25.2.14

Em seara alheia



Há um rumor nesta distância,
um ardil com que tinjo as palavras
em armadilhas que vibram 
mas não protegem. Há um porto,
deserto e húmido, como todos os portos
quando não estás, e há também um mapa,
um antiquíssimo mapa sem litorais
nem margens, onde eu refaço
esta insuportável sede de ti
comigo a desenhar ilhas no outro lado
do tempo. Há ainda - ou parece
haver - uma ponte... uma passagem
ameaçada - e tudo isto, tudo, porque
há um rumor nesta distância.

Victor Oliveira Mateus
In: Gente dois Reinos. Fafe: Labirinto, 2013, p. 25

25 comentários:


  1. A distância dita rente à possibilidade da perda, ainda que... pontes, travessias se avistem.

    Muito belo!

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  2. Os rumores que tudo destroem...aumentam a distância...
    Mas tudo é possível quando há ainda uma ponte....
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

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  3. Há sempre vida [e rumores] entre os poemas.

    Muito bom o poema do nosso Victor.

    Abraços
    Jorge

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  4. Um belo poema, Graça! Muito bonito mesmo.

    Beijos

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  5. Muito lindo este poema, este rumor! Beijinhos, Ailime

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  6. Há um sentir transparente em cada sílaba.

    Beijo

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  7. Magnífico poema!! Rumores que se me entranharam na alma, e me deixaram em estado de contemplação.

    Grata! Deixo beijos

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  8. teresa p.8:57 da tarde

    Palavras cheias de significado e emoção. Gostei muito do poema e desta partilha. Parabéns ao Victor.
    Beijo.

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  9. Somos movidos por muitos rumores...
    Uma bela escolha poética.
    Um beijo, querida amiga Graça.

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  10. Gostei muito deste poema.
    Parabéns, Victor.

    Manuel Fazenda Lourenço

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  11. Porto lugar de refúgio, de chegada e de partida. Haja ponte.
    Muito belo o poema escolhido.

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  12. Gosto muito da poesia do Victor Oliveira Mateus. E soubeste escolher, Graça, como ninguém esse poema, porque 'há um rumor nessa distância' que se desfaz pelas palavras.

    Um beijo, minha amiga!

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  13. Há palavras que protegem. Há sempre pontes mas nem sempre há vontade de as atravessar.

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  14. belíssimo poema.

    e bom conhecer novos Poetas.

    gostei - deveras!

    beijo

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  15. Fabuloso este poema! Adorei!
    A verdade é que há sempre uma distância, há sempre um rumor por ouvir e é isso que nos mantém vivos!

    Beijinhos

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  16. Gostei muito.
    Não conheço Victor Oliveira Mateus...mas fiquei curiosa.
    abraço e brisas doces**

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  17. a escrita alheia,

    em seu lugar


    um abraço, Graça

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  18. Muito belo este poema que escolheu para aqui editar.

    (gosto muito do título do blogue.)

    bj

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  19. Desenhas ilhas do outro lado do tempo porque as ausências provocam a sede, ameaçam as pontes e há,na distância, um rumor sem margens. Um poema muito belo como é todo o teu livro "Gente dois Reinos". É um gosto ter-te na minha "Seara alheia".
    Um beijo, meu Amigo Victor.

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  20. Estou aos poucos voltando a esse mundo encantado
    onde nossas amizades se eternizam com o passar
    do tempo somos vidas que se une através de sonhos ,
    e sonhos dos mais lindos ,
    é esta amizade que atravessa mares ficando sem fronteiras ,
    sem barreiras .
    A semente boa e plantada em solo forte será
    nossa colheita farta de amizades eterna,
    que seguiram nossas vidas com nossos
    mais absolutos sonhos em que sonhar é possível..
    Deus esteja contigo e comigo.
    Beijos carinhos na alma.
    Evanir..

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  21. Boa Tarde, Graça.
    A saudade é sempre o nome do cais, e o Corvo sempre anda de roda e faz crás crás... Sou servos do tempo, somos anzóis e peixes... e sempre seremos saudade como no principio.

    Nem todas as marés levam a poeira das tristezas e das despedidas.
    Um beijo

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  22. Num poema "de distâncias" há, apesar de tudo, uma ponte, mesmo passagem ameaçada... o leitor passa a ponte, com deleite.

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  23. Um Poema muito bonito ! Não conhecia o Poeta , mas gostei muito deste Poema !

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  24. Adorei este poema do teu amigo Victor!! De facto,é lindo ver como a poesia nos transporta para um mundo mágico e belo!! Beijinhos fofinhos!! http://sandrasofiaafonso1.blogspot.pt

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