20.1.10

ATÉ SEMPRE, MÃE







Até sempre,
Mãe






Mãe

Mãe: Que desgraça na vida aconteceu,
Que ficaste insensível e gelada?
Que todo o teu perfil se endureceu
Numa linha severa e desenhada?
Como as estátuas, que são gente nossa
Cansada de palavras e ternura,
Assim tu me pareces no teu leito.
Presença cinzelada em pedra dura,
Que não tem coração dentro do peito.


Chamo aos gritos por ti — não me respondes.
Beijo-te as mãos e o rosto — sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
Por detrás do terror deste vazio

Mãe:
Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!
Miguel Torga
As rosas são do D'Ângelo

5 comentários:

  1. As rosas que amamos deixam-nos nas mãos o seu perfume que não se extinguirá...

    Abraço

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  2. ...Tu já tinhas um nome, e eu não sei

    se eras fonte ou brisa ou mar ou flor.

    Nos meus versos chamar-te-ei amor.
    *
    Eugénio de andrade

    Um abraço grande

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  3. Este belíssimo poema de Torga, remete-nos para um dos momentos mais intimistas e avassaladores das nossas vidas.

    um beijo

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  4. "quero acabar entre rosas porque as amei na infância". um beijinho para a Graça e obrigado pela sua poesia e a dos outros

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  5. Querida Graça, estranhava seu sumiço, em conversa com nosso Victor fiquei sabendo. Que a graça viva da poesia, alento de pura esperança, irradie sempre seu coração. Beijo. Saudades.

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