Manuel Alvarez Bravo
Era o tempo das colheitas.
Coroada de silvas, uma mulher
dançava, nua, no meio do trigo.
Tão líquida, a luz, contornava-lhe o olhar,
num movimento lento, quase discreto,
como se lhe pusesse, nos olhos,
o improvisado voo das estrelas.
Nunca se soube o que lhe aconteceu.
Mas, às vezes, de noite, ainda um rumor
de solidão se confunde com o vento.
Graça Pires
Coroada de silvas, uma mulher
dançava, nua, no meio do trigo.
Tão líquida, a luz, contornava-lhe o olhar,
num movimento lento, quase discreto,
como se lhe pusesse, nos olhos,
o improvisado voo das estrelas.
Nunca se soube o que lhe aconteceu.
Mas, às vezes, de noite, ainda um rumor
de solidão se confunde com o vento.
Graça Pires
De Quando as estevas entraram no poema, 2005
estava a descrever como a comecei a ler
ResponderEliminarentro de novo e deparo-me com este poema
a beleza enche por inteiro a dança que se sente, enquanto os olhos se deslumbram com as imagens que as palavras refletem
o vento, a solidão, a dança que voa na noite...
aqui transpira e brota o belo!
um abraço
lena
Lena, o seu pai fez um belo trabalho, ao ensinar-lhe a amar a poesia e os poetas. Ao lado dos nossos melhores, sinto-me pequena, mas bebo deles tudo o que sou capaz sem a "angústia da influência", isto é: deixo-me influenciar por toda a boa leitura. Obrigada por mais esta sua visita e pelas palavras sensíveis e belas. A sua cabana tem (no pouco que já vi) excelente poesia.Um beijo
ResponderEliminarÉ sempre um prazer visitá-la.
ResponderEliminarUm abraço e boa semana, de preferência com a sua excelente poesia.
;)
Vamos divulgar e apoiar o cinema Português.
ResponderEliminarVejam o projecto cinematográfico "La Lys" e participem no Casting.
Visitem:
www.lalys-ofilme.blogspot.com
Obrigado
fico sempre a pensar se no fim a mulher está condenada à solidão (penso que nem os poetas homens se condenam deste modo)
ResponderEliminar- Devo estar muito má para comentar :)
malditas segundas :(
Obrigada Menina pela visita e por tudo. Um beijo.
ResponderEliminarTeresa, as segundas-feiras às vezes são ruins, mas hoje o dia está lindíssimo e não vamos pensar na solidão. Na nossa e na dos outros... Oa teus comentários são sempre pretinentes. Um beijo.
Trazia o vento batendo-lhe no rosto
ResponderEliminaro aroma dos campos nos lábios,
A liquida luz contornava o seu perfil...
Talvez a levasse para onde a seara acaba
e a transparência se turva
ilimitadamente!
Um beijo!
Tentei deixar vários comentários, mas o sistema está contra mim. Cheguei aquii através dos Gatos Nocturnos e ainda bem que cheguei, pois deparo-me com um belo poema forte e telúrico, estupendamente acompanhado por uma fotografia de Alvarez. Um prazer.
ResponderEliminarL.
(Laura)
A.S,"Talvez a luz a levasse para onde a seara acaba...", Talvez. Mas como o saberemos se "a transparência se turva ilimitadamente"? Obrigada e um beijo.
ResponderEliminarObrigada Laura. Ainda bem que cá chegou e que gostou. Volte sempre. Um beijo.
Como disse a Laura, é um poema telúrico, que evoca ritos muito antigos, como se Pã vivesse algures, talves no som do vento, e fosse esse corpo feminino "coroado de silvas" ao tempo das ciolheitas. Gosto muito quando escreve assim, Graça, e quando lhe *escuto* as imagens.
ResponderEliminarUm beijo, uma boa noite.
Valham-me os deuses. As gralhas propagam-se exponencialmente. Deixei umas quantas no comentário que fiz antes.
ResponderEliminarSoledade
Olá Soledade, também gosto quando você gosta. Estes poemas que diz gostar, pertencem a um livro que escrevi quando arranjámos uma casita no campo e, com isso vieram emoçoes novas: outras gentes, outras realidades, outras paisagens. Chama-se "Quando as estevas entraram no poema". Obrigada pela sua sensível opinião. Um beijo.
ResponderEliminarA casa no campo. Entendo. A leitura é um mecanismo curioso - mesmo sem dar por isso, é a nós que procuramos no poema alheio. Há estevas, uma casa no campo (e uma canção de Elis Regina) dentro do poema. Eu é que tenho que lhe agradecer pelo que me deu a ver.
ResponderEliminarSoledade, ouve a Elis Regina no poema?... "Eu quero uma casa no campo... onde eu possa levar meus amigos meus discos meus livros e nada mais". A poesia é isto uma prodigiosa teia de desejos comuns. Um beijo.
ResponderEliminarGraça, já conhecia esse texto. Creio que já li todos os seus poemas e a sensação que eu tenho é que eu terei de lê-los no eterno (para lembrar uma palavra cara ao nosso amado Vergílio Ferreira). E a foto??? Tão linda!!! Seu marido, mais uma vez, soube escolher o tom certo para nota musical exata. Olha, mando-lhe de volta o exemplar de o Reino da lua. Você é a verdadeira rainha desse reino. Rs. bj.
ResponderEliminarSim, é essa canção da Elis que escuto no poema, Graça :)
ResponderEliminarSoledade