Vincenzo Balocchi
O vento da tarde entra pelas casas sem convite
e enreda nos vidros o excessivo horizonte do mundo.
Em paredes ásperas deixamos escorregar
o silêncio pressentido no clamor do olhar
quando o verão se anuncia com suas farpas de fogo.
Ao redor de tudo, as casas permanecem
encerradas à insistência do sol.
Dentro delas podemos imaginar as mulheres
curvadas sobre os filhos abrindo as blusas
para que o leite e o sangue afugentem
a morte rente às bocas.
Graça Pires
De O silêncio: lugar habitado, 2009
e enreda nos vidros o excessivo horizonte do mundo.
Em paredes ásperas deixamos escorregar
o silêncio pressentido no clamor do olhar
quando o verão se anuncia com suas farpas de fogo.
Ao redor de tudo, as casas permanecem
encerradas à insistência do sol.
Dentro delas podemos imaginar as mulheres
curvadas sobre os filhos abrindo as blusas
para que o leite e o sangue afugentem
a morte rente às bocas.
Graça Pires
De O silêncio: lugar habitado, 2009
Gosto muito deste poema! A foto está genial.
ResponderEliminarObrigada pela partilha. Beijos.
Lendo seu poema fiquei emocionada. Lembrei do meu filho pequeno e de como é mágico poder amamentar.
ResponderEliminarLeite é sangue e sangue é vida.
Que lindo, menina linda.
Beijo imenso.
Rebeca
-
O poema é espantoso e a foto uma beleza.
ResponderEliminarObrigada por este momento agradável no dia em que o Governo nos amargurou ainda mais a vida!
Bem hajas!
:)
ResponderEliminarobrigado.
"o vento da tarde" pode (trans)formar-se no vento da manhã....
ResponderEliminarLindo poema Graça, de silêncios e cumplicidades um beijinho enorme Gisela
Graça Pires,
ResponderEliminarque lindo e forte poema...
Fez-me lembrar a seca cruel dos sertões nordestinos, aqui no Brasil:
"...o silêncio pressentido no clamor do olhar
quando o verão se anuncia com suas farpas de fogo."
Bravo!
Um beijo!
E quando se amamenta...é se feliz...
ResponderEliminarBeijo d'anjo
Não tenho andado por aqui...hoje voltei para te visitar, tinha saudades de te ler...
ResponderEliminarLindo o poema...linda a foto.
Jhs de carinho mtos
é sempre bom imaginar...
ResponderEliminare tu és boa a imaginar e a fabricar situações poéticas...
abraço Graça
Olá Graça,
ResponderEliminarEstou retribuindo a visita ao meu blog.
Agradeço-te por partilhares este belo poema.
Beijos
O vento....não é fácil lidar com ele....
ResponderEliminarAtreve-se a tantas coisas.....mas fica perturbado pelo silêncio pesado....
Bonito poema...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
O teu poema leva nos a ver tipo rx o k tao bem descreves!
ResponderEliminarBeijinho de lua*.*
é um dos que mais gosto do seu livro, graça. um beijinho grande*
ResponderEliminareu também entro sem convite
ResponderEliminarcomo o vento...
este é um poema pressentido
como o silêncio
e belo!
um beijo, Graça
Manuela
Tardes de invernos
ResponderEliminarparecem feitas de saudades
Um sol avermelhado
Quase frio...
Um brilho distante,
Um arrepio.
Um canto
Misterioso
Quase sem assovio
Onde os raios se perdem
em nuvens azuis
até no horizonte
sumirem.
(Sirlei L. Passolongo)
Uma noite de amor e paz.......Beijos!!
excelente este teu ser poema.....
ResponderEliminar.
um beijo
Um poema que vai além do olhar e abrange o mundo.
ResponderEliminarBeijo, Graça.
Em silêncio e recolhimento, o universo trama o mais absoluto florescimento. Linda a imagem da mãe eterna nutrindo a vida.
ResponderEliminarGrande abraço, minha querida amiga.
Gostei muito da fotografia...do aconchego que se adivinha na delicadeza das flores, que suaviza a dureza das pedras...
ResponderEliminarParabéns pelo belo poema, de grande sensibilidade! BJS!
Obrigado pelas palavras que deixou na minha Ondjira.
ResponderEliminarKandandu
São silêncios cheios de vida... com este grau de imagem poética que o poema têm a foto potencia e desvia-nos para outras leituras... uma forma de enriquecer o poema.
ResponderEliminarGostei imenso.
Bjs.
Bonito poema que nos mostra uma realidade ainda presente.
ResponderEliminarUm abraço, Graça.
lindo poema
ResponderEliminaresse vento..
dá-me vida
poesia.
querida..
doce sinfonia..
beijos...
Oi Graça, quanta beleza e sensibilidade em seus versos... Aprecio muito sua escrrita poética. Bj com carinho.
ResponderEliminarnunca silêncio em quem assim se eleva rente ao maior!
ResponderEliminaraquele abraço.
Tanta ternura!...
ResponderEliminarBeijo
o vento da tarde
ResponderEliminarentra nas casas
feitas de pedra
a pedra guarda o vento
e
de manhã o sol
aquece as casas
e
as almas!
belo poema Graça e a foto lindissima!
beij
e ainda assim, o vento entra pela casa...denso,Graça.
ResponderEliminarNo dorso deste vento que as casas da minha memória abocanham me refugio do sol de agosto e criança mamando vejo os desenhos de sombra nas paredes da casa mágica de pedra testemunha dos silêncios ...
ResponderEliminar-----------------
Abraço.
Gostei muito deste poema que nos transporta para o interior, mesmo olhando de fora. A foto é muito forte !
ResponderEliminarum beijo
"...o silêncio pressentido no clamor do olhar..."
ResponderEliminarUm poema com uma forte carga de humanidade e ternura!
A foto é linda, transmite luz e silêncio...
Beijo.
Coisas assim me deixam leve...
ResponderEliminarSingela inspiração:
http://www.flickr.com/photos/chuazinha/sets/72157622436693602/show/with/3946811028/
Que seu começo de semana seja de luz, menina linda.
Rebeca
-
não é possível desabitar o corpo das mães.
ResponderEliminarneles, está o excessivo clamor do mundo que lhes navega o leite.
curvadas, sobre o futuro dos filhos, como quem abre a ternura, contra a insistência do vento.
_____
lentamente tudo voltará ao normal.
um grande e saudoso beijo querida Graça
adorei ler este Milagre...
ResponderEliminarDias cheios de brisas doces *********
O silêncio sempre é pressentido...
ResponderEliminarmuito belo o poema...como o livro todo..
um beijo
Belo e de alta qualidade como é seu timbre.
ResponderEliminarbeijinho,
Véu de Maya.
Um poema de violência e, contudo, de inocência: o leite e o sangue. Magnífico!
ResponderEliminarUm beijo, Graça.
Graça, a vinda hoje aqui em tua casa é com intuito de te agradecer por sua recente visita ao meu blog. Todo comentário seu, todo elogio, e até as "confissões" vindas de ti, são um verdadeiro motivo de orgulho. Obrigado!
ResponderEliminarQuanto a tua constatação de que o vento da tarde sempre entra pelas casas sem convite e enreda nos vidros limpos o excessivo horizonte do mundo, o que posso dizer? Que essa é a mais pura verdade.
As vezes temos dentro de nós farpas de fogo que anunciam uma próxima estação... e nos enveredamos, e escorregamos e escorremos por lisas e frias paredes de vidro clamando por amor.
Pode não ter sido esse o sentido original das tuas palavras... mas elas me desencadearam muitas outras coisas e sensações diferentes. E por isso é bom ler. Ler sempre.
Uma boa semana!
O TEMPO PASSA, NÃO É?
ResponderEliminarComovente silêncio a verter significados dolorosos...
ResponderEliminarAbraço
"O vento da tarde entra pelas casas sem convite
ResponderEliminare enreda nos vidros o excessivo horizonte do mundo."
Sim, o vento traz-nos o mundo e tanto mais! Gostava que este silêncio pressentido me abalroasse em gestos trémulos, incidentes...
Mulheres de Atenas. ardendo em "farpas de fogo"...
ResponderEliminar... e a eterna dávida. de leite e sangue.
belíssimo.
beijo
e "aterrei" mesmo agora no "LUGAR HABITADO"______________
ResponderEliminarvou beber toda esta caligrafia. vou.
vou comer este galope. vou.
rendo-me.
(obrigada. muito. )
beijo com abraço.
_____________________
GRAçAaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa....
(imf)
O silêncio que mata a fome, que nos mata a fome do poema e nos dá colo!
ResponderEliminarAbraço
" Um amigo é alguém que sabe a
ResponderEliminarcanção que toca no teu coração,
e que pode cantá-la quando tiveres
esquecido a letra "
Beijos de coração prá coração!
Muito escrito. PARABENS
ResponderEliminarUm beijo de carinho e ternura.
ResponderEliminarAdoro a forma como fazes os teus poemas, para além dos conteúdos, sempre muito bem escolhidos.
ResponderEliminarLeio-os vezes sem conta e aprendo sempre contigo. Espero que não te importes...
Neste teu excelente poema estão todos os ingredientes que me fascinam...
Querida amiga, bom resto de semana.
Beijo.
Muito belo!
ResponderEliminarbelo e realista, esta incursão no quotidiano das mulheres que matam a fome de seus filhos e os protegem dentro de casa da intensidade do calor.
ResponderEliminarsempre atenta à vida, um beijo grande.
Belísssimo!
ResponderEliminarNem preciso fechar os olhos para "ver" este cenário, esta montagem dramática. Magnífico!
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