Walker Evans
O viajante ajoelhou-se sobre a terra
e cantou e cantando rezou.
Carregava nos ombros o afluente de um rio
para o largar no longo chão das lavouras.
O pão ázimo lhe sufocava a fome.
A chuva lhe esquecia a sede.
Seu coração emudecia quando um denso
nevoeiro (quase lágrimas) lhe gravava na boca
o clamor dos glaciares desmoronados.
Graça Pires
De Uma vara de medir o sol, 2018, p. 40
Quando se vive do tempo, as lágrimas caem, sim...
ResponderEliminarabraço Graça
Quase sem palavras diante de tanta beleza e profundidade!ADOREI! bjs, lindo dezembro,chica
ResponderEliminarTão bonito, Graça, apesar do desespero e da solidão que nele se intui.
ResponderEliminarBoa semana. Beijo
Belamente tocante esse poema. Uma narrativa que nos transporta ao que realmente importa na vida!
ResponderEliminarAbraço.
...O viajante ajoelhou-se sobre a terra
ResponderEliminare cantou e cantando rezou.
Carregava nos ombros o afluente de um rio...
Bom dia Graça. Absorvi esse trecho como um identificação pessoal. As vezes carregamos o peso dos problemas do dia a dia, e por meio das preces, encontramos o conforto necessário para aliviar essa tensão. Infinitos parabéns.
Excelente semana amiga!
Abraços
Dan
http://gagopoetico.blogspot.com/
Poema triste, este. Possam encontrar alívio todos quantos sofrem...
ResponderEliminarTenho post para esclarecer o que aconteceu com os comentários feitos aos meus textos: uma burrice minha.
Boa semana.
Tempos nossos, estes. A Natureza aqui a reclamar...
ResponderEliminarUm belíssimo Poema, Graça. Um cântico de alerta.
Um beijo amigo.
Bom dia. Parabéns pelo poema maravilhoso:))
ResponderEliminarHoje : Dança...leviandade minha...
Bjos
Votos de uma óptima Segunda - Feira
"Carregava nos ombros o afluente de um rio"
ResponderEliminarIncrível como essa expressão me tocou em cheio!
Muito bom estar aqui apreciando tanta riqueza!
Um abraço carinhoso
A vida pode ser pesada... castiga-nos e sente-se uma solidão tão profunda...
ResponderEliminarObrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
Uma religiosidade comovente tem hoje seus versos, Graça. A foto da grande depressão que ilustra o seu poema fecha o círculo da cena que você magistralmente retrata. Me sinto um pouco como esse viajante levando-me este momento na minha memória.
ResponderEliminar"O viajante ajoelhou-se sobre a terra
e cantou e cantando rezou..." Como você Graça rezou o seu poema.
Abraço imenso amiga.
Tão triste, mas tão belo!!
ResponderEliminarAs linhas do meu corpo em movimento...
Beijos e uma excelente semana!
Uma cena que já presenciei, esta angustia, a dor.
ResponderEliminarO olhar de clamor aos céus, uma gota de esperança,
preguiçosamente lhe cai ao rosto. Um poema que traduz,
os nossos bravos sertanejos contra toda adversidade.
Uma bela escolha de seu livro Graça.
Semana leve e alegre para você.
Beijo amiga da sensibilidade.
Há viajantes assim - a quem basta uma "vara de medir o Sol"...
ResponderEliminarbelíssimo o poema, Graça.
como aliás tudo o livro.
beijo, minha amiga
Este poema da Graça emociona-nos pela força e beleza das palavras a que a poeta recorre.
ResponderEliminarAntes das palavras, a foto da autoria de Walker Evans, uma foto icónica, de abandono e desolação, da época da Grande Depressão, tirada no Alabama em 1936. Retrata a «sórdida realidade da pobreza em que viviam os rendeiros pobres [meeiros], que estes passivamente aceitavam.» (*)
Recorrendo ao poema da Graça, também o homem da foto podia ter sido largado no longo chão das lavouras e o pão ázimo lhe sufocava a fome.
Bem pode, e recorro novamente às inspiradas palavras da poeta, o viajante ajoelhar-se e cantar e cantando rezar, se todos nós nos mantivermos surdos ao «clamor dos glaciares desmoronados.»
Leio este poema, um alerta sobre o nosso planeta, ameaçado pela ganância e negligência de governantes e de governados, num momento em que se realiza mais uma ‘Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas’.
Beijo.
(*) traduzido do livro “Walker Evans, The Hungry Eye”,
Também há lágrimas que se desmoronam
ResponderEliminarAlerta intemporal
Belo o teu livro
Bj
O rosto da desolação plasmado num belo poema.
ResponderEliminarÉ, de facto, uma mensagem poderosa face aos desmandos do homem no planeta.
Beijos, amiga Graça.
Olá:- Maravilhosa inspiração poética.
ResponderEliminar.
Beijinho.
A imagem evidencia as tuas palavras.
ResponderEliminarMas as tuas palavras magoam o nosso olhar.
Grande poema!
O meu abraço, querida amiga Graça.
Adoro fotos em preto e branco bonito post bjs
ResponderEliminarBom dia.
ResponderEliminarQuem lê (livros, jornais, artigos de opinião), tem mais saúde do que, quem nada lê. fl
Francisco Laranjeira
https://www.facebook.com/francisco.laranjeira.796
https://franciscolaranjeira.blogs.sapo.pt/?utm_source=posts&utm_content=1543775192192
Hello Graça,
ResponderEliminarWonderful words again. So amazing how you can write all.
Nice shot.
Sweet greetings,
Marco
Um poema deslumbrante!
ResponderEliminar=)
Bjinhos com carinho...
Por aqui com, Vivacidades e deslumbres
Olá, querida Mestra, Graça Pires !
ResponderEliminarNo talho das belas letras, a essência
de um segmento poético expressivo.
Parabéns, mil vezes !
Uma ótima semana, com um carinhoso
abraço, aqui do Brasil !
Sinval.
Olá Graça
ResponderEliminarLindo poema, desejo um belo dia. Bjs querida.
Un hermoso poema y la imagen con esa mirada tan especial, le dan una expresión especial. Ha sido un acierto. Gracias por compartir su obra. Un abrazo.
ResponderEliminarBoa tarde Graça,
ResponderEliminarUm poema majestoso por tanta beleza e profundidade onde a religiosidade, que tão bem a caracteriza, se sente presente.
Um beijinho, minha amiga e enorme poeta.
Ailime
Lágrimas são palavras expressas sem som, e que por sua simples imagem, pode representar muito mais do que mil palavras. Passadinha para desejar uma noite fabulosa seguida de um amanhecer abençoado!
ResponderEliminarUma inspiração, absolutamente magistral, Graça... que me dará muitos motivos, para fotografar, paisagens com nevoeiro... para qualquer dia, a destacar por lá no meu canto!...
ResponderEliminarUma verdadeira pérola, em forma de poesia!...
Um beijo imenso! Continuação de uma feliz e inspirada semana!
Ana
Un poema que nos muestra la belleza, y el talento de tu poesía.
ResponderEliminarAbrazo
A natureza, grande musa da tua inspiração parece ser, ou talvez especificamente no caso do livro, aí ela se fundindo com o corpo humano de uma forma em primeiro lugar esperançosa, vital, depois guardando outros significados. Abraços, Graça.
ResponderEliminarEmocionante!!!
ResponderEliminarbjokas =)
GRAÇA
ResponderEliminarFui um dos felizes contemplados da cautela "comprada" à Ana Freire !
E que prémio me saiu ?
- Entre outras coisa que hoje mostro, o teu maravilhoso livro FUI QUASE TODAS AS MULHERES DE MODIGLIANI !
Mal abri, tal foi o espanto e admiração, que de imediato fiz uma postagem !
Percorre o meu blog uns dias ( poucos ) para trás e logo encontrarás.
Muito apreciaria conhecer a tua opinião sobre o "casamento" que fiz de um poema teu com uma imagem minha.
Claro que de pronto me tornei teu SEGUIDOR !
Um beijo e muitas felicitações pela POESIA que irradias.
E difícil encontrar palavras depois de ler este poema...
ResponderEliminarEu, simplesmente, adorei!
É dos poemas mais tocantes que tenho lido ultimamente.
E a imagem é fantástica!
Obrigada!!!
Continuação de boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Tenho, também, o sentimento de tristeza do viajante quando vejo, ou tenho conhecimento, das alterações ambientais produzidas pela ganância dos poderosos e, de certa forma, pela indiferença de todos nós.
ResponderEliminarEste emocionante poema é um grito de alerta sobre a lenta, mas profunda, destruição do planeta. Perturbante "o clamor dos glaciares desmoronados."
A foto é maravilhosa e perfeita para o tema.
Beijo.
Profundo, forte e bonito poema! Numa palavra somente, rasgante!...
ResponderEliminarBoa noite, Graça!
Abração
Um poema que desperta profunda compaixão...
ResponderEliminarQue soluço de desespero é esse que soa como o bramido de
glaciares que se desmoronam no final da sua rude viagem?!
Uma construção muito bela, minha Amiga.
Beijinhos, Poeta.
~~~~
Nesta perfeição do teu caminho poético, não existe
ResponderEliminar"quase" no sentido das palavras, colocadas tão
exatas na sua missão expressivas e além, na capacidade
de nos evocar a emoção ao encontro deste "denso nevoeiro
(quase lágrimas)..."
Graça, minha amiga, sempre fico surpreendida e
encantada pela tua poética admirável.
Muito grata pelas minhas leituras aqui, este teu
espaço é um dos mais valoroso na Arte da Poesia,
tu possibilitas para os teus leitores amigos,
um caminho da construção excelente da Poesia
como Arte.
Beijos.
Graça:
ResponderEliminarTocante e perfeito.
Você se supera a cada poema amiga.
Como é bom ler o resultado de seu talento e inspiração.
Que Deus lhe dê cada dia mais essa graça, que já tens até no próprio nome.
Obrigada por compartilhar toda esta beleza.
Beijinhos, bom fim de semana.
Léah
Minha querida Gracinhamiga II
ResponderEliminar... e cantando estrofes encantaste-me uma vez mais. És uma feiticeira poeta ou uma poeta feiticeira que em cada dia que passa com os teus versos de encantar me encantas😍. E eu sem vontade de fugir-te, acorrentado ao teu fulgor, à tua mestria poética, aos teus poemas deslumbrantes.
Muitos e muitos qjs deste teu amigo e deslumbrado admirador
Henrique, o Leãozão🦁
Boa tarde Graça,
ResponderEliminarUm poema muito belo cujo início me comoveu.
Só mesmo os grandes Poetas para lerem a alma do outro e o desabar das suas emoções.
Magnífico!
Um grande beijinho, minha Amiga, e resto de bom domingo.
Excelente semana.
Ailime
Passando a desejar um óptimo final de domingo, e aproveitando para informar, que no meu próximo post, muito em breve, destacarei algumas das suas inspiradas palavras, Graça!...
ResponderEliminarSe acaso, achar a tradução menos bem, será só dizer-me que a mesma será prontamente alterada...
Um beijo imenso!
Ana
Boa noite, Graça. Um.poema muito lindo em profundidade, como já é marca sua.
ResponderEliminarAmei cada verso, perfeito!
Parabéns.
Tenha uma excelente semana de paz.
Beijos na alma.
O que não fazes com a palavra? E quanto dizes em cada condensação que nos apresenta! Ainda bem que tudo não se acaba porque nos resta a a linguagem. E ela que restabelece o entendimento do homem com o homem... Outro belo poema!
ResponderEliminarBeijos,
Nevoeiros acometem-nos, inesperadamente,
ResponderEliminare quase se despenham no rosto identitário
nas marcas orográficas dos caminhos idos
A ternura transbordou no abrir o Google
e inundou(-me) o Crepúsculo Azul
ao sentir Clarice
Muito obrigado, Amiga GP, por tanta poesia.
Bj.
que os glaciares se ouçam..
ResponderEliminarA vida é sempre tudo, mas pode não ser nada. O desespero é circular, porque o ponto de partida volta sempre à memória da carne sofrida no giro vital da existência. Continuaremos, ainda assim, a ser a água da desdita até que as fontes sequem no coração dos aflitos.
ResponderEliminarUm beijo.
Tanto nevoeiro que se apodera das gentes, lágrimas sufocadas na carne que ainda teima em pulsar.
ResponderEliminarBeijinhos.
Lindíssimo, Graça, como é hábito.
ResponderEliminarBeijinhos