21.10.07

Um espaço rival da minha sombra

Willy Ronis

Inesperadamente indago um suposto dia
em que o assombro ganhou asas de albatroz
no meu corpo e voou, a grande altura,
para o sul de um contexto sem remédio.
Ouço a exuberância do prazer
repleta de nocturnos muros,
dissimulados no rito corporal
de uma solidão indiferente a todas as consequências
e espreito o teu rosto por cima do ruído da cidade.
As minhas pernas lentas vincam, no chão,
um espaço rival da minha sombra,
e um aceno indicia todos os sítios,
desertos de palavras onde perigosamente te procuro.


Graça Pires
De Conjugar afectos, 1997

11 comentários:

  1. a força do desejo -

    gostei, Graça!

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  2. As minhas pernas lentas vincam, no chão,
    um espaço rival da minha sombra,
    e um aceno indicia todos os sítios,

    _______________________
    _______________________
    _______________________.


    brilhante. a tuA sombra.

    cintila!.

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  3. É interessante como a fotografia e o poema jogam na mesma área, a de uma intensidade célere, algo oblíqua, talvez mesmo clandestina. A do desejo, por certo, como diz a maria m.
    Um beijo

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  4. Asombraprojetadanaluz

    oequilibrionaassimetria

    LINDAS PERNAS

    NO MEU ESPAÇO

    LENTAMENTE

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  5. O caso Cláudia, não está perdido. Mandem Mails a esta gente e não só:

    geral@embaixadadobrasil.pt

    Temos que estar solidários com a menina Cláudia.

    Pede a outros blogues que façam o mesmo.

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  6. Gostei. Excelente cantinho este...

    Parabéns :)

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  7. Este poema nem parece teu, Graça...

    ao ler, parece-me mais rápido, não se são as pernas, se as sombras...

    Abraço

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  8. poema rente ao chão. na exuberância dos corpos. a violação da luz na cintilação das sombras...

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  9. um beijo Graça.




    __________________


    obrigada.

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  10. Pé-atrás-pé, pela desregulada calçada, mulher de coragem, enfrentando a sombra adiante.

    Belo.

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  11. Maria, também gostei que viesses.
    Isabel, a tua simpatia é que brilha neste meu espaço.
    Soledade. É o desejo, sim: algo oblíquo, algo clandestino...
    Obrigada Mar Arável pela visita e pelas palavras.
    Obrigada Alquimista e volte sempre.
    Luís, o poema não parece meu? às vezes acontece...
    Herético, gostei do poema rente ao chão, apesar das asas...
    Tchivinguiro, obrigada pela visita e pelas palavras. Estarei atenta ao teu espaço.
    Um beijo a todos.

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