6.11.06

Em seara alheia



O unicórnio

Ele veio da última
brisa da tarde.
Sua crina de sonho
sua leveza de infinito
pairavam
invisíveis
em plena praça
de domingo.
Nos canteiros
os gerânios sorriram
pombos voaram assustados
árvores festejavam alumbradas.
Tudo era felicidade
ante a visitação
daquela surpresa.
Ele veio do além
dos segundos
de um tempo
enraizado para lá
do próprio tempo.
Ele irrompeu do primeiro
anel de Saturno.
Suas patas de vento
seu dorso de núvem
levitavam
impossíveis
no pleno coração
do domingo.
No coreto
a banda
como nunca
tocou melodiosa sinfonia
balões abriram
suas cores pelo ar
namorados bailavam
plenos de esperança.
Um unicórnio
resplandeceu
súbito
o pleno sentimento
da infância.

Alexandre Bonafim

2 comentários:

  1. o movimento
    em espiral
    em sonoridade intacta
    estala teus músculos
    as fibras de tua vida

    o pulsar dos planetas
    das galáxias
    as rotações da terra
    as fases da lua
    participam desse tumulto
    que é o teu corpo:

    explosão de gametas
    e estrelas cadentes
    pulsar de artérias
    e ritmos solares
    a amanhecer o mundo
    na cadência dos teus pulsos

    em vendavais
    agitas o percurso dos fatos
    o destino sem rosto
    de todos os humanos

    alheios a ti
    os dias
    tramam teu destino
    o recôndito dos teus segredos

    e basta um gesto
    um aceno
    para que os ciclos cósmicos
    a História
    o vôo dos pássaros
    pertençam
    ao agitar de tuas células

    o movimento
    esse mistério!
    traz ao mundo
    o teu corpo intacto:

    roteiro dos teus passos
    desfeito
    pelo sal e pelos segundos

    Alexandre Bonafim

    LP

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  2. Querida amiga, obrigado pela dádiva! Alê Bonafim.

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