a Graça tão bem afirma!...
    Texto brilhante... com um fantástico suporte de imagem...
    Sempre um prazer, descobrir cada novo post, por aqui!
    Beijos!
    Ana

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  2. Beleza sempre em tuas poesias ,tão intensa, lindas! bjs, chica e ótimo dia!

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  3. Linda!!!!!!!! Abençoada quinta - feira!!!!! Bjksssss

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  4. Talvez, como o poema, sejam os graciosos voos das andorinhas os arautos da eternidade.
    Beijos

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  5. E tantas coisas ignoramos...
    Excelente poema, como sempre.
    Graça, tenha um bom fim de semana (está perto...).
    Abraço poético.

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  6. Densidade e beleza em palavras tão profundas, Graça!
    A vida é simples e complexa ao mesmo tempo...
    Um abraço...

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  7. O tempo que se perde....em que se ignora a Vida...
    E esta é só um momento...
    Lindo...
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

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  8. Amiga Graça:
    Um poema que tanto diz sobre a efemeridade da vida.
    A foto de Agnieszka Motyka é linda !

    Um beijinho

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  9. Bela poesia
    Canal:https://www.youtube.com/watch?v=EgeQXJjUpSQ
    Blog: http://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br

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  10. A beleza de uma fantástica poesia , ultrapassando o efêmero do tempo
    Beijinho Graça !

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  11. Olá! Uma filosófica poesia, de fazer repensar o quanto o tempo é valoroso! abração

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  12. Somos rio percorrendo por entre margens de aerros.
    Cadinho RoCo

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  13. No embalo da tua fina


    Às vezes é preciso acordar o silêncio da memória
    Ou esperar pelo adormecimento inadiável
    Com o gesto sereno e demorado da ternura
    Com o acordar do amor rompendo o improvável

    Passei para te desejar um radioso fim de semana

    Doce beijo

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  14. Um poema muito profundo que diz tanto da vida.

    Beijinhos e bom fim de semana

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  15. Belo seu poema!Graças por a entrar!

    Maria luísa

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  16. Ignoramos a margem de tempo e não será essa nossa fase de Homem-Imortal que nos ajuda no dia-a-dia?

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  17. O tempo corre depressa rumo ao desconhecido.
    Temos que ser felizes!
    Não há um momento sequer à ser perdido.
    Que lindo poema Graça!
    Beijos, tudo de bom!
    Mariangela

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  18. intenso e profundo, o tempo não é nosso, nós é que pensamos que é.
    muito bem escolhida a foto da Agnieszka Motyka.
    bom fim de semana.
    beijo
    :)

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  19. Querida Graça, o poema dispensa comentário, natureza, tempo, vida, sentimentos misturam-se. A imagem, de tirar o fôlego. Combinação perfeita.Abraço.

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  20. Profundamente intenso... e incessante!

    Beijo.

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  21. Assim se firma a finitude dum tempo
    quando o sangue já
    não se fixa às raízes
    e as daninhas se espalham
    na precipitação do ocaso
    Não ao acaso

    BFS

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  22. Graça
    Impossível não beber cada uma de tuas palavras. Sempre.
    E nesta infindável floresta que é esta blogosfera, tua
    frescas e verdejantes folhas se destacam na paisagem.
    Parabéns! E grato por tua atenção,,,

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  23. Bom dia,Graça.
    De fato,esse tempo de mistério e terrores acaba existindo e cumprindo o seu ciclo, mas certamente um novo onde haverá luz e borboletas se aproximará.
    Parabéns pela beleza e intensidade do poema.
    Beijos na alma e lindo fim de semana de paz.


    http://www.recantodasletras.com.br/poesiasdeamor/5372995

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  24. Vivamos então cada vão momento sem se preocupar com o tempo e com as margens de erro!!!

    Bjussssssssssss

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  25. a subtil perturbação do erro
    a imiscuir-se na moldura do tempo. (in)certo.

    belíssimo.

    ("invejo-te" este poema rss)

    beijo, Graça.

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  26. lindíssimo, querida Graça! fiquei encantada com estas palavras... beijinhos enormes

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  27. Que poesia!

    Eterna.

    Um abraço para si Graça.

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  28. O título lindo (inspirador) acompanhado da imagem encantadora
    e o poema numa excelência que nos paralisa diante da
    profundidade filosófica e a beleza imagética.
    Bravo!!
    Beijo, Graça.

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  29. Olá, Graça
    Meu Deus, que pasmo de assombro diante desta sua criação, Graça. Soberbo resumo de nossa existência, a que imprimiu poesia.
    "...o tempo que se esquiva da morte" - o tempo todo, neste mesmo momento, ao nosso lado, do outro lado da rua, do outro lado do mundo, mesmo quando não damos fé.

    Tenha um bom domingo,
    um bjo amg

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  30. Magnifico poema.
    O tempo passa inexoravelmente por todos nós.
    Beijinhos
    Maria

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  31. O simbolismo das palavras, que em metáforas poéticas representam a vida do primeiro ao último segundo...
    Adiar a morte será sempre o grande objectivo do ser humano!!
    Maravilhoso como sempre Graça.

    Beijinho meu

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  32. Oi amiga, Graça Pires !
    Quantos segredos, insinuados neste texto,
    chegam aos meus olhos, pela tua sutileza
    literária.
    Parabéns e um carinhoso abraço, aqui do
    Brasil.
    Sinval.

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  33. Ah, isso é lucidez, Graça...
    Tão bom ler-te!

    Um beijinho :)

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  34. ...a eternidade é um fio de seda atado a um bocado de maresia, é isso que é...
    um beijinho

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  35. Wonderfull poesia, Kiss, happy weeek.

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  36. Minha amiga

    A vida efémera simbolicamente delineada...É tão enriquecedor olhar o que nos rodeia através de seu sentir!
    Belo poema.

    Beijo com carinho,Graça.

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  37. Não foi fácil para mim escrever um comentário a esta espantosa reflexão ou descrição do sentido e natureza do tempo, que na forma de poema a Graça partilhou com todos aqueles que a lêem, sempre deslumbrados.
    Faltaram-me as palavras e o talento, e fui a um jardim alheio colher uma flor que me pareceu à altura do seu poema e da belíssima imagem que o acompanha.

    Jorge Luís Borges escreveu um dia um texto a que chamou "Nova Refutação do Tempo", que vou aqui reproduzir, em tradução minha do castelhano:

    «O tempo é um rio que me arrebata, porém eu sou o rio; é um tigre que me destroça, porém eu sou o tigre; é um fogo que me consome, porém eu sou o fogo. O mundo, desgraçadamente, é real; eu, desgraçadamente, sou Borges.»

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  38. Olá Graça ,

    Mais um Excelente Poema !
    Vivemos invariávelmente presos a uma margem de erro enlaçada com a eternidade ...

    Um beijinho
    Luis Sousa

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  39. teresa p.8:54 da tarde

    Um poema excelente sobre o fim do Verão e sobre o tempo das colheitas. Termina de uma forma muito filosófica evocando "a validade do tempo que se esquiva
    da morte atravessando a boca dos dias com a margem de erro preso à eternidade"
    É tão profundo, belo e completo que me deixa sem palavras.
    Beijo.

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  40. Excelente!
    Há imagens de uma beleza profunda e madura, como por exemplo:
    «as mulheres sangram devagar
    os segredos do corpo na fissura do ventre»

    Beijo, Graça

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  41. Demorei para vir Agradecer
    SUA Mensagem Tão carinhosa pelo
    meu aniversario.
    Fiquei muito feliz com SUAS Palavras
    è sempre a Maior prova da SUA amizade.
    Por vezes NÃO conseguimos Visitar
    Nossas Doces amizades,
    mas Não Por Esquecer um Riqueza conquistada
    durante tantos anos.
    De Coracao te agradeço.. Uma semana Abençoada.
    Beijos no Coração. Evanir PS:
    deixei na postagem um premio for
    Seu gosto e Vontade ofereço com Muito carinho.

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  42. Belíssimo!
    A morte é a única certeza... os dias passam, muitas vezes despercebidos em brincadeiras de criança, colheitas, ciclos... e quando vemos a vida se foi...
    Adorei!
    Abraços esmagadores e lindo dia, com muita inspiração!

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  43. Boa tarde, o inesperado faz parte da vida, tudo por acontecer a qualquer momento, só a morte é certa.
    AG

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  44. Muito belo, os dias vão passando entre esquecimentos, e quando vemos a morte nunca parece ser esquecer.

    Abraços,
    Gaby.

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  45. Que belo e intenso poema! A morte termina sendo a única certeza nesse mundo tão incerto de todo nós.
    Beijos Graça

    http://simplesmentelilly.blogspot.com.br/

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  46. Os ciclos telúricos e o acasalamento da Humanidade a esses ciclos, serão eternos.
    os homens apenas estarão de passagem. Gostei imenso desta abordagem.
    Bjo, Graça :)

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  47. Boa tarde Graça,
    Um poema belíssimo com a marca do seu brilhante olhar sobre a vida e a sua efemeridade.
    De uma sensibilidade e beleza muito tocantes.
    Beijinhos,
    Ailime

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  48. Lindo poema do senhor de tudo, que nos leva pelos braços desde o nascimento ao encontro final, que assiste-nos no intervalo onde tudo pode nos acontecer.
    Bom mesmo é estar no tempo.
    Uma bela obra amiga.
    Abraços.
    Bju no coração.

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  49. Somos mesmo uma pequena margem de erro... presos temporariamente a uma eternidade...
    E afinal é isso que nos torna humanos... pelo menos a alguns...
    Palavras fascinantes... que dizem tudo...
    Mais um extraordinário poema, Graça!
    Beijinhos
    Ana

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  50. Muitas vezes só contamos com a esperança da eternidade para convivermos com as agruras do tempo e ou dos tempos. Divino poema. Um grande abraço. Causou-me arrepios ao ler, não sei se consegui formar um pensamento adequado para comentá-lo a altura.

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  51. Antes que a vida vire futuro
    e o presente já não seja uma prenda.
    Antes que o sol se ponha
    e as mulheres esqueçam o dar à luz.
    Antes que tudo seja já passado,
    volta-te e beija o poente,
    que as flores aninhem
    o teu poema
    e as tuas mágoas virem nuvens.

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