21.6.09

Em seara alheia


Anjo

Acreditei num anjo que vivia
no parapeito granítico do quarto.
Não tinha altura, a única medida
eram as asas abertas
como as das borboletas sobre
o milho. Uma asa quebrou-se
no entanto continuava asa
às vezes mais forte do que a outra.
Fascinava-me o anjo da janela.
No alvoroço dos meus sete anos
contei-lhe um namoro de meninos
e amoras. O anjo caiu.

Maria Augusta Silva
In: Dança de Matisse. Vila Nova de Famalicão: Quasi, 2004

36 comentários:

  1. Gostei da ternura do poema. Beijos.

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  2. "No alvoroço dos meus sete anos
    contei-lhe um namoro de meninos
    e amoras."

    Ainda conto. Não tenho sete anos ... para falar verdade, sequer sei a minha idade ... a volatilidade dos "trapos" dá-me essa condição.

    Por vezes os "anjos caiem". Ai, amparada no que não sei, se Deus ou Universo, tenho a graça de encontrar, aqui e ali, e mais além, poetas como a senhora que, generosamente me conduzem a outros poetas como neste caso e que, confesso, desconhecia. E agradeço. E (re)acredito.

    Saudações com estima. A ambas.

    *__bonecadetrapos___*

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  3. Num toque esvoaçante de ternura, um poema que roça em nós, como uma memória de infancia.
    Gostei muito. Um nome que eu não conhecia.

    Abraço
    apertado de ternura

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  4. A ternura, o fascínio pelas histórias que se escutam, inventam-se e em que se triunfa sempre...
    Lindo...
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

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  5. um doce poema com o perfume da infância. obrigada por divulgares.
    beijos

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  6. Um poema lindo. Delicioso. Fantástico.
    É como regressar de novo como Anjos à terna e pura Infância.
    Excelente. Adorei.
    Parabéns sinceros.
    FABULOSO.
    Abraço

    pena

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  7. Querida Graça

    um poema doce e terno.

    uma boa escolha de uma autora que confesso desconhecia.

    obrigada!

    Beij

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  8. Curioso poema.Fico a pensar nele.

    um beijinho

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  9. Como gostei de conhecer!

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  10. Um belo poema nostálgico.
    Mas…os anjos caem ou somos nós que os derrubamos?

    Abraço

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  11. Os anjos na minha janela
    que vestiam de alvoroço a infãncia,
    sucumbiram à voracidade do sol.

    concerto agora o destino do olhar
    a redimir a condição para existir.

    _____
    Também não conhecia Graça.
    Obrigada. E um beijo, imensíssimo

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  12. O importante é ter um anjo pra escutar o que nossa vida tem a dizer...

    Beijo grande, Graça.

    Que sua semana seja de luz!

    Rebeca

    -

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  13. Anjo de asa quebrada... só cai com um vento muito forte. Foi o que aconteceu!

    Bjinhos

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  14. "Uma asa quebrou-se
    no entanto continuava asa
    às vezes mais forte do que a outra."


    Lindo este poema de Maria Augusta Silva

    Um beijo Graça e obrigada!

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  15. Repito

    Um dia havemos de ser crianças

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  16. "...Uma asa quebrou-se
    no entanto continuava asa
    às vezes mais forte do que a outra."

    Porque a Vida é assim mesmo..

    Um excelente reflexo, talvez sobre nós próprios.

    Um grande beijo e um bom S. João.

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  17. bons são os anos em que os anjos nos acompanham. Mas, caiu?

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  18. bonito este poema de Maria Augusta Silva. Desconhecia a autora. Obrigada, Graça, e muitos beijinhos.

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  19. teresa p.1:52 da tarde

    Um sussurar de asas...
    Muito lindo este poema!
    Beijo.

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  20. misturar anjos e amoras é no que dá: as moras ruborizam a face e os anjos perdem as asas...

    gostei muito.

    beijo

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  21. O que me fascina na escrita da Maria Augusta Silva (poesia e prosa) é o modo como ela articula
    a experiência vivida no dia-a-dia (passada e presente) com todo o universo das emoções. Uma escrita do equilíbrio.
    Boa escolha, Graça.
    Um beijo, minha amiga.

    v.

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  22. Um poema cheio de ternura...
    Quantas vezes mesmo de "asa" partida somos mais fortes?
    Beijinho de lua*.*

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  23. "O anjo caíu"
    ...porque anjos não se dão com alvoroço nas palavras. Passa por vezes o sonho da companhia de um anjo no parapeito da minha janela...

    Muito bonito!... Obrigada por dar a conhecer.

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  24. Os anjos não namoram...

    coitados... não têm sexo...


    Beijocas

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  25. Minha linda, parabéns pela contínua generosidade e pelo bom gosto das escolhas.

    Um abraço.

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  26. Nascem a todo o instante
    Os sentires vindos da alma
    Tatuados a cada semblante

    Um beijo na tua procura
    Um abraço fica suspenso
    Um sorriso desponta da tristeza
    Um olhar prende o momento


    Boa semana



    Doce beijo

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  27. Esse belo poema lembrou-me o conto “Réquiem por um Fugitivo" do Caio Fernando Abreu. Algo entre o mistério e a infância. "Anjo" é de uma dor luminosa, que se abre à vida, em oposição a grande falta de sentido que empalidece os dias do menino personagem do Caio. Também ressalto a ternura dos versos de Maria Augusta Silva, já destacada aqui por alguém em outro comentário. =)
    Um beijo,

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  28. Excelente o teu post, adorei o poema que dizes ser da autoria de Maria Augusta Silva, obrigada pela partilha,bem escolhidas as fotos, Graça.
    Jinhos mil

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  29. Os anjos praticam mto a arte de cair... Mas acabam sempre por se tornarem íntimos.

    Beijinho

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  30. Acreditamos. Moldamos a imagem.
    Por fim... uma história.
    E esfuma-se a fé.
    Beijo.

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  31. As 3 últimas palavras, no meu entender, são a alma que conferem a excelência ao poema.
    Não conhecia nada da autora, mas fiquei com apetite de a ler mais...
    Querida amiga, tem um bom resto de semana.
    Um abraço.

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  32. Que Anjo distraído!!!
    obrigada Amiga e Parabéns por me/nos trazeres essa Autora que não conheço e de cujo poema gostei tanto.

    Beijos

    Maria Mamede

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  33. Graça...

    Todos temos recordações da infância que nos falam de anjos... Lembro-me de uma gravura de um Anjo da Guarda que protegia uma criança de olhos vendados que brincava junto a um lago e que o Anjo Protector guiava os seus passos...

    BjO"ss

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  34. ...haverá sempre anjos :))
    Um abraço*****

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