1.12.25

O poeta chorou


Gabriel Pacheco
                           



Diante do mar mediterrâneo
o poeta chorou.
E em nome das águas
nos acusa de mortes
de exílios de orfandades
de limos de sangue
a cercar os barcos
de areias magoadas
pelos naufrágios.
Quem poderá omitir
a indiferença dos dias
traídos em cada pátria?

Graça Pires
De Talvez haja amoras maduras à entrada da noite, 2025, p. 33

13 comentários:

  1. E há razões para continuar a chorar, já que os naufrágios, mais frequentes no Verão, continuam a acontecer nas costas norte do mar mediterrânio.
    Excelente poema.
    Boa semana e feliz mês de Dezembro minha amiga Graça.
    Um beijo.

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  2. Boa segunda-feira e um excelente mês de dezembro minha querida amiga Graça. Já chorei com vários textos. Grande abraço do Brasil.

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  3. Há tanto acontecendo que até o poeta chora!
    beijos, feliz dezembro! chica

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  4. E quanto se chora, amiga Graça. O poema é um espelho para o próprio homem, mas os responsáveis evitam-no, e o que se vê é a explosão do silêncio diante da indiferença no entre vão das trevas. Somos atingidos em cheio. E choramos.
    Um belo trabalho de linguagem.
    Uma boa semana para ti, amiga!
    Beijo,

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  5. É de facto tráfico, os naufrágios que vão acontecendo matando aqueles que procuram refúgio num lugar seguro.
    Excelente poema que aqui partilha, amiga Graça.
    Gostei bastante.
    Beijinhos e feliz semana com tudo de bom.

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com

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  6. Boa tarde Amiga Graça!
    Um poema que se levanta como mar antigo, profundo, comovido e acusador.
    A voz poética devolve-nos a dor das travessias e a sombra das perdas, lembrando que cada onda traz histórias que o mundo prefere esquecer.
    Entre naufrágios e pátrias traídas, o texto convoca-nos à responsabilidade de olhar o que tantas vezes fingimos não ver.
    Uma reflexão breve, mas de grande densidade humana.
    A foto de suporte está em sintonia.
    Um belo momento de Poesia como já nos habituou a “nossa” Graça Pires.
    Boa semana com saúde e Poesia.
    Deixo um beijo
    :)

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  7. Olá Graça! Acho lindo seus poemas é de tanta sensibilidade. Me toca profundamente. Abraços.

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  8. Lucidez cortante dentro da poesia, existe...mas não é muito vulgar ser assim sem ser panfletário e este poema consegue,

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  9. As lágrimas perante o drama. Como há quem use a violência por não compreender o fenómeno?
    Boa semana.
    Um abraço.

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  10. Boa tarde Graça,
    Um poema muito emotivo que faz pensar e refletir sobre a atitude humana,
    perante o choro do poeta, diante do cenário de tantas tragédias.
    Não podemos ignorar e o Poeta dá voz e testemunho.
    Um grande beijinho, minha Amiga e Enorme Poeta.
    Tenha uma boa semana e um mês de Dezembro muito abençoado.
    Emília

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  11. Olá, querida amiga Graça!
    Temos visto coisas bárbaras, sofrido e chorado com a humanidade que sofre e chora... inconsolável.
    Naufragios em vários sentidos estão à tona, a olhos nus.
    Tenha um dezembro abençoado!
    Beijinhos fraternos

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  12. O Mundo perde-se nas tragédias que tantos ignoram, mas que outros cantam nas palavras do poeta....
    Beijos e abraços
    Marta

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  13. Las traiciones que tanto lamentamos, las defraudaciones a nosostros mismos ..Otro gran Poema, amiga Graça.
    Abrazo admirado!!

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