9.1.08

De noite

Scotia Luhrs




De noite, o silêncio não apaga as imagens
sulcadas no olhar.
Um calamento, pressentido pelas fêmeas,
desnorteia os animais com cio.
Entre sombras, abordam-se segredos litigiosos.
As mulheres escondem, sob a roupa,
a prenhez da terra e sangram
os nós dos dedos no velho loureiro,
outrora plantado para coroar heróis
sem rosto, da estirpe dos homens.


Graça Pires
De Quando as estevas entraram no poema, 2005

28 comentários:

  1. O silêncio nunca apaga imagens, querida!Pelo contrário...
    Abraços.

    ResponderEliminar
  2. excelente "litígio".



    de terra e sangue!



    Graça...



    (uma maravilha)




    beijo. grata.

    ResponderEliminar
  3. As mulheres escondem,
    -----------
    Todo o mundo (quase todo) esconde. A não ser as tribos (que dizem primitivas) que pouco ou nada escondem. E não sentem qualquer pudor, nem daí advém qualquer mal para o mundo. E segundo me consta, não há agressões, nem qualquer género de violência.
    Fica bem.
    E a felicidade por aí.
    Manuel

    ResponderEliminar
  4. o silêncio aconchega o nosso olhar e afaga o nosso sentimento profundo.

    ResponderEliminar
  5. belas as palavras que semeias. folhas de loureiro. em teus cabelos...

    brilhante.

    ResponderEliminar
  6. Palavras sublimes carregadas de simbolismo.

    A fotografia é também muito bela e tem tudo a ver.

    Beijos

    ResponderEliminar
  7. Cheguei aquí por casualidade, pero pareceume unha blogue marabillosa, volverei.

    Saúdos

    ResponderEliminar
  8. na noite. silenciosa iniciação. a pele sobre o leito de terra.

    ResponderEliminar
  9. e de como à noite as imagens são mais nítidas e assustadoras. beijo.

    ResponderEliminar
  10. gostei bastante!

    "outrora plantado para coroar heróis
    sem rosto"

    uma ode ao feminino fantástica

    ResponderEliminar
  11. Da noite, dos silêncios, das mulheres, dos mistérios - belíssimo!

    ResponderEliminar
  12. Obrigada pela visita.
    Seu espaço continua lindo.
    Deixei um prêmio para vc no meu blog.
    Um abraço.

    ResponderEliminar
  13. Um belíssimo poema!
    Como já nos habituou, aliás.

    ResponderEliminar
  14. O poema cruzou-se-me com estas linhas de José Saramago:
    «... a grande, interminável conversa das mulheres, parece coisa nenhuma, isto pensam os homens, nem eles imaginam que esta conversa é que segura o mundo na sua órbita, não fosse as mulheres falarem umas com as outras, já os homens teriam perdido o sentido da casa e do planeta.» (do Memorial).
    Um beijo, uma boa noite

    ResponderEliminar
  15. O silêncio não apaga as imagens, de homens, de mulheres, mesmo que as estrelas se escondam no fundo da noite...

    abraço

    ResponderEliminar
  16. O silencio prende e calma sempre dependendo do momento, coido que é un ben prezado e precioso...

    Beijosss silenciosos.
    :)

    ResponderEliminar
  17. Noite, silêncio e sangue. E a presença épica das mulheres. Assim leio este fortíssimo poema.

    Beijo, Graça.

    ResponderEliminar
  18. Na verdade, minha querida Graça, o silêncio é, nos tempos que correm, a mais eloquente das palavras, o mais persuasivo dos discursos - caso não se produza por pura cobardia.

    Entre os que se amam, ou estimam, ele é o mel que dá cor e perfume aos pensamentos e os leva como se um sopro divino quisesse bafejar o tempo dos humanos (mas só dos que sabem soletar a palavra AMOR).

    ResponderEliminar
  19. O manto diáfano da fantasia, por vezes tem mais encanto que a nudez pura e dura...

    Gostei deste striptease anímico tão salutar!

    Quem escreve assim, merece que lhe tire o meu chapéu!...

    ResponderEliminar
  20. Passo
    lentamente
    como vulto
    de sal e areia,
    envolta no luar
    que permanece
    em meu olhar...

    Passo
    lentamente
    por entre
    mares e marés
    de palavras
    entregues
    ao som da maresia...

    E nesta viagem
    em que sou vulto,
    onda e areia,
    mulher,
    palavra,
    aqui permaneço
    estrela cadente
    em noite de
    lua cheia...



    Um poema que transborda sentimentos...

    Um abraço carinhoso ;)

    ResponderEliminar
  21. Amiga, a Luz da Manhã espera por ti lá em casa.
    Agradeço que a aceites.
    Semana iluminada!

    ResponderEliminar
  22. Como é bom encontrar textos assim...!

    ResponderEliminar
  23. Ficaria contente se pudesses comentar o texto que coloquei em Silêncio Culpado, cujo link está nas minhas Netamizades!
    Obrigada!
    Bom dia.

    ResponderEliminar
  24. A todos os que visitaram, aos que quebraram o silêncio e deixaram mensagens um grande obrigada e um beijo.

    ResponderEliminar
  25. Há, porventura, uma sonoridade helénica nestas (belas) palavras de verso...

    abraço.

    ResponderEliminar
  26. Um silêncio bem descrito.
    Grande abraço.

    ResponderEliminar
  27. a noite colheu o silêncio e fez-se mais noite...

    as sombras adormecem numa terra, sem rosto


    é um prazer ler-te querida Poeta

    um abraço terno Graça Pires

    e um beijo meu

    lena

    ResponderEliminar