24.8.20

Caminham por dentro do próprio desalento

Gregory Crewdson

Caminham por dentro do próprio desalento
com a memória exausta de pretéritos desejos. 
Já não sabem quem são. 
Dia após dia enfrentam a rejeição 
com o áspero calamento do olhar. 
Há golpes migrantes sulcando sua pele. 

Graça Pires 
De A solidão é como o vento, 2020, p.24

55 comentários:

  1. Olá, Graça!
    A solidão é como o vento e a alegria como a luz.
    Desejos no pretérito esquecido, já quase não são desejos.
    Um poema grande vestido de poucas palavras.
    O vento levou-as para muito longe,...
    bj.

    ResponderEliminar
  2. Sempre que um poema
    me toca dentro
    eu me lembro de outro
    que também me tocou

    Eu sei quem sou
    mas
    "E depois do adeus"
    não sei
    se saberei

    ResponderEliminar
  3. Há dias em que o Mundo se torna pesado e se mergulha num rio profundo de dor...
    Lindo...
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

    ResponderEliminar
  4. Palavras que bem retratam a solidão...Lindas! A tela igualmente bela! Ótima semana! beijos, chica

    ResponderEliminar

  5. Querida Graça

    Este seu Poema mostra bem
    o que é a infelicidade de percorrer caminhos
    sem saídas, enfrentando rejeições de toda a ordem.

    Palavras que nos despertam para os abismos
    que envolvem muitos de nós.

    Beijinhos
    Olinda

    ResponderEliminar
  6. Fascínio poético.
    .
    Feliz início de semana

    ResponderEliminar
  7. Tradução mais que perfeita para o desalento do homem (neste conturbado mundo, digo-o eu). A imagem alteia este canto em voo poderoso da linguagem. Belíssimo poema, minha amiga!
    Cuidem-se todos!
    Um beijo

    ResponderEliminar
  8. "com a memória exausta de pretéritos desejos"
    regressamos ao corpo faminto de sol
    para que este não viva na gélida sombra
    que nos golpeia a pele e cala o olhar...

    Uma boa semana com muita saúde minha Amiga.
    Beijos.
    A.S.

    ResponderEliminar
  9. Fabuloso poema. Gostei muito :))

    *
    Caminhar seguro...
    -
    Beijo e uma excelente semana!

    ResponderEliminar
  10. Por dentro deste teu belo poema
    não consigo imaginar estes caminhos
    penso, da imigração (?).

    "Vemos, ouvimos e lemos
    Não podemos ignorar[…] - Sophia;

    e as crianças que hoje são,
    amanhã o que dirão?
    - Que houve um tempo que
    não foi o seu e deste mundo só
    tiveram ódio e incompreensão!

    e todos nós que de algum lugar viemos…

    Um grande momento poético, este teu.

    Um beijo, minha amiga Graça.
    Boa semana de saúde e paz.

    ResponderEliminar
  11. Boa tarde Graça,
    Vidas sofridas, caladas, como casas vazias e abandonadas, caminham sentindo na pele a mutilação que as fere cruelmente.
    Muito belo este poema sobre uma realidade que dói.
    Desejo-lhe uma boa semana, minha Amiga e enorme Poeta.
    Beijinhos com votos de boa saúde.
    Ailime

    ResponderEliminar
  12. Ah, amiga, assim como o haicai, não precisa de muitos versos para dizer o suficiente. Nestes poucos versos você traduziu uma realidade dura que muitas pessoas enfrentam. O sofrimento machuca e há pessoas que não aguentam mesmo. Lembrei daquela pessoa que se enforcou... A foto parece que foi feita para o poema. Belíssimo.
    Ótima semana.
    Beijinho

    ResponderEliminar
  13. deuses, que violência nas palavras, que desespero! Espero que esteja tudo bem, adorei o poema, cruel, térreo e na realidade uma verdade que não deve ser escondida. (não, o livro não é novo, tem 10 anos, mas corrigi e pus on-line gratuito, retirei à editora os direitos de autores, não faziam nada, nem disponíveis tinham, enfim, enganada)

    ResponderEliminar
  14. Bien los define tu poema, en su consternación, a estas gentes de la comunidades desplazadas. Un abrazo. carlos

    ResponderEliminar
  15. Olá querida Graça, mais um poemeto que expressa um triste momento a percorrer os caminhos de uma alma desalentada,tal realidade é notória na vida de muitos. Aplausos totais.

    Abraço querida.]

    ResponderEliminar
  16. Uma solidão que deixa marcas!!!
    👏👏👏👏👏

    ResponderEliminar
  17. e vêm por aí novas e várias solidões trazidas pela pandemia e sobretudo pela indiferença dos homens entre si ou a clivagem entre o eu e os outros.
    Estes poemas curtos doem até ao fundo. Mas são lindos.

    ResponderEliminar
  18. Gosto muito de poemas curtos. São densos, saboreiam-se como se de um café curto se tratasse.

    Beijos e carinhos ❤️

    ResponderEliminar
  19. que poesia linda e profunda. e a imagem selecionada reflete exatamente a solidão sentida, obrigada, bjosss

    ResponderEliminar
  20. Si sente la fatica e si sente la solitudine di un viaggio troppo lungo.
    Molto bella, complimentissimi
    Buona settimana, con molta salute.
    Um beijo

    ResponderEliminar
  21. E tanto desalento há por aí.....


    Minha amiga, beijinho, excelente semana :)

    ResponderEliminar
  22. Quem não se sentiu trancado fora em sua própria desolação. Versos que provocam identificação. A pintura de Gregory Crewdson fecha o círculo.

    Grande abraço, Poeta. Cuide-se bem, por favor.



    ResponderEliminar
  23. Querida amiga Graça que tudo esteja bem com você, na saúde, no amor.

    Poema que vai fundo no coração e na alma. Lindo!
    As amarguras que a vida oferece, que nunca se almeja ou sonha, mas acontece e marca e maltrata.
    Mas, até no sofrimento existe uma beleza, que só os poetas mostram com carinho e perfeição.

    abraço bem apertadinho para afogar as saudades.
    Léah

    ResponderEliminar
  24. Olá, querida Graça, que belo poema, amiga!!!
    Na verdade, isso é a solidão misturada a dores executivas de quem parte à procura de algo.
    Dolorido poema, mas dentro de uma total realidade.
    Beijo, minha amiga, uma boa semana.
    Cuide-se bastante.

    ResponderEliminar
  25. La cultura es una de tus grandes metas

    ResponderEliminar
  26. Boa noite de paz, querida amiga Graça!
    Parecem, sendo assim, que bem sequer caminham em seu desalento.
    Profundo poema de reflexão.
    Tenha dias abençoados!
    Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

    ResponderEliminar
  27. Minha querida amiga, que profunda a solidão neste desalento.
    Sua capacidade de extirpar sentimentos é fantástica na poesia.
    Uma ilustração que faz pensar, se o entrar é cabível, já que moram lá
    as emoções passadas.
    Gostei muito.
    Beijo de paz amiga e feliz semana alegre.

    ResponderEliminar
  28. Parabéns por nova obra
    E pelo belo poema
    Aqui postado de extrema
    Robustez que dá e sobra
    Mensagens como manobra
    Da verve, engenho e da arte
    Que a tua alma reparte
    Com nossas almas carentes
    Por poesia! Excelentes
    São o teus versos, destarte!

    Parabéns, Graça Pires por mais um livro! Abraço cordial! Laerte.

    ResponderEliminar
  29. Por cada migrante em desalento

    somos nós próprios a desalentar

    beijinhos, Graça!

    ResponderEliminar
  30. Um poema notável... que associando a leveza da forma, à profundidade do sentir, tão bem abordou a tema da migração...
    Adorei, Graça! Um beijinho! Votos de uma excelente semana, com tranquilidade e saúde!
    Ana

    ResponderEliminar
  31. Boa noite de serenidade, querida Graça!
    Fico sempre hipnotizada com as suas palavras!
    Repletas de realismo e sensibilidade!
    A ilustração é deliciosamente retrospectiva!
    Um abraço de luz!✨💐😘
    Megy Maia🌈

    ResponderEliminar
  32. Solidão e conflito num bonito poema!
    Boa noite, Graça...
    Meu carinho

    ResponderEliminar
  33. Não me é possível separar o poema da ilustração que o ilumina. Ou será o contrário?
    O desalento, a rejeição, sulcam a pele dos migrantes. O poema é uma dor partilhada, uma compaixão que nos questiona.
    Bem hajas, Graça, por nos dares a beleza e o desafio.
    Beijos.

    ResponderEliminar
  34. Um poema que denota mesmo o desalento latente dos imigrante.
    A dor expressa em poucas palavras, porque está tudo ali no poema.
    Achei a imagem muito bem para suporte do poema.
    Deixo um beijo
    Se cuide amiga Graça!
    :)

    ResponderEliminar
  35. O espírito prisioneiro molda-se às mãos da opressão. Esta solidão, magistralmente poetisada, quer abrir-se à claridade.

    Um beijo, minha amiga Graça.

    ResponderEliminar
  36. Tristes realidades.

    Tenho medo dos medos que assombram esses caminhos.

    Beijinhos e boa semana!




    ResponderEliminar
  37. Afigura-se, cada vez mais, a figura dos enjeitados, configurando um mundo de excluídos. Hoje são eles, logo a seguir seremos nós.
    Tão lúcida, Graça! Grato.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  38. Mestra, Graça Pires !
    Que beleza de texto !
    Quem não aprisionou esses"migrantes",
    a nos assombrar ?
    Causam-nos pesdelos, ferem a nossa
    alma e alteram os desenhos dos nossos
    corpos...
    Uma feliz semana e um carinhoso abraço,
    aqui do Brasil, nobre Amiga !
    Sinval.

    ResponderEliminar
  39. A rejeição dos migrantes não é mais do que racismo.
    E as vítimas do racismo "caminham por dentro do próprio desalento".
    Excelente poema, gostei muito.
    A foto foi muito bem escolhida.
    Bom fim de semana, querida amiga Graça.
    Beijo.

    ResponderEliminar
  40. É assim mesmo a solidão. Seja no próprio corpo, na alma, no país ou no mundo. O eco, o vazio, o despojo de tudo.

    Gostei muito Graça, faz reflectir, pois no caso dos migrantes poderia ser bem diferente.

    Beijinhos,
    Vanessa Casais
    https://primeirolimao.blogspot.com/

    ResponderEliminar
  41. Acumulando na pele a imcompreensão, a arrogância,...
    tantos golpes cruéis,
    os migrantes o desalento... num vácuo mais-que-perfeito, aqui num poema tão cheio de sentido em tão poucas palavras.
    Um beijo, Graça Pires. E saúde.

    ResponderEliminar
  42. Fantástico poema!

    Que bom poder ler-te de novo!


    Beijo

    ResponderEliminar
  43. Olá, querida Graça!

    Um poema curto, mas que nos diz tanto! Essa é uma das muitas qualidades da sua poesia.

    A imagem arrepiou-me, mas condiz, infelizmente, com as suas palavras. Provavelmente, nos países de origem dos migrantes, a imagem seja pior, mais fria e isenta de tudo, talvez, creio eu.

    Os desejos de há tanto tempo, ficam adiados e nunca mais se concretizam, pensam todos, mas no meio deste desalento ainda há quem os acolha, embora em lugares pouco satisfatórios, mas se vieram para Portugal ou para outros países europeus, sujeitos a morrerem no mar, é porque no país deles a situação é pior que cá, concluo.

    Conheço bem El Jadida, a nossa Mazagão, e sei dos anseios daqueles jovens homens. Em Tanger Med vemos eles olhando o mar, encostados aos altíssimos muros com arame farpado, gritando: Madame, je veux aller au Portugal pour toujours. Evidente que muitos querem alcançar Espanha, França, etc. mas eu compreendo o contexto das afirmações deles.

    Esperemos que, pouco a pouco, possam realizar alguns dos seus sonhos.

    Beijos, um abraço sincero e bom fim de semana.

    PS: voltarei a postar dia 31, não no meu blogue, mas no da Gracita. Obrigada, desde já!

    ResponderEliminar
  44. Bom dia Graça
    Um belo poema. Um abençoado mês de Setembro para vocês. Beijos.

    ResponderEliminar
  45. poema em que a linguagem é levada a tal tensão
    que o leitor fica submerso, como se fora tragado pela força
    das suas imagens poética.

    absolutamente "poderoso". e belo.

    beijo, querida Poeta

    ResponderEliminar
  46. Magnífico poema, querida amiga!
    Só tu consegues dizer tanto com palavras poucas.
    Beijo, saúde.

    ResponderEliminar
  47. though lap of earth is divided by scratches created by human's ignorance i believe each has right to migrate where he thinks he finds peace dear grace

    i think what we human need to "feel like being human" which we have lost in the desert of selfishness long ago
    a very sensitive poetry so beautiful said
    hugs!

    ResponderEliminar
  48. Los sin patria, que ha perdido la memoria de su origen, ante tanto desande y migración. Un abrazo. Carlos

    ResponderEliminar
  49. um poema que me tocou profundamente.

    Um beijinho comovido

    ResponderEliminar