10.7.07

Na entrada porosa da noite

Simon Tysko


Na entrada porosa da noite,
uma canção de embalar reconduz-me à inocência,
pela mão de qualquer encantamento.
Um negro perfume exala dos meus cabelos,
ateando-me, na cara, a remissão de todas as culpas.
Sou uma criança receosa
que salta um muro, denso de heras
e procura, por sombras invisíveis,
o caminho de casa.


Graça Pires
De Conjugar afectos, 1997

7 comentários:

  1. quem conhece a noite é eternamente a criança receosa. mas as sombras tornam-se nossas aliadas apesar dos caminhos tortuosos.

    beijos

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  2. A imagem está cheia de encantamento...

    A Lua deveria apaziguar os receios da criança...

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  3. (não é a Lua... é o Sol a nascer...)

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  4. Esta criança, esta memória da inocência perdida e dos gestos iniciáticos que abriram e fecharam portas apontam em tantos dos seus poemas! Regressar a casa é um desejo que entendo bem. Há uma frase (hoje estou muito dada às intertextualidades) de que gosto muito e me vem a propósito do seu poema:
    «Podes sempre regressar, desde que entendas que casa é um lugar onde nunca estiveste antes.»
    Um beijo, uma boa noite

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  5. As sombras tornam-se nossa aliadas... Também concordo Teresa. Um beijo e obrigada.

    Luis, obrigada. O que nos assusta não é a luz, mas as sombras quando invisíveis. Um abraço.

    «Podes sempre regressar, desde que entendas que casa é um lugar onde nunca estiveste antes.» Lindo Soledade.
    De facto a infância e a inocência com todos os seus ritos e gestos são um tema recorrente da minha poesia. Confesso a minha obsessão. Esta e outras... Um beijo e obrigada.

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  6. Paula Raposo, que é feito de si?
    Obrigada pela visita. Um beijo.

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