20.5.10

As papoilas devassam as sombras

M. G. Luffarelli

De costas para o meu rosto
as papoilas devassam as sombras
e assinalam o destino de um grito.
Um grito alucinado que evoca, em todos os tronos,
a perenidade dos gestos sem mágoa.
Aqui, nesta cidade sem voz,
pouco me importa a miscelânea de pretextos
desatada nos meus pés.
A rosa dos ventos altera o norte das interdições
e denuncia os destroços da casa desmoronada
que reconheço nas palavras cruéis.


Graça Pires
De Conjugar afectos, 1997

43 comentários:

  1. Estava com saudades de ler tuas pérolas.

    Abraços, minha cara!

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  2. (...)Um grito alucinado que evoca, em todos os tronos,
    a perenidade dos gestos sem mágoa.
    Aqui, nesta cidade sem voz,
    pouco me importa a miscelânea de pretextos
    desatada nos meus pés.


    Lindo como sempre Graça! Um beijo de carinho com cheiro de maresia

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  3. nesta cidade sem voz
    tenho retido os ecos,
    por vezes
    o esvoaçar do polen
    das papoilas
    que existem e sempre
    no outro local
    que recordo e que ainda
    resiste ao tempo.

    belo poema G.

    um beij

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  4. A epifania urbana vencida, enfiam. A sua brisa desmorona muralhas!

    Abraços!

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  5. Talvez a luz também seja devassada pela papoilas, mas a beleza destes poemas será para sempre!

    Um beijo com amizade...

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  6. Graça: eu não sou poeta, como sabe. Mas. ao longo da vida fiz unas vinte e pouco textos que podem considera-se poemas. Creio que já conhecerá este.(está no bartco de flores em secção coisas minhas) Mas as suas papoilas fizeram-me recordar as minhas que ilistrei com les coquelicots (Monet)

    E de novo a sensação do mole e indefinido
    Vago rumor que envolve as coisas e a solidão nocturna
    Ecos longínquos trazem-me a distância
    Algo agita o vento e levanta a areia
    O deserto é mais vasto e o mar
    É proa erguida do navio austero
    Em que navega há séculos a sombra - e a miragem

    PAPOILAS GRITO ABERTO NA MANHÃ DO ESPANTO

    (Amélia Pais)


    Um abraço pelas suas...

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  7. Estimada e Brilhante Poetiza Amiga:
    Um grito lancinante do ser e sentir as papoilas e as suas sombras carregadas de mistérios e delícias.
    Fantástica.
    A sua sensibilidade poética fascina de beleza imensa.

    "...De costas para o meu rosto
    as papoilas devassam as sombras
    e assinalam o destino de um grito.
    Um grito alucinado que evoca, em todos os tronos,
    a perenidade dos gestos sem mágoa..."

    Profundo poema encantado.
    Significativo e uma ternura de imagens metafóricas excelentes.
    Bem-Haja, amiga de sonho.
    Abraço de amizade e respeito.
    É sensacional.
    Sempre a admirá-la com fascínio pelo que é e escreve.

    pena

    MUITO OBRIGADO pela sua amabilidade e simpatia.

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  8. Graça,

    Devassar as sombras e assinalar o destino de um grito, talvez seja esse o sublime designio das papoilas!


    Beijo!
    AL

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  9. Palavras crueis sempre desmoronam.

    Beijo imenso, menina linda.

    Rebeca


    -

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  10. Um eloquente poema, um manifesto de grande beleza.

    Beijo, Graça.

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  11. ao ler-te, e ver que o poema é de 1997, pensei no que sentirias, em relação à perenidade (ou não) das tuas palavras...

    abraço Graça

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  12. A sua poesia entrou no meu coração como uma papoila, bela e misteriosa de modo sublime e profundo...Obrigada pelas palavras e pelas papoilas que são tão fascinantes nos campos!Bjs

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  13. Adoro papoilas...da tua poesia gosto sempre.

    Noite de sonhos leves para ti.

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  14. teu poema/grito. na lucidez da palavra certa...

    ... rosa dos ventos erguendo-se nos destroços da cidade.

    gostei muito. mesmo muito.

    beijo

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  15. um último grito das papoilas desmente o eterno sono da terra
    e se do silêncio construo a lucidez rubra para figir ao desnorte das ruinas, que me importa a voz sem cor que me indicou as sombras?

    um grande beijo querida Graça

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  16. " Um grito alucinado que evoca, em todos os tronos,
    a perenidade dos gestos sem mágoa."
    Sem palavras para comentar a sensibilidade solta " nas papoilas"
    das palavras.
    Lindo
    Beijos amigos

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  17. Dramático e belo.

    Este grito dói.Tem coro1

    Com carinho,

    Cris

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  18. Papoilas vermelhas

    com asas de vento

    semeiam as tuam palavras

    que recordo

    com um bj

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  19. as palavras são caricias e punhais que da forma como são usadas podem ferir ou curar, até matar.

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  20. teresa p.1:35 da tarde

    "...as papoilas devassam as sombras
    e assinalam o destino de um grito."

    Lindo e profundo!
    Beijo.

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  21. Graça

    tantas são as vezes
    aqui e ali
    nas cidades sem voz

    que a rosa dos ventos altera o norte e o sul e até o vento leste!

    belas as papoilas devassantes das sombras

    e belo o poema destroçante da casa desmoronada!

    um beijo

    Manuela

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  22. O prazer sempre renovado de lê-la!

    Obrigada.

    Um beijo, Graça.

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  23. as palavras cruéis são casas destroçadas...gostei da metáfora....sua poesia é forte!

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  24. As palavras estão cansadas e gritam de dor....
    Essa dor que se enraiza e se perde e nós...
    Uma beleza...
    Beijos e abraços
    Marta

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  25. Oi, Graça!

    Cores devassam sombras e gritam - ainda que nas sombras e sem voz...

    E, ainda que se voz, são mais eloquentes e fortes que palavras cruéis.

    Viva as cores das papoilas!

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  26. Os destroços dos sonhos desmoronados, dos ideais ruídos...nas palavras experimentamos o êxtase e a dor.
    Bjos,minha querida amiga.

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  27. Aqui, nesta cidade sem voz,
    pouco me importa a miscelânea de pretextos
    desatada nos meus pés.

    uma cidade sem voz não se pode habitar, nem na solidão, pois também a solidão é questão de palavras...

    belo poema, beijos

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  28. a crueldade do olhar rasga pela boca. por vezes mata!
    gostei muito, graça

    um abraço
    luísa

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  29. Suas palavras: um ponto cardeal na poesia. Você é a rosa dos ventos, Graça.

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  30. Olá Graça,

    Um prazer imenso ler-te.

    Beijos e bom fim-de-semana.

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  31. semeie flores... colherá o perfume. semeie carinho... colhera amizade. semeie sorrisos... colhera a alegria. semeie a verdade... colhera a confiança. semeie a vida... colhera milagres. semeie a fé... colhera certezas. semeie o amor... colhera a felicidade !

    Beijos perfumados e com muita poesia...M@ria

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  32. e eu deixo-lhe, em palavras doces, um beijinho de boa noite, graça.

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  33. O grito redentor dos imortais gestos que, sem magoa e sem voz se alteram e se desmoronam, na crueldade das palavras...

    Bjs Graça e bom fim de semana!

    José

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  34. Esses são desenhos de crianças, onde o professor koreano Yeonddo Jung, clicou tentando reproduzir todos os detalhes. O cara conserva, até mesmo, as proporções das pernas e cabeças dos personagens.

    Adorei, achei super criativo, espero que goste:

    http://www.yeondoojung.com/artworks_view_wonderland.php?no=88

    Maravilhoso final de semana, menina linda.

    Rebeca

    -

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  35. A rosa os ventos altera o norte, Graça e, altera todo o regime de respeito pelo próximo.
    Metaforicamente falando, o seu poema diz muito. Bem actual.

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  36. ¸¸♥*•♪♫•*♥•♪♫•*¨*•.¸¸♥E apesar de tudo isso, a rosa dos ventos insiste em indicar um caminho(principalmente em dias sem vento). Mesmo que não seja o nosso.

    Um beijo¸¸♥*•♪♫•*♥•♪♫•*¨*•.¸¸♥

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  37. Excelente, como sempre.
    Já escrevias tão bem quando eras pequenina... eeheheh...
    Desculpa, mas não resisti à provocação do 1997... mas a culpa é minha, que estou bem disposto...
    Querida amiga, boa semana.
    Beijo.

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  38. Prometo ante o silêncio do inverno,
    nutrir minhas ilusões fazendo dos nossos "nós" a oração da espera.

    (Conceição Bentes)

    Beijos & Flores...M@ria

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  39. "A rosa dos ventos altera o norte das interdições"

    Que beleza!

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  40. um grito face ao vazio citadino, à casa arruinada em palavras sem afecto. intenso o teu poema, Graça, muito bom.

    um beijo.

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  41. Grito que se gostaria perene, como as suas palavras!
    Meu beijo rendida à beleza

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