3.6.10

Consentidas emoções

Edward Hopper




Com flores exuberantes
em torno das ancas rememoro
incontáveis sombras no meu rosto
e traço os caminhos em que me perdi
como quem empunha no fundo
da memória a bandeira ou a espada
de consentidas emoções.
Não voltarei ao sobressalto
dos lugares marcados com sangue de fêmea
para que o instinto me não rasgue
a pele dos seios.


Graça Pires
De Não sabia que a noite podia incendiar-se nos meus olhos, 2007

41 comentários:

  1. O lamber das feridas, o reformular do caminho...

    ResponderEliminar
  2. Recomposição de um rubro caminho... Belo, minha cara!

    Beijos

    ResponderEliminar
  3. da constatação das sombras
    emigro para oriente:
    um desígnio seguro ao Verão das rosas.

    a mim voltarei
    com um parágrafo de asas.

    _
    um grande beijo de saudade querida Graça.

    ResponderEliminar
  4. Amiga Poetiza Linda:
    As suas emoções são de uma beleza e ternura imensas.
    Divinais!
    Escreve com magia depositando metáforas extraordinárias em quem as quer apanhar. E, todos o fazem porque são maravilhosas e doces.
    Bem-Haja, preciosa amiga poetiza.
    Deslumbra tudo por onde o seu génio passa.
    "...e traço os caminhos em que me perdi
    como quem empunha no fundo
    da memória a bandeira ou a espada
    de consentidas emoções...."

    Haverá coisa mais bela? Não acredito, sinceramente.
    Com todo o meu respeito, brilhante poetiza e amiga de bem.
    Beijinhos amigos de pureza ao seu encanto.
    Adorei.

    pena

    ResponderEliminar
  5. E o instinto só sabe rasgar mesmo, em horas quase que impróprias.

    até mais.

    Jota Cê

    ResponderEliminar
  6. Sempre a limpidez da tua poesia!

    ResponderEliminar
  7. Forte...gosto...e não conhecia esta pintura.
    um beijinho

    ResponderEliminar
  8. lindíssimo Graça...diferente um pouco da sua linha, ainda não havia te visto falar do corpo.Este que te descreve.

    ResponderEliminar
  9. Graça... eu ainda escrevo como quem pisa em delicadas flores quando me aventuro pelo caminho dos haikais. Mas muito obrigado pelas palavras em meu blog.
    Já essas consentidas emoções "cheias de flores exuberantes e
    incontáveis sombras no rosto
    e traços de caminhos em que se perdeu" é de uma leveza quase densa. De uma densidade que lembra algodão doce... isso é poesia com um jeito de dizer todo próprio
    As vezes os sentidos e os instindos se confundem e a mistura produz um rasgão nos músculos que exercitam o sorriso e o pulsar dentro do peito. Tuas poesias são para ser sorvidas e eu as saboreio.

    ResponderEliminar
  10. O corpo fala sempre....
    E há sempre memórias que o marcam...
    Lindo....
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

    ResponderEliminar
  11. errar é aprender a caminhar...
    Como sempre poemas que me abrem um silêncio no peito.
    beijinho

    ResponderEliminar
  12. o que não rasga, suaviza, como sempre suavizam as suas palavras, querida graça. um grande beijinho*

    ResponderEliminar
  13. Sensualíssimo! Gostei imenso. Beijos.

    ResponderEliminar
  14. sempre belo estar aqui.

    contigo..

    minha alma é mais rica..

    me inundas...


    beijos...

    ResponderEliminar
  15. Emoções... guarda o corpo da mulher,
    delicado no sentir e no pensar,
    guarda as flores com os espinhos,
    com cuidados...para não se magoar...
    Belas e profundas são as suas palavras... repletas de poesia! Um beijo e obrigada!

    ResponderEliminar
  16. A poesia, pleno da vida. =eterno recomeço...Linda catarse.

    Beijinho,

    Véu de Maya

    ResponderEliminar
  17. De todas as flores que colhemos nos campos, a Amizade é o único sentimento que os ventos podem soprar, mas, suas pétalas jamais cairão

    Bia Cogan

    Feliz Sábado....Abraço! M@ria

    ResponderEliminar
  18. Excelente articulação

    das palavras do poema!

    Bom fim de semana.

    ResponderEliminar
  19. bela conjunção de palavra e pintura, gostei muito deste post,
    um beijo

    ResponderEliminar
  20. consentidas

    permitidas
    como as sombras do meu rosto

    instintivas
    primárias

    elaboradas
    com o sentido da pele
    em cada emoção

    .

    eu fiquei a saber

    que a noite podia incendiar-se nos seus olhos!

    um beijo

    Manuela

    ResponderEliminar
  21. Gostei deste teu poema datado

    um bom regresso

    Bjs

    ResponderEliminar
  22. A felicidade é como uma borboleta. Quanto mais você a persegue, mais ela se esquiva. Mas se você voltar sua atenção para outras coisas ela virá pousar calmamente nos seus ombros.

    Thoreau

    Amor & Paz nos seu Domingo! M@ria

    ResponderEliminar
  23. Reminiscências e emoções que a palavra permite resgatar através das fronteiras do tempo. O verso e a beleza, Graça, são armas que você sabe maravilhosamente empunhar.

    ResponderEliminar
  24. "Consentidas emoções"
    Guardam-se na alma como marcas de uma vida plena...
    Belo o poema, como sempre, bela e significativa a pintura com que o ilustras.
    Beijo.

    ResponderEliminar
  25. adorei passar por aqui.
    ainda na semana da criança deixo...
    CRIANÇA DE LONGE



    Criança...
    Criança de longe...
    Criança sofrida...
    Criança mal tratada...


    Tanto sofres...
    Tens o teu dia...
    Tens os teus direitos...
    Mas...


    Apenas em papel...
    Pois a sociedade...
    Nada te dá...
    Não te protege...
    E muitas vezes...


    Pobre criança...
    Vemos...
    Que te deixamos morrer!...


    LILI LARANJO

    ResponderEliminar
  26. É bom saber-te de regresso.

    exuberantes as flores. sem dúvida.

    bela a feminil pele. e o sangue.ainda...

    excelente. o Poema.

    beijos

    ResponderEliminar
  27. Forte, visceral, memória e, ao mesmo tempo, amadurecimento, consentimento e maturidade (eu diria sublimação, mas não sei): retrospecto da memória do corpo.
    Bjos, minha querida amiga.

    ResponderEliminar
  28. O não sobressalto
    Não haver salto
    Fluir
    Correr
    suave
    Flor de incêndio!
    Mas que livro nos ensina
    O passo dança da corça ao ritmo
    Harmónico da terra
    Embalando o sangue
    Para que fogo ou chama
    Nos transformem o corpo
    Na fusão sonhada
    Mas com as águas uma vez caídas
    Nada perturbadas?
    Corpo sempre belo
    Na aprendizagem do tempo.
    Cinzel
    Pincel
    Caneta
    Sílabas somos
    Crescendo no tempo
    Que se quer sem mágoas
    Nem lamento...

    ResponderEliminar
  29. (...e traço os caminhos em que me perdi...) Beleza, ternura, sensualidade e determinação...
    Lindo
    Um beijo

    ResponderEliminar
  30. memória de um tempo de emoções sensuais, de sobressaltos íntimos em reflexo no corpo. desejo de apaziguamento, de uma nova etapa de quietude, belo poema, Graça!

    beijo grande.

    ResponderEliminar
  31. o poema com um leve toque de sensualidade, achei optimo.

    um beij

    ResponderEliminar
  32. A resignação?
    Mas os sobressaltos dão vida à vida...
    Querida amiga Graça, mais um excelente poema.
    Bom feriado, beijos.

    ResponderEliminar
  33. A dureza implacável das palavras na delicadeza de um corpo onde a exuberância das flores ainda exala vestigios do seu perfume...

    Beijos, Graça
    AL

    ResponderEliminar
  34. Adorei Graça


    Essa palavra onde também incorrer as emoções que dilaceram....


    belíssimo, Obrigada

    beijinho

    ResponderEliminar
  35. traças tão bem os caminhos em que te perdes e encontras...

    abraço Graça

    ResponderEliminar
  36. às vezes é preciso sentir, não obstante o sangue...

    Grata pelo lindo poema

    Beijinho

    ResponderEliminar
  37. Olá Graça, bom dia.
    Que beleza, embora tão dorida e nostalgica!
    Obrigada por isso, que acelera o ar nos pulmões e o bater do coração, como uma caminhada ao romper da manhã.

    Bjs.
    Maria Mamede

    ResponderEliminar
  38. Leio tanto os seus livros... as suas palavras são magia para mim...
    é (re)encontrar em cada poema o sentido da sua Vida...

    Um grande abraço.

    ResponderEliminar
  39. Sem os sobressaltos perco as emoções todas!...

    Bjs

    José

    ResponderEliminar