Monia Merlo
até ao extremo da identidade, num ritual ontológico,
desvelado, inequívoco.
De relance, com um olhar apressado, reparo
na minha face reflectida em águas vagarosas.
Um denso nevoeiro veio ocultar a simetria
das margens mais próximas dos meus pés.
Avisto-me então em cidades onde as ruas são ruidosas.
Como se fossem caóticos todos os pontos de fuga.
Como se aos gestos de uns se sobrepusessem
os gestos dos outros. Sem diálogo.
Num enredo em tempo impreciso.
Onde as sombras se tornam turbulentas
e precedem, e perseguem, e se apropriam
de outros corpos, extenuados pela manipulação
suportada em noites ameaçadas de vazio.
Graça Pires
De Antígona passou por aqui, 2021, p. 22
Excelente trabalho poético, gostei.
ResponderEliminarUm abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Fica apenas um silêncio pesado...na nudez da noite...
ResponderEliminarGostei muito....
Beijos e abraços
Marta
"Vazio", "A ira de qualquer deus", o ocultar da simetria das margem pelo denso nevoeiro, um poema que tem de tão belo quanto de sombrio, sem luz desta vez e que teve um pensamento muito específico quando o escreveu e que hoje, pode representar a sombra da guerra e o que está a ser vivido naquele país.
ResponderEliminarUm beijo e bom início de semana
Também eu passei por aqui e percorri em silêncio cada rua e ruela do seu magnífico poema, Graça.
ResponderEliminarUm beijo
Um grande poema de grande qualidade literária a que já nos habituou. Muito oportuno.
ResponderEliminarUm abraço.
amiga passando para desejar uma feliz semana bjs saude
ResponderEliminarUm sem diálogo bonito, reflexivo e instigante.
ResponderEliminarTodos precisamos valorizar a identidade com compreensão e uma entrega espontânea.
Bom finzinho de Fevereiro, Graça, e um Março bem feliz. Bjs
Um belo poema amiga Graça, que nos prende às palavras, no breu silencioso da noite...
ResponderEliminarParabéns!
Votos de uma excelente semana, com muita saúde.
Beijinhos!
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
Poderia ter o poema sido hoje escrito.
ResponderEliminarTudo nele me leva ao presente, como
se os dias da ira irrompecem aos olhos
da Porta, sem fuga, sem as margens da
salvação. Os deuses devem estar loucos.
Belíssimo.
Uma semana de Paz e Saúde, Graça
Um beijo
Fixo-me na imagem
ResponderEliminarpois adoro as mãos
elejo-as
como a parte mais nobre do nosso corpo
e
tropeço no teu poema
"Como se aos gestos de uns se sobrepusessem os gestos dos outros."
Sem diálogo?
Impossível
pois
"No dia em que tuas mãos pararem
nada mais esperes da vida
pois nada te acontecerá sem elas"
Beijo
Bom dia Graça. Obrigado pelo poema maravilhoso. Desejo uma semana de paz e saúde.
ResponderEliminar"Um denso nevoeiro veio ocultar a simetria
ResponderEliminardas margens mais próximas dos meus pés.
Avisto-me então em cidades onde as ruas são ruidosas.
Como se fossem caóticos todos os pontos de fuga.
Como se aos gestos de uns se sobrepusessem
os gestos dos outros. Sem diálogo."
Magnífico poema, Graça. Consegui lê-lo como experiência do real. Um real triste e negro.
Beijo, querida amiga. Cuida-te bem.
Amiga estamos vivendo um tempo em que tudo
ResponderEliminaré mau demais e a mim me sufoca!!!
Tanto horror!!!
Tanta morte de inocentes!!!
Tanta maldade pela ambiçao de mais e mais!!!
Que tenhamos forças para aguentar tudo isto.
Bjs.
Irene Alves
Boa tarde Graça,
ResponderEliminarO seu livro "Antígona passou por aqui" está repleto de pérolas poéticas.
Este poema remete-me para os dias de hoje em que o mundo está a atravessar dias muito conturbados aqui maravilhosamente definidos: «Como se aos gestos de uns se sobrepusessem os gestos dos outros. Sem diálogo. Num enredo em tempo impreciso. Onde as sombras se tornam turbulentas e precedem, e perseguem, e se apropriam de outros corpos, extenuados pela manipulação suportada em noites ameaçadas de vazio.»
Tão belo e tão atual.
Um beijinho minha Amiga e Enorme Poeta.
Desejo-lhe uma boa semana com muita saúde.
Ailime
El poema es bastante oportuno, para estos tiempos de tanta manipulación y vacío. Un abrazo. Carlos
ResponderEliminarMinha querida, gostei do poema.
ResponderEliminarHaja alguma beleza nestes tempos cada vez mais trágicos...
Te abraço, desejando tudo de bonito na tua vida
Simplesmente fantástico! Obrigada pela partilha!
ResponderEliminar-
Mas, o que importa o carnaval lá fora?
Beijos e uma excelente semana.
Gran poema, Graça, tan introspectivo como expansivo... Un verdadero deleite leerla así.
ResponderEliminarAbrazo inmenso y sigamos cuidándonos todavía, amiga. Abrazo hasta allá.
Poema lindíssimo que me fascinou ler. Excelente trabalho poético
ResponderEliminar.
Saudações cordiais
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
Has sabido captar y transmitir la triste realidad del momento en un bello poema que llega al lector.
ResponderEliminarCariños y buena semana.
Kasioles
Boa noite de paz, querida amiga Graça!
ResponderEliminarEstamos num tempo cruel onde um passa por cima do outro como se fosse um trator.
Antes, me sentia triturada. Agora, me tritura uma máquina de esmagar sentimento como se fosse bicho.
Não posso ser feliz de tudo com o mundo em guerra ainda que uma parte mais cruenta.
O poema postado tem toda ligação com o real
Tenha dias de descanso abençoados!
Beijinhos carinhosos e fraternos
Belo poema. Remete para os dias de hoje, para esta guerra onde todos os pontos de fuga se tornaram caóticos.
ResponderEliminarUma boa semana e muita saúde
bjs
Mais um poema que adorei reler.
ResponderEliminarAbraço, saúde e boa semana
Lo tuyo es la cultura esta te hace ser cada vez un poco mas sabia
ResponderEliminarGraça,
ResponderEliminarMaravilhoso texto
e fascinante reflexão.
Precisei ler várias
vezes pausadamente.
Encantada deixo
Bjins de Carnaval
CatiahoAlc.
Very inspiring <3
ResponderEliminarhttps://www.alyinwanderland.com/2022/02/cute-grunge.html
Hermoso y reflexivo poema. Te mando un beso.
ResponderEliminarUm belo profundo duro sofrido poema, daqueles que cortamos a carne.
ResponderEliminarUm vazio que incontido que nos desagrega e nos leva aos porões sombrios da vida.
Imagem bem tradutora.
Beijo amiga e que a semana seja leve no geral.
O monólogo que cai no vazio. Um poema dolorido, muito adequado aos tempos. Premonitório.
ResponderEliminarSem diálogo, é sempre uma forma de extremar posições.
ResponderEliminarAbraço amigo.
Juvenal Nunes
ResponderEliminarUm belo poema para estes tempos tão sombrios que estamos vivendo.
Onde as sombras se tornam turbulentas
e precedem, e perseguem, e se apropriam
de outros corpos, extenuados pela manipulação
suportada em noites ameaçadas de vazio.
Beijos
diãlogo de mudos e gestos desencontrados....
ResponderEliminarmuito belo querida Poeta
Nunca foi tão imprescindível sabermos o papel atribuído à palavra. E como você sabe a importância do ato dizer. E como o dizes com tanta força que não cabe nenhuma outra palavra. Só esperar que haja diálogo. O imprescindível diálogo.
ResponderEliminarCuide-se, minha amiga Graça!
Um beijo,
O próprio olhar é poesia e as palavras completam o mesmo!!! Bj
ResponderEliminarE " Antigona passou por aqui " para nos avisar da importância do diálogo entre as pessoas , entre povos, entre nações, diálogo sincero com todas as raças, cores e credos, mas também , com a passagem dela por aqui, tivemos a confirmação de que o diálogo sempre faltou, em outras eras bem distantes, noutras mais recentes e , infelizmente, quase surpresa, nos dias de hoje, precisamente há mais ou menos uma semana. Mas também, Graça, a Antigona tira-nos, pelo menos a mim, qualquer esperança de que algo mude para melhor; a falta de diálogo continuará a a falta de respeito pelos povos menos desenvolvidos serão motivo de outras guerras, de muitos outros tumultos no seio das familias, de desavenças entre amigos, de dispustas por pequenos cargos na nossas comunidade, de violência de todo o tipo. A esperança vai-se perdendo, mas, mesmo assim, é bom que Antigona continue a passa4 por aqui para nos levar a reflectir na necessidade de fazermos a nossa parte, nem que seja " uma gotinha "neste oceano de horrores. Obrigada, Graça, pelo belo momento poético, embora triste. Beijinhos e saúde para todos. Boa noite, Amiga!
ResponderEliminarEmilia
Amiga, esse poema parece que foi escrito para o momento atual. Tão brutal toda a injustiça "das ruas ruidosas", "sem pontos de fuga". Eu já tive muitos pesadelos em que fugia para me esconder, mas a realidade é milhões de vezes pior.
ResponderEliminarSeu livro é divino.
Beijinhos
reality is ugly and dark when writer of reality are though human in appearance but worst than worst animal on earth dear Grace .
ResponderEliminari often thanked that dark times of history are long gone as people have wore civilization at least as show off but how sad that they cannot carry this pretense when it comes to suppress the weak or play dirty blackmail game in politics .
my heart aches and prays for people who are suffering from injustice like this
Olá Graça!
ResponderEliminarQue belo poema! Gosto da forma como encaixas as palavras, elas fluem! Gostei também do tom reflexivo, conversa demais com o que vivemos atualmente.
Abraço!!!
Poema tão bem escrito para o momento presente.
ResponderEliminarTanto vazio, e tantas palavras por dizer.
Muito reflexivo!
Desejo bao semana amiga Graça com saúde.
Beijo
:)
Graça, querida amiga, teu belo e tão verdadeiro poema, escancara a nossa atualidade, nossa fragilidade, nossa incompetência com tantas vidas perdidas, tanta atrocidade, tanta irresponsabilidade, tanta ganância... Onde está o diálogo que deveria ser o centro de tudo?
ResponderEliminarAssim caminharemos, atrás de soluções paliativas, momentâneas, que na verdade, não solucionam nada.
Parabéns, querida, belíssimo!!!
Uma boa continuação de semana.
Saúde e paz,
beijinho.
Palavras sentidas e sofridas num poema sublime.
ResponderEliminarBeijinhos
ResponderEliminarQuerida Graça
Que bela passagem de "Antígona passou por aqui" este seu post nos traz!
Em todas as páginas encontramos questionamentos sobre situações
passadas, presentes e futuras. Tudo abarca e tudo analisa, com
uma emoção que nos toca fundo. E nestas suas palavras e o título
que lhe deu, "Sem diálogo", como não nos revermos em cada verso?
Beijinhos
Olinda
Sublime poema que retrata este tempo triste e avassalador em que as bombas destroem um país pela ambição doentia de um homem sinistro, cruel e criminoso. Todos estamos ameaçados, e todos estamos solidários.
ResponderEliminar"Avisto-me então em cidades onde as ruas são ruidosas. / Como se fossem caóticos todos os pontos de fuga."
A foto sugere a tristeza do povo. Muito bela!
Beijo.
Olá, amiga Graça,
ResponderEliminarPassando por aqui, relendo este excelente poema que muito gostei, e desejar a continuação de ótima semana, com muita saúde.
Beijinhos!
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
Mais um excelente poema do seu excelente livro.
ResponderEliminarContinuação de boa semana, amiga Graça.
Beijo.
Belíssimo!
ResponderEliminarSomos coisas insignificantes ante os desvarios de deuses -de-pés-de-barro.
Beijinhos e tudo de bom, amiga Graça.
Olá, Graça!
ResponderEliminarUm poema em linha com os tempos e, realidade crua da Ucrânia.A tristeza não se esgota enquanto perdurarem ditadores e inimigos da liberdade e da paz.
Bj
Tempos antagónicos ao peito da humanidade...
ResponderEliminarRegressando e agradecendo o carinho no meu 'blog', Abraços. 🤍
~~~~~~~
Bonito poema
ResponderEliminarMuito profundo e real, gostei bastante.Bom final de semana.👏👏
ResponderEliminarBoa Tarde, amiga Graça,
ResponderEliminarPassando por aqui, para desejar um feliz fim de semana, com muita saúde.
Beijinhos!
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
Olá, minha amiga Graça,
ResponderEliminarmuito bom começar esse mês de março com as imagens que guardei desse seu belo poema, que mereceu de mim mais de uma leitura.
Meus votos de um domingo com saúde e paz. E uma excelente semana.
Um beijo, minha amiga, cuide-se bastante.
Se siente amiga. Gran poema que nos llega muy adentro por los momentos que vivimos.
ResponderEliminarBuen Marzo y fin de semana Graça.
Un abrazo.
Graça, minha querida amiga, como sempre, depois de fe ler, venho a " correr" para os comentários antes que as ideias se afoguem no mar das emoções que provocas com a tua poética.
ResponderEliminarE, para mim, talvez impressionada demais com a situação calamitosa que vivemos, todo o teu poema é o retrato fiel deste corpo ambulante de irmãos refugiados sem terra e agasalho
"Como se fossem caóticos todos os pontos de fuga".
Um grande beijinho para ti.
Oi, Graça!
ResponderEliminarUma nuvem negra está circulando a terra, o que reflete em todos nós. O vazio causado pela falta de respostas é ameaçador.
Boa semana!
Beijus,
Retornando aqui e deixando um abraço...
ResponderEliminarBoa semana, Graça...
Um poema forte. Mais incisivo, mas como sempre muito sensível e belo.
ResponderEliminarBeijo
Num tempo tão vazio... cada vez mais preenchido por tantas insanidades... Assim se reflectem cada vez mais as sociedades humanas em nós... nestes tempos de... desconstrução, acho eu!...
ResponderEliminarBrilhante leitura, deste nosso cada vez mais insano e insensato agora... que nos esvazia por dentro, enquanto nos preenche de angústias e ansiedades...
Mais um belo e profundo poema! Um beijinho grande! Feliz semana, com saúde!
Ana
Tão belo e tão atual
ResponderEliminarNeste tempo virado do avesso que nos atinge a todos.
Abraço e brisas doces *