6.8.07

A memória das mãos



Com luz e sombra se desenha
a memória das mãos :
Primordial labirinto dos anjos.
Receptáculo onde o tempo divino é perene
e se manobram os pormenores biográficos
dos que recusam a morte.
Dédalo estava enganado.
Quaisquer asas começam rente ao sol.
O pressentimento do voo tem raízes no fogo.
Um pássaro reflecte nos olhos o cume dos sonhos
e respira luz, à tangente da noite.


Graça Pires
De Labirintos, 1997

9 comentários:

  1. Tanta luz... e alguma sombra, e claro, asas também, ajudam a voar...

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  2. o pressentimento do vvo tem raízes no voo porque é nessa altura que os pássaros compreendem; que rente à noite e no deserto da não vida é o único lugar onde se consegue voar.

    (tenho pouco acesso à net, é difícil de visitar os blogs)

    beijos

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  3. É no labirinto dos anjos onde encontro a paz entre os teus versos, entre cada estrofe, entre cada letra que me põe a voz em movimento... onde talvez estejam as raízes do meu voo!


    Um beijo!

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  4. nesta noite, não há tangentes
    mas apenas poemas, palavras, toques, olhares

    e o céu do algarve assumindo o poema ainda escondido

    belíssimo poema!!!

    abraços
    jorge vicente

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  5. Gosto muito da depuração das tuas palavras e do seu profundo respirar.

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  6. Obrigada Luis, Teresa., A.S.. José Manuel Dias, Jorge Vicente e Helena, pela vossa visita e pelas vossas palavras tão cheias de encanto... Um beijo para todos.

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  7. O poema leva-me aos mitos que celebram a grandeza humana - mesmo que o preço seja a queda, concordo profundamente: as mãos do Homem são asas e o fogo a nossa herança "doas que recusam a morte". Gosto muito deste poema! Do que tem de afirmativo. E da beleza das imagens, como a dos últimos dois versos.
    Um beijo

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  8. Obrigada Soledade, pelo que diz, pelo que entende. Um beijo.

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