15.7.24

Inclino o corpo sobre a terra

Jean-François Millet


Inclino o corpo sobre a terra 
para tocar o milho maduro. 
Tenho um arado impresso nos braços. 
Por isso a minha língua tem um sabor terroso. 
Um vegetal aroma esboça 
folhas de árvores em meus olhos,
íntimos das estações do ano. 
O mais luminoso verde 
invade a paisagem 
e um aceno inesperado fere-me as mãos 
como uma aflição ou um lamento 
de raízes em volta dos punhos. 

Graça Pires 
De Antígona passou por aqui, 2021, p. 48

44 comentários:

  1. Maravilhosa tua poesia,Graça e a imagem igualmente bela!
    beijos, linda semana! chica

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  2. Lavramos a vida, semeamos as palavras, depois colhemos luz e sombra e tudo isso é natural.
    Belíssimo poema o seu.
    Boa semana.
    Um abraço.

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  3. Imagem e poema, deslumbrantes, que muito gostei de ver e ler.
    .
    Saudações amigas. Semana feliz.
    .
    Poema: “ Lágrimas de Amor “
    .

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  4. Este poema evoca a conexão profunda entre o ser humano e a terra, revelando a íntima relação que molda e marca o corpo do trabalhador rural.
    O arado impresso nos braços e o sabor terroso na língua são testemunhos de um vínculo ancestral e vital.
    A presença do verde luminoso e o toque das raízes ressaltam a simbiose entre o homem e a natureza, sugerindo que a vida, em sua essência, é uma dança constante entre criação e aflição, entre o trabalho árduo e a beleza orgânica.
    É uma celebração do ciclo da vida e da terra que sustenta e transforma.

    Beijos carinhosos.

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  5. Boa tarde Graça,
    Um poema muito belo e tão profundo!
    A terra e o homem, o trabalho e a colheita, numa estreita ligação à terra e às suas raízes.
    Metáforas também muito belas que me fazem admirar ainda mais o seu estilo poético, único!
    Beijinhos minha amiga e Enorne Poeta.
    Tenha uma boa semana.
    Emília

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  6. Leio e sinto que regresso áqueles anos de criança ao ver os meus avós dedicados a essas tarefas.
    Bonito e sentido poema.
    Forte abraço de vida

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  7. A vida e os seus ciclos....a luz, as trevas, a alegria, a solidão...
    Belo
    Beijos e abraços
    Marta

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  8. “O aceno inesperado” sufoca sim, mesmo quando o milho colhido volta a ser pão. Comove-me tanto a beleza do seu poema! Obrigada...

    Beijinho, continuação de uma boa semana

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  9. Bem hajas, Graça, por este poema, mulheres mondando o milho com «um arado impresso nos braços.»

    Lembrei-me da canção "Milho Verde" do Zeca Afonso, de que transcrevo:

    «...
    Mondadeiras do meu milho
    Mondai o meu milho bem
    Não olhais para o caminho
    Que a merenda já lá vem»

    Beijos e abraços

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  10. La naturaleza lo llena todo con su aroma, muy bello.
    Abrazo

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  11. E não somos todos trigo, milho, centeio de ceifar? Ceifamos e somos ceifados.
    Boa semana, Graça

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  12. Olá, amiga Graça
    Poema realista, onde se realça o árduo trabalho no campo.
    Gostei bastante.
    Votos de uma excelente semana, com muita saúde e paz.
    Beijinhos, com carinho e amizade.

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com
    https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

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  13. Excelente , mesmo !


    Ai, como é duro o trabalho no campo ( a minha mãe bem o sabia ).


    Abraço, Amiga, boa semana.

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  14. Boa noite de Paz, querida amiga Graça!
    Lindíssimo!
    "O mais luminoso verde
    invade a paisagem"...
    E, assim, somos nós os abençoados com o fruto das mãos humanas pelos prados fecundos...
    Uma intensa expressão de amor campestre.
    Tenha uma nova semana abençoada!
    Beijinhos

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  15. Um belo poema sobre uma tarefa que foi tarefa de muita gente noutros tempos. Trabalho árduo o das ceifeiras. Morei junto de uma eira, onde os homens malhavam os cereais. Depois de colhidos os grãos, a palha era usada para encher os colchões.
    Abraço e saúde

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  16. Belo entrelaçar entra o corpo e a terra; entre o espaço telúrico, rural e a nossa propriedade móvel, carnal e carbónica. Também sinto mesmo: profundamente ligado ao conceito da natureza, do aroma terroso do esoaço agricola. Quando era jovem, pedi ao meu pai para ir para a Escola Agrícola da Paiã. Mas era ainda longe de Queluz e acabei por ficar pelo asfalto e cimento daquela vila, que também tinha e tem anda um pequeno espaço natural (junto ao palácio de Queluz).

    As últimas metáforas utilizadas no poema: "o aceno inesperado fere-me as mãos/ como uma aflição ou um lamento/ de raízes em volta dos punhos." são muito expressivas e fortes. Leio-as da seguinte forma: o subconsciente, o lastro cultural ainda não se libertou da paisagem natural e por mais que tentemos escapar, temos ainda essas raízes vegetais, toldando-nos qualquer tipo de existência que tente riscar absolutamente o espaço rural, o Countryside na formulação britânica.

    Boa semana, minha amiga
    Luís P.Gomes

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  17. Olá, amiga Graça, meus aplausos para esse
    singular poema que gostei muito de ler,
    como sempre acontece com seus poemas.
    Uma ótima semana, minha amiga Graça.
    Um beijo, paz e saúde.

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  18. Una vez más vocé pinta con versos y colorea con sosnoros trazos su poema... Un lujo leerla como siempre. Amo además la poética de Millet. MUchas gracias inspiradora Poeta!!

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  19. O milharal ondulou
    não por força do vento
    mas pela corrente
    do teu poema
    e até os pássaros se calaram
    certamente para escutarem
    esse lamento de raízes
    em volta dos teus punhos.

    Beijo

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  20. Terra e homem (ser humano) aqui neste poema
    em completa sintonia. Nada se esvai nesta
    entrega e tudo se conjuga nesse mundo rural
    que Jean-François Millet tão bem interpreta
    e de que o seu belo poema nos dá conta.
    Ou vice-versa. :)

    Gostei muito, querida Graça.

    Boa semana.
    Olinda

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  21. Bello y profundo poema. Te mando un beso

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  22. Hello Graça,
    Nice words in this small story. Working in the fields is hard.
    Wonderful image.

    Many greetings,
    Marco

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  23. Lindíssimas palavras.
    Senti-me aí nesse ambiente verde, a rasgar os braços nas folhas ásperas do milho...

    Beijinhos e boa semana!

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  24. Belíssimo poema!
    Já o conhecia (do livro), li e reli.
    Um beijo

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  25. Fala-se em Graça Pires e eu quero tudo. A Ortografia do Olhar" é uma seara madura de perfumes e promessa de pão.
    Grata por mais esta colheita.
    A primeira abordagem deixa-me abraçada à vida.

    Beijos, minha amiga Graça.

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  26. Boa tarde Graça

    Um poema que interpretei como uma homenagem às ceifeiras, cuja profissão era árdua e dura.
    Muito bem escrita, com uma imagem a condizer.
    Gostei muito, como já é habitual.
    Boa semana com saúde.
    Um beijo
    :)

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  27. Boa tarde de terça-feira minha querida amiga Graça. Obrigado pelo maravilhoso poema. Grande abraço carioca.

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  28. Sim , Antígona passou pelos trigais em plena colheita...
    As mãos eram ásperas e as bocas sequiosas...
    Excelente poema. E pertinente.
    Um beijo.

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  29. Maravilhoso poema, querida amiga,
    aqui no meu Estado, essa foto me é muito querida,
    somos um dos Estados, entre tantas outras coisas,
    considerado, também, um dos celeiros do país.
    Uma feliz semana, querida amiga.
    Beijinho, paz e saúde.

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  30. Querida Graça, é belíssimo este poema, justa homenagem à mulher ceifeira no seu trabalho árduo e penoso.
    Gostei de o reler. E de voltar a Catarina Eufémia, a ceifeira sem medo.
    Beijo. Fica bem minha amiga.

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  31. Amiga Graça,
    A Terra (planeta) é a nossa casa, sem fronteiras, idiomas ou bandeiras. A terra (que plantamos), nos dá os alimentos. Nascemos e vivemos da terra e um dia para ela voltaremos.
    Um beijo e tenha dias felizes!!!

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  32. Peço desculpa pela observação que vou fazer: o tempo do milho maduro é no outono, como bem ilustra o quadro apresentado, em que o verde não impera na paisagem.
    Na minha infância, havia uma cópia desse quadro no patamar de uma escadaria.
    Abraço de amizade, Graça.
    Juvenal Nunes

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  33. Lindo homenaje a todos los trabajadores del campo. Y bendita tierra que nos alimenta a todos.
    Buen fin de semana Graça.
    Un abrazo.

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  34. Olá, amiga Graça
    Passando por aqui, relendo este belo poema que muito gostei, e desejar os meus votos de um feliz fim de semana, com tudo de bom.
    Beijinhos, com carinho e amizade.

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com
    https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

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  35. Me encanta la metáfora de esa mujer hecha de sensaciones vegetales. Un abrazo. Carlos

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  36. 'fere-me as mãos e também os olhos,Graça
    com a beleza da fotografia que diz tudo que seu poema transcreve.
    Belíssimo !
    Ainda arranjo jeito de ler 'Antígona passou por aqui '...
    Um abraço ,amiga e bom fim de semana

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  37. Este seu poema é sublime Amiga Graça!...
    Colhi o poema, abracei o milho maduro e senti a ancestral, indomável e eterna ligação entre o ser humano e a terra. Senti os aromas há muito se vão dissipando e repousei o olhar no luminoso verde que invade a paisagem. Antígona passou por aqui!

    Um abraço e bom fim de semana minha Amiga Graça.
    Um beijo.

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  38. teresa p.3:54 da tarde

    O poema é de grande profundidade e beleza. O homem e a terra à qual pertence e o trabalho duro de que retira o seu sustento. A foto das mulheres na colheita do milho é excelente e das diversas metáfora do poema destaco a seguinte: "e um aceno inesperado fere-me as mãos / como uma aflição ou um lamento / de raízes em volta dos punhos".
    Beijo.

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  39. Boa noite, amiga Graça
    Passando por aqui, para desejar uma feliz semana, com muita saúde e paz.
    Beijinhos, com carinho e amizade.

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com
    https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

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  40. Eram tempos difíceis onde tudo era feito à mão.
    Felizmente que hoje há máquinas, embora a paisagem não seja nada poética...
    Excelente poema, como sempre.
    Boa semana minha amiga Graça.
    Um beijo.

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  41. Maravilhas-me com as cenas poéticas que me levam longe, pra tão longe!
    As tuas metáforas são a melodia descritiva de uma música que tanto está no sorriso como nas memórias que cada vez mais se acentuam no tempo que já não vejo.
    E tudo és neste poema porque tudo sentes de tal forma , que é um todo indissociável.
    Parabéns, muitos!
    Abração

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  42. Mais um belo momento.
    Tempos em que tudo era feito com a força dos braços.
    O poema é belo e profundo
    Abraço e brisas doces ***

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