Dorothea Lange
quase imperceptível no meio do inverno.
Tinha deambulado pelas cidades,
anónimo,
com um saco a tiracolo
cheio de raízes e de limos,
de milho moído, de figos secos.
Sabia agora como eram neutros,
em sua vida, todos os silêncios de protesto.
Queria falar até se tornar
impronunciável o que dizia.
Mas as palavras eram navalhas de barro
que lhe asfixiavam a voz.
Graça Pires
De A solidão é como o vento, 2020, p. 14
Um poema muito bonito, como sempre!! :))
ResponderEliminar-
O cheiro da rosa oferecida...
-
Beijo, e uma excelente semana
Deambular pela vida, por entre a chuva e o Sol... Por entre a solidão....
ResponderEliminarComo sempre, um poema brilhante.
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
Tua poesia é linda, forte expressão da solidão! Maravilha e a tela bem a ilustrou! Ótima semana! beijos, chica
ResponderEliminarOlá Graça Pires,
ResponderEliminarO silêncio dos protestos, irá sempre debater-se contra o muro da indiferença.
A justiça precária dos homens, mancha ainda mais a dor de um moribundo e atiça a raiva do mundo!
Uma semana com boa saúde minha Amiga.
Um beijo!
A.S.
Beautiful.
ResponderEliminarDepois do café da manhã nada melhor
ResponderEliminarque poder abraçar e beijar a nossa
poeta preferida.
Um beijo, Graça, minha amiga.
Belo poema. Falaremos sempre.
ResponderEliminarBoa Tarde.
Daqueles que não conseguem e calam-se. Daqueles para que tudo é demasiado.
ResponderEliminarBonito poema Graça.
Que nunca nos calemos.
ResponderEliminarBelissimo poema, Graça!
Beijinho, boa semana
são coisas senhor, são coisas
ResponderEliminarsão sacos, são figos, são limos, são silêncios de raízes
é barro que trago a tiracolo
é o milho da vida
é a cidade anónima que não protesta
é o inverno moído e seco
imperceptível
impronunciável
a voz asfixiada em palavras
deambula pelo meio de navalhas
Queria falar até me tornar
o que dizia.
Neutro.
Amiga, é sempre melhor respirar e falar o que sente, sem ofensa. Se o tempo passa, vira amargura e não se perdoa o outro nem a si mesmo. Beijinho e ótima semana, ótimo setembro!
ResponderEliminarquando a voz sufoca nos silêncios da
ResponderEliminarindiferença e só os ventos trazem novas
na poesia que espalhas como rosas, minha Amiga.
bem-hajas pela sensibilidade e mestria.
um beijo, Graça - boa, feliz e saudável semana para ti e teus.
Sublime fascínio poético
ResponderEliminar.
Uma semana feliz
Abraço
Quando ti leggo mi piacerebbe tantissimo conoscere il portoghese, amica Poetessa, che con google traduttore perdo tantissimo delle tue opere...
ResponderEliminarTalvez não haja voz que rompa a duração de tal silêncio. Ou ela deixe de ser necessária.
ResponderEliminarGostei muito.
Todas as sociedades têm medos que as assombram, provocados pelo silêncio dos protestos, cujo ruído ensurdecedor não chega a fazer eco.
ResponderEliminarAbraço poético.
Juvenal Nunes
Boa tarde de nova semana, querida amiga Graça!
ResponderEliminarUm andarilho em busca de tudo...
Ele mesmo sem falar se torna navalha para a sociedade.
Tenha dias abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
Vozes ao alto
ResponderEliminarBj
O paradoxo essencial da solidão, de ter ouvido muita palavra proferir tanto silêncio...
ResponderEliminarMuito obrigado por este ótimo poema, amiga Graça. É sempre inspirador lê-la.
Gostei e a foto é espectacular.
ResponderEliminarUm abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Tinha deambulado pelas cidades, anónimo.. Otimo poema
ResponderEliminarAdoro a magia do poema!!!
ResponderEliminarParabéns 👏👏👏👏👏
Boa noite Graça,
ResponderEliminarUm poema muito belo que faz doer por tanta solidão.
Sempre me lembro de os ver em criança a deambularem pelas aldeias e vilas deste país, de mão estendida, num mutismo que ainda hoje conservo na memória.
Pessoas sem voz ontem e hoje.
Um beijinho minha Amiga e Enorme Poeta.
Uma boa semana, com muita saúde.
Ailime
Un poema hermoso y sensible, bello cuadro.
ResponderEliminarAbrazo
Se hace camino al andar.
ResponderEliminarOlá, amiga!
ResponderEliminarMuito muito belo o poema que aqui nos traz.
Saudações poéticas
Pássaros presos na garganta lutam pela liberdade.
ResponderEliminarTenha uma noite abençoada. Bjs.
Quando a solidão se junta com a invisibilidade Graça.
ResponderEliminarAs duas de mãos dadas vagueiam pelos becos das cidades,
e deixa um rastro de injustiça nas calçadas.
Belíssimo trabalho amiga.
Beijo e feliz semana.
A passar por cá para conhecer mais um bonito poema.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
As palavras eram navalhas de barro que lhe asfixiavam a voz.
ResponderEliminarHaverá maior solidão?
Bem hajas, Graça, pelos teus poemas.
Beijos.
A nice story. Wonderful.
ResponderEliminarGreetings, Marco
Um libelo contra as injustiças sociais. E com imagens belíssimas. Belo trabalho de linguagem. Quanto importa o que se diz mesmo na dança do solidão! E quanto importa um olhar tão sensível para dizer o que outros não veem (e quanto importaria se vissem e fizessem alguma coisa).
ResponderEliminarComo diria uma amiga poeta, "Muito belo"!
Um beijo, minha amiga Graça!
Olá graça querida
ResponderEliminarQue lindeza de poema concordo com você as palavras às vezes são navalhas...
Beijos
Ani
Belíssimo poema, que exige uma leitura atenta.
ResponderEliminarQuerida amiga Graça, tu fazes arte com as palavras.
Adorei!
Beijo, boa semana, feliz Setembro.
Bom dia Graça!
ResponderEliminarUm poema belíssimo, e a imagem casou tão bem com o tema.
Ficou perfeito.
Boa semana e um ótimo mês de setembro.
Beijos!
Inspiração e sensibilidade, ao mais alto nível, neste belo momento poético, onde se aborda o tema da solidão... dos que não têm voz...
ResponderEliminarAdorei cada palavra, Graça!
Um beijo imenso! Votos de uma boa semana, e um excelente mês de Setembro!
Ana
O mundo que conhecia já não existia. Tentava, apesar de tudo, remar contra a maré, fazer-se ouvir, mas apenas a solidão dos becos fazia ecoar a sua voz.
ResponderEliminarTão bom lê-la, Graça!
Um abraço
Graça,
ResponderEliminarAdorável texto!
Bjins de renovação de esperança.
CatiahoAlc.
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https://reflexosespelhandoespalhandoamigos.blogspot.com
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i think it is a blessing to have insight and dare to swim against the tide :)
ResponderEliminarnot whole water though but the waves that touch you while trying to push you back acknowledge and inevitably bow to your strength and courage
thank you for beyond beautiful expression with sublimity of harmony of words and thoughts my friend!
hugs!
Parece " assombração " o que vemos todos os dias, mas é a triste realidade de muitos, de muitas pessoas a quem a vida parece renegar desde que nasceram. Cansaram de falar, cansaram de se queixar, porque afinal ninguém os ouve e a voz já se nega a sair, de tão cansada. Mesmo os mais sensiveis já quase não se preocupam, primeiro, porque são tantos que já quase virou normalidade , segundo porque são pequenos demais para solucionar tão grave problema. Há sempre algo a fazer, nem que seja uma palavrinha de conforto, mas, sejamos sinceros, nem isso fazemos. Choca-nos, entristece-nos, reclamamos das injustiças sociais, mas, partir para qualquer tipo de acção já é mais dificil,Como sempre, querida Amiga, um belo poema que nos leva a reflectir no tanto de sofrimento que há neste nosso mundo injusto e nas nossas atitudes perante ele. Reclamamos muito e fazemos muito pouco. Obrigada Amiga e um abraço com votos de SAÚDE para todos aí em casa
ResponderEliminarEmilia
Que dizer?
ResponderEliminarNos tempos que correm, há silêncios que nos cortam a garganta, navalhas de barro, de pó seco, que nos sufocam as palavras, ansiosas por respirar, sem conseguirem libertação.
Beijinhos, amiga Graça!
Uma linda escrita.
ResponderEliminarComo é bom ler tais palavras. Muito bom mesmo.
ResponderEliminarbeijo
Falar nem sempre é fácil...
ResponderEliminarExcelente poema, como sempre.
Continuação de boa semana, querida amiga Graça.
Beijo.
Mestra / Escritora, Graça Pires !
ResponderEliminarFiguras humanas, assim, como este
personagem, existem por todo o mundo
afora.
Porém, há que se ter a habilidade
rara, como a presente, para desvenda-lo.
Belissimo texto,Amiga !
Parabéns e um fraternal abraço, aqui do
Brasil.
Sinval.
Que olhar poético! Um deslumbramento, minha amiga.
ResponderEliminarE que merecido o cursinho de cima!
Beijo
Gostei de ler e refletir sobre a solidão. Versos fortes e densos...
ResponderEliminarMeu abraço nesta sexta-feira...
La vida es un deambular constante, no estamos quietos, necesitamos movernos.
ResponderEliminarBesos enormes.
Graça
ResponderEliminarcena de quotidiano, mas que faz um sufoco ler.
por momentos ao ler e ver a imagem, lembrei de uma canção de Joan Manuel Serrat que se chamava se nao erro "O ferro-velho"
gostei no entando deste momento de poesia.
Bom fim de semana.
beijinhos
:)
Por mais veementes que sejam os protestos
ResponderEliminaro silêncio ricocheteia desmobilizador
nas pedras inamovíveis
Vindas do tempo futuro já se ouvem as alpergatas
carregando alforges de miséria
Como a tristeza pode ser tão bela num poema?!
Beijo, querida amiga Graça
que pode um homem pobre e só face ao resto do Mundo?
ResponderEliminarcom "navalhas de barro" não se corta o pão.
nem se apaga a dor...
gosto muito deste registo poético, Graça
colher as dores do Mundo por teus dedos...
beijo, minha Amiga
bella poesia e foto!
ResponderEliminarOi Graça
ResponderEliminarAquela foto que remete ao cotidiano de nós todos.
Quando não_apenas alguém ali do lado sentado ao chão ou passando...passando.
E os protestos continuarão caindo no vazio.E não muito mais a dizer,Graça
seu poema traduz fielmente esse mundo desigual.
deixo meu abraço
Viajar simpre será bonito,pero mas admiro la cultura que se puede adquirir,
ResponderEliminarCuánto dicen de la vida esos personajes transhumantes, aparentemente sin vida que contar y son toda la vida. Un abrazo. Carlos
ResponderEliminarA imagem é perfeita para o texto, ou o texto é perfeito para a imagem. De qualquer forma, ambos transmitem, pelo menos para mim, uma ideia um tanto melancólica e bastante direta sobre a transitoriedade da vida, do que está vivo, das (im)permanências. Espero que estejas bem, Graça, um beijo.
ResponderEliminarCompreendo tão bem o poema com o título do livro. por vezes sinto-me como o velhote, falar até ser impronunciável
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