De noite, o silêncio não apaga as imagens
sulcadas no olhar.
Um calamento, pressentido pelas fêmeas,
desnorteia os animais com cio.
Entre sombras, abordam-se segredos litigiosos.
As mulheres escondem, sob a roupa,
a prenhez da terra e sangram
os nós dos dedos no velho loureiro,
outrora plantado para coroar heróis
sem rosto, da estirpe dos homens.
Graça Pires
sulcadas no olhar.
Um calamento, pressentido pelas fêmeas,
desnorteia os animais com cio.
Entre sombras, abordam-se segredos litigiosos.
As mulheres escondem, sob a roupa,
a prenhez da terra e sangram
os nós dos dedos no velho loureiro,
outrora plantado para coroar heróis
sem rosto, da estirpe dos homens.
Graça Pires
De Quando as estevas entraram no poema, 2005
O silêncio nunca apaga imagens, querida!Pelo contrário...
ResponderEliminarAbraços.
excelente "litígio".
ResponderEliminarde terra e sangue!
Graça...
(uma maravilha)
beijo. grata.
As mulheres escondem,
ResponderEliminar-----------
Todo o mundo (quase todo) esconde. A não ser as tribos (que dizem primitivas) que pouco ou nada escondem. E não sentem qualquer pudor, nem daí advém qualquer mal para o mundo. E segundo me consta, não há agressões, nem qualquer género de violência.
Fica bem.
E a felicidade por aí.
Manuel
o silêncio aconchega o nosso olhar e afaga o nosso sentimento profundo.
ResponderEliminarbelas as palavras que semeias. folhas de loureiro. em teus cabelos...
ResponderEliminarbrilhante.
Palavras sublimes carregadas de simbolismo.
ResponderEliminarA fotografia é também muito bela e tem tudo a ver.
Beijos
Cheguei aquí por casualidade, pero pareceume unha blogue marabillosa, volverei.
ResponderEliminarSaúdos
na noite. silenciosa iniciação. a pele sobre o leito de terra.
ResponderEliminare de como à noite as imagens são mais nítidas e assustadoras. beijo.
ResponderEliminargostei bastante!
ResponderEliminar"outrora plantado para coroar heróis
sem rosto"
uma ode ao feminino fantástica
Da noite, dos silêncios, das mulheres, dos mistérios - belíssimo!
ResponderEliminarObrigada pela visita.
ResponderEliminarSeu espaço continua lindo.
Deixei um prêmio para vc no meu blog.
Um abraço.
Um belíssimo poema!
ResponderEliminarComo já nos habituou, aliás.
O poema cruzou-se-me com estas linhas de José Saramago:
ResponderEliminar«... a grande, interminável conversa das mulheres, parece coisa nenhuma, isto pensam os homens, nem eles imaginam que esta conversa é que segura o mundo na sua órbita, não fosse as mulheres falarem umas com as outras, já os homens teriam perdido o sentido da casa e do planeta.» (do Memorial).
Um beijo, uma boa noite
O silêncio não apaga as imagens, de homens, de mulheres, mesmo que as estrelas se escondam no fundo da noite...
ResponderEliminarabraço
O silencio prende e calma sempre dependendo do momento, coido que é un ben prezado e precioso...
ResponderEliminarBeijosss silenciosos.
:)
Noite, silêncio e sangue. E a presença épica das mulheres. Assim leio este fortíssimo poema.
ResponderEliminarBeijo, Graça.
Na verdade, minha querida Graça, o silêncio é, nos tempos que correm, a mais eloquente das palavras, o mais persuasivo dos discursos - caso não se produza por pura cobardia.
ResponderEliminarEntre os que se amam, ou estimam, ele é o mel que dá cor e perfume aos pensamentos e os leva como se um sopro divino quisesse bafejar o tempo dos humanos (mas só dos que sabem soletar a palavra AMOR).
O manto diáfano da fantasia, por vezes tem mais encanto que a nudez pura e dura...
ResponderEliminarGostei deste striptease anímico tão salutar!
Quem escreve assim, merece que lhe tire o meu chapéu!...
Boa semana!
ResponderEliminarPasso
ResponderEliminarlentamente
como vulto
de sal e areia,
envolta no luar
que permanece
em meu olhar...
Passo
lentamente
por entre
mares e marés
de palavras
entregues
ao som da maresia...
E nesta viagem
em que sou vulto,
onda e areia,
mulher,
palavra,
aqui permaneço
estrela cadente
em noite de
lua cheia...
Um poema que transborda sentimentos...
Um abraço carinhoso ;)
Amiga, a Luz da Manhã espera por ti lá em casa.
ResponderEliminarAgradeço que a aceites.
Semana iluminada!
Como é bom encontrar textos assim...!
ResponderEliminarFicaria contente se pudesses comentar o texto que coloquei em Silêncio Culpado, cujo link está nas minhas Netamizades!
ResponderEliminarObrigada!
Bom dia.
A todos os que visitaram, aos que quebraram o silêncio e deixaram mensagens um grande obrigada e um beijo.
ResponderEliminarHá, porventura, uma sonoridade helénica nestas (belas) palavras de verso...
ResponderEliminarabraço.
Um silêncio bem descrito.
ResponderEliminarGrande abraço.
a noite colheu o silêncio e fez-se mais noite...
ResponderEliminaras sombras adormecem numa terra, sem rosto
é um prazer ler-te querida Poeta
um abraço terno Graça Pires
e um beijo meu
lena