Darlene Shiels
Há crisântemos
ao longo das estradas.
Um chão orvalhado
rebenta-me nos olhos.
Eu sei: não há lembrança
que o tempo não apague,
nem dor que a morte não consuma.
Por isso, vai perdendo sentido
a distância que me separa
de todas as esperas.
É mais nítido, agora,
o silêncio que me envolve.
Como se a morte
(ou apenas o pressentimento dela)
viesse, de mansinho, ao meu encontro.
Graça Pires
ao longo das estradas.
Um chão orvalhado
rebenta-me nos olhos.
Eu sei: não há lembrança
que o tempo não apague,
nem dor que a morte não consuma.
Por isso, vai perdendo sentido
a distância que me separa
de todas as esperas.
É mais nítido, agora,
o silêncio que me envolve.
Como se a morte
(ou apenas o pressentimento dela)
viesse, de mansinho, ao meu encontro.
Graça Pires
De Uma extensa mancha de sonhos, 2008
Doce e triste ao mesmo tempo...gosto. Beijos.
ResponderEliminarO tempo é um manto branco para a dor e esquecimento
ResponderEliminarleva a dor mas deixa o vazio no seu lugar
________morte ou serenidade?
um beijo
terno enorme
Do silêncio que nos confronta.
ResponderEliminarHá flores e palavras para todas as etapas da vida. Que nunca o poeta se cale.
ResponderEliminarBj
PA
Gostei de ler este poema próprio a esta altura do ano.
ResponderEliminarAbraços.
Comovente... Graça!
ResponderEliminarabraços
Sim, comovente e muito belo...
ResponderEliminarbjnhos
nem dor que a morte não consuma... Graças a Deus!
ResponderEliminarEscutar o poema, tanto quanto lê-lo, à procura dessa cama do ritmo onde as palavras se deitam, como escreveu Eugénio de Andrade. É curioso, os versos são curtos, mas a toada é lenta. Tudo no poema se inclina ao fim. "De mansinho".
ResponderEliminarUm beijo, Graça
tão nítido. Para mim.
ResponderEliminartão belo.
que o tempo irá ressalvar.
sempre!
curvo-me.
"por isso vai perdendo sentido a distância que me separa de todas as esperas"... versos muito certos... parabéns! Antonio Jiménez Millán é um poeta de Granada, junto a Luis García Montero, Álvaro Salvador e Javier Egea iniciu un movimento poético em Espanha conhecido como "A otra sentimentalidade", tem alguma semelhança com poetas portuguesses como o Jorge de Sena, o José Agostinho Baptista, o Fernando Pinto do Amaral, Rui Pires Cabral... Também com alguns poemas teus no que concerta ao tratamento da intimidade do sujeto poético...
ResponderEliminarhttp://artespoeticas.librodenotas.com/artes/812/la-otra-sentimentalidad-1983
Um abraço
no último silêncio
ResponderEliminarum prelúdio
de espera
pressente-se
.
.
.
a finitude.
_____
melancolicamente belo...
BELO.
um beijo, orvalhado.
maré
Olá Graça
ResponderEliminarEm «A VIDA ETERNA», Fernando Savater, no capítulo «Autópsia da Imortalidade» Pg60/61, escreve:
«(...) O silogismo fundador da lógica da nossa existência não é o tão repetido «Todos os homens são mortais/ Sócrates é homem/ Logo Sócrtaes é mortal» mas sim, como bem sabemos, este outro: «Todos os homens morrem/ eu sou homem/logo eu devo morrer»
A seguir acrescenta:
«Outros homens morreram, mas foi no passado/ que é uma época propícia para a morte...» disse Jorge Luis Borges no começo de um breve e notável poema apócrifo. «Será possível que eu súbdito de Yacub Almansur, morra também/ como morreram as rosas e Aristóteles?»
Posto tudo isto, acrescento apenas que o teu poema é excelente e que fará parte da condição humana encarar com dificuldade a morte.
Insconscientemente ansiamos por uma certa imortaldade (glosando Freud)
Bjs
Este poema é para mim muito bom se por espera entenderes com naturalidade que a morte naturalmente nos espera e nós naturalmente a esperamos como coisa natural. É assim que eu a vejo, como berço e foz da vida.
ResponderEliminarBeijo.
Eduardo
bate na madeira, Graça.
ResponderEliminardizem que ela foge a sete pés...
abraço
Lindo...e, como a Paula diz triste ao mesmo tempo.
ResponderEliminarAdorei.
Jinhos mil
as memórias podem ser violentas mas abafadas pelo tempo imperdoável
ResponderEliminarFiquei sem palavras...
ResponderEliminarUm beijo
Encarada com serenidade... é um simples deslizar, um recolher de asas. É assim que quero ver a morte quando espreitar por entre os crisântemos da vida.
ResponderEliminarGostei muito do poema.
Um beijo
Essa "a distância que me separa/
ResponderEliminarde todas as esperas." é bela. Melancolicamente bela.
Um beijo daqui.
Belíssimo compasso de tempo.
ResponderEliminarum beijo
comovente e cheio de sentido.
ResponderEliminarmais um belo poema que nos dá a partilhar.
obrigada!
beij
Tocante e bela maneira de narrar(e atirar em nossos olhos) a fugacidade da vida e nossos confrontos com o passar dos anos.
ResponderEliminarbelíssimo poema, graça.
ResponderEliminarhá crisântemos sim.
beijo
Da morte estamos todos perto
ResponderEliminarse houvesse morte
ou princípio
"...vai perdendo sentido
ResponderEliminara distância que me separa
de todas as esperas".
Muito verdadeiro este sentimento, e linda e emocionante a forma como o escreves.
Beijo.
Terno... como tudo o que leio de ti.
ResponderEliminarbeijo. muito muito grato.
ResponderEliminar..."vai perdendo sentido
ResponderEliminara distância que me separa
de todas as esperas".
e apesar alimentamos a esperança. sempre.
belíssimo.
beijos
Lindo poema, em que parece emergir a realidade que a todos nós afluirá!
ResponderEliminarAté lá que os caminhos sejam muito longos e alegremente cercados de bonitas flores.
Beijo em tons de verde esperança!
Eu adoro esse poema!
ResponderEliminarEle é tão poeticamente doce e melancólico, com imagens únicas.
Lindo, Graça!
há lembrança que se apaga rapidamente. há lembrança que o tempo, como uma única semente de milho, transforma em espigas... quanto à dor... bem, quanto à dor, por vezes se transforma numa canção que resiste ao tempo, fazendo com que aqueles(as) que a ouçam a sintam d’um modo todo especial.
ResponderEliminarno teu sentir, aqui retratado, como uma lágrima. mas mesmo as lágrimas podem se transmutar.
deixo um abraço fraterno.
A nossa morte serà um espaço mais alargado para um corpo que nos deixa e que fica, estragando-se.
ResponderEliminarO seu poema é triste, escrever sobre o orvalho que rebenta nos olhos, que lindo, furor e silêncio, serà que esqueçemos mesmo?
beijos,
adoro os seus poemas Graça, necessito-os!!!!lidia
LM
Uma aula de semântica! Sabe que os crisântemos têm inúmeras variações e duas delas, ao que me lembro, são as: despedidas-de-verão e as saudades-de-inverno? E que a acepção metafórica do orvalho relaciona-se com o estado de quem se desabafou, livrou-se de opressões? Alívio, lenitivo, refrigério? Claro que sabe! Esculpiu no poema! A efemeridade das esperas. O desencantamento. O silêncio mórbido resignado da espera sem esperança. A metáfora da morte como conseqüência natural da vida. E para que tudo vive se tudo irá morrer? A perda do sentido das coisas, diante da efemeridade da própria vida. Mas tomo-a por otimista. O tempo não apaga lembrança nenhuma: desbota-as e a morte não consuma qualquer dor: elas nos acompanham o espírito se não modificarmos a atitude mental.
ResponderEliminarOutra pérola saída da sua pena.
Beijo no coração, com despedidas-de-verão e saudades-de-inverno.
Bárbara Carvalho.
que palavras tao intensas...tao cheias afinal de vida ******
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