23.10.17

Em seara alheia




AS DOBRAS DO TEMPO

Escuto os sons da casa,
murmúrios
retidos nas dobras do tempo.
Já a voz não ilumina
as sombras que se deitam nas paredes.
Paira um vestígio ténue
dos aromas vibrantes de outrora,
talvez esteja em mim
guardado.
Sou eu mais que um sacrário
de lembranças
que se consome passo a passo
na senda de duvidosa redenção?

Alice Duarte
In: Um pássaro antigo nos olhos. Modocromia Edições, 2016, p. 40

44 comentários:

  1. No prefácio ao livro “Um pássaro antigo nos olhos” de Alice Duarte, escreveu Manuel Veiga […] “desejo destacar que a autora sabe muito bem da luta corpo a corpo com o mundo, em que a verdadeira poesia se joga. Diria até que sabe com o próprio corpo e com a carne do poema, e que das suas próprias dores, que mais não são que o reflexo das dores da Humanidade, recolhe a matéria do “fingimento” poético0, de que se alimenta. […]”
    Parabéns, Alice Duarte!

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  2. E com o passar do tempo vai ficando o nosso coração pleno de recordações.
    Linda escolha, um poema maravilhoso.
    Boa semana
    Beijinhos
    Maria de
    Divagar Sobre Tudo um Pouco

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  3. Obrigado pelo carinho amigaa .... bjus boa semana ...

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  4. não há" verdadeira poesia"
    Bjs para as duas´

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  5. As recordações que se escrevem numa casa cheia de memórias, ou nos trazem a melancolia, ou a melancolia nos transporta para o mundo das recordações!
    Lindo poema e belissima escolha, Graça
    beijinho

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  6. Tão lindo esse texto Graça. O livro da autora deve ser muito bom.
    Uma boa semana!
    Um abraço embrulhadinho num ramo de flores.
    Beijos!

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  7. As dobras do tempo trazem-nos recordações que por vezes estavam adormecidas.
    Um belo poema.
    Um abraço e boa semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    O prazer dos livros

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  8. O poema da verdade, da condição em que fomos moldados. A todos toca, numa clareza suave e crua.

    Assim parece ser
    À medida da dimensão apropriada
    de cada um
    no mais profundo recato
    na delicadeza íntima encarnada
    As emoções desfilam imparáveis
    no animatógrafo da vida
    de cada um

    ~~~~

    Por entre as clareiras do dia
    a esperança cresce, e eu sopro
    o alento, a energia vital. Lento
    sopro um raio de luz, um beijo
    grato à amizade serena: a Graça.

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  9. Hello Graça,
    Wonderful words.
    Thank you so much for your comments on my blog.

    Best regards,
    Marco

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  10. As recordações que se escrevem em nós... Preenchem o tempo....
    Lindo...
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

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  11. Olá, Graça!
    Belíssimo poema de Alice Duarte, no seu canto sobre os tantos mistérios que tem as casas, nos tantos segredos guardados, nas tantas dores escondidas. Parabéns à poetisa Alice (nome de minha mãe).
    Um beijo.
    Pedro

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  12. adoro ouvir os barulhos da casa.
    e as cantigas da minha memória.

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  13. Como é bom apreciar um poema desse ! Com cheiro de lembranças de outrora, me parece um encontro com do passado com o presente e cada cômoda da casa ( antiga ) remete aquilo que o eu-lírico era e aquilo que o mesmo passou, os sonhos de criança e a realização do que és hoje, por isso é um encontro do passado com o presente como se fosse dois rios se encontrando...rios da vida e assim vivemos a nossa redenção : daquilo que éramos e do nosso eu atual . E a medida é melhorarmos.

    Lembranças de uma vida através do sabor da saudade

    Muito Obrigado por vossa obra

    Tenha uma semana de paz, luz e alegria !

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  14. Sou eu mais que um sacrário
    de lembranças
    que se consome passo a passo
    na senda de duvidosa redenção?

    Me impacta la desolación de estos versos y, hay que reconocer, que aunque el poema es breve, está lleno de emoción. Gracias por compartirlo. Un abrazo. Franziska

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  15. Gracinhamiga III

    Para já fica o registo mil vezes afirmado: Ah grande Poetisa!!!

    Mas aos 76 anos, saído de um pesadelo horrendo tenho de aplaudir e parabenisar a Alice Duarte e dizer que vou comprar o seu livro.

    Rendido mais uma vez ao brilhantismo da tua pessoa, ajoelho e beijo-te as minha princesa

    Qjs do Henrique, o Leãozão

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  16. il tempo come uno scrigno conserva i nostri "tesori", riporta alla luce emozioni sopite colorate di una dolce malinconia...grazie carissima per essere passata, un abbraccio grande e complimenti per la scelta molto bella

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  17. Tudo menos a Cristas montada no seu alazão

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  18. Amiga/Poetisa, Graça Pires !
    Como sempre, uma bela escolha literária,
    para nos presentear.
    Desta vez, Alice Duarte.
    Muito agradecido !
    Um carinhoso abraço, aqui do Brasil.
    Sinval.

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  19. Olá amiga
    Amei sua postagem, como sempre é muito bom está aqui no seu cantinho lindo.Bela escolha, a poesia é em si uma lição.Sou eu mais que um sacrário de lembranças. Nossas lembranças são só nossas.
    Deixo esse pensamento com desejos de que sejas sempre feliz.
    “A felicidade de um amigo deleita-nos. Enriquece-nos. Não nos tira nada. Caso a amizade sofra com isso, é porque não existe”. Seja muito feliz amiga, hoje e sempre.
    Abraços da amiga Lourdes Duarte

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  20. Olá, querida Graça, ah, as casas... quanto mistério há nelas! Gosto de andar pelas ruas de meu bairro e olhar as antigas casas, o formato das janelas, das portas, e fico a imaginar quantas vidas por ali passaram e deixaram seus segredos...
    Um poema lindo, de muitas interpretações e de visões nostálgicas da poeta Alice Duarte.
    Um beijo às duas!

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  21. Past ....a secret cozy corner where i peek and take deep breath to reinvent my soul!

    incredibly beautiful dear grace!

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  22. Acabamos por nos render a graça das lembranças, que se renovam! beijos

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  23. Como este poema, de Alice Duarte, me ilumina a memória e me envolve nos "aromas vibrantes de outrora"!
    Muito grata pela partilha, querida Graça.
    Beijinhos.

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  24. Sempre excelentes as suas escolhas, minha Amiga!
    Sempre uma leitura especial e enriquecedora aqui...
    Parabéns para a Poeta Alice Duarte, um belíssimo poema
    com a profundidade analítica existencial.
    Muito bela esta construção poética:
    "Escuto os sons da casa,
    murmúrios
    retidos nas dobras do tempo."
    Uma semana feliz e inspiradora, minha querida!
    Beijos.

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  25. Linda escolha, Graça!

    Muito obrigada pela partilha deste poema maravilhoso,
    que desconhecia e através de si posso ter o gosto de o ler.

    Quero também agradecer a sua visita ao meu blogue:
    http://pensamentosimagens.blogspot.pt/

    e, o comentário que deixou.

    Neste momento é o único dos 4 blogues que tem um post actualizado

    Tenho andado por fora e, não posso estar em 2 lugares ao mesmo tempo.

    Preciso de fugir de quando em vez e procurar refúgio na Natureza!

    Veremos se esta semana consigo pôr em dia, pelo menos um blogue.

    Sobre o poema...
    no meu caso eu diria que escuto mais o silêncio da minha casa,
    e, nada há antes de mim, pois eu vim para esta casa
    quando ela estava nova ainda
    Não há sombras de ninguém...
    nem vozes de alguém
    apenas EU e as minhas coisas, que tanto amo.

    Beijinho. Boa semana.

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  26. OI GRAÇA!
    NOSSA, LENDO OS COMETÁRIOS, COISA QUE GOSTO DE FAZER, AO LER O DA "TAÍS" QUE ALIÁS, É MINHA CONTERRÂNEA, VEJO QUE ELA TEM UM GOSTO IGUAL AO MEU, CAMINHAR E OBSERVAR AS CASAS IMAGINANDO QUEM ALI MOROU, QUE HISTÓRIAS VIVERAM E ASSIM VAI.
    UM POEMA BELÍSSIMO ESCOLHESTE PARA NÓS.
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  27. Graça,

    gostei muito da tua escolha

    a Alice Duarte é uma poetisa sensível e talentosa
    que escreve com verdade e autenticidade.

    Poesia genuína, escorada na vida e nas "dores" do Mundo
    e que, portanto, nada a ver com "clichés poéticos", muito "esvoaçantes"
    e "delicodoces" que por aí correm inflamados.

    sinto-me muito honrado com a sua amizade
    e foi um privilégio para mim escrever umas palavras de apresentação do seu livro "Um Pássaro Antigo nos Olhos", coo tu de resto fazes notar. o que agradeço

    beijo, minha Amiga

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  28. Muito grata por esta divulgação dum poema meu neste espaço em que a tua poesia é, por direito próprio, o encanto de quem por aqui passa. Grata também pelos comentários aqui deixados.

    Um abraço de gratidão, Graça!

    Alice Duarte

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  29. Gosto da poesia da Alice.
    E este poema, que não conhecia, foi uma boa escolha.
    Continuação de boa semana, amiga Graça.
    Beijo.

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  30. Gostei de conhecer


    Abraço grande, amiga

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  31. memória em memória
    no retrocesso do tempo
    num espaço só nosso
    até...ao esquecimento.
    sem memórias, sem emoções.

    um belo poema, que faz reflectir...
    e uma partilha/divulgação muito interessante.

    grato e parabéns, minha Amiga, Graça, extensível à Alice Duarte, por esta sua obra.

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  32. Lindo, maravilhosamente profundo!

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  33. As lembranças que nos têm...

    Lindo!Preciso de ler mais, por aqui. Mas o tempo, o tempo...
    Há autores que merecem muita atenção.

    Beijo

    Lídia

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  34. Boa noite querida Graça.
    Lindo poema de Alice Duarte. Uma boa escolha sua para nós compartilhar. Tantos segredos que tem as casas, guarda tantos amores e desamores. Um lindo fds amiga. Grande abraço

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  35. A solidão e a nostalgia... no sentir de cada palavra... expressas de uma forma muito bela e profunda!
    Mais uma partilha de excepcional qualidade, que adorei descobrir por aqui...
    Beijinho, Graça! Bom fim de semana!
    Ana

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  36. A profundidade da poesia saída de dentro como quem retira o "sagrado" mais íntimo da vida memorizada.

    Uma partilha de poesia profunda.

    Um beijo para si,Graça.

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  37. un saluto per te carissima e buon fine settimana

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  38. Boa tarde Graça,
    Um poema magnífico de uma autora que não conhecia.
    Lembranças que ficam gravadas para sempre e que a poesia revela de forma sublime.
    Um beijinho, minha Amiga, e bom fim de semana.
    Ailime

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  39. Abençoado final de semana!!!!!! Beijokas

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  40. Mais uma excelente partilha, evidenciada por este belíssimo poema. Que a todos nos diz e fala...
    Parabéns à Alice Duarte.
    Bjinho, Graça

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  41. Mais uma vez gostei da escolha...
    beijinho

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