2.2.11

Memórias de Dulcineia XX

Katia Chausheva



Ao longo dos anos conservei
uma inesperada tristeza reflectida
em meus olhos cor da sede.
Pedra a pedra, casa a casa,
sombra a sombra vagueio
pelas sensações e aguardo
que se repitam os sonhos
que resistiram à violência do tempo.
Podia escrever com sangue
o instante, sem amparo,
onde reclinei a cabeça
para aguardar a morte
dos desejos.

Graça Pires
De Uma extensa mancha de sonhos, 2008

51 comentários:

  1. Um encadeado de beleza, ternura, musicalidade e sempre, sempre a poética. Belíssimo!

    ResponderEliminar
  2. Contigo é possível

    repetir os sonhos

    Bj

    ResponderEliminar
  3. escreves de e com tantas marcas, ptofundas, mas sem sangue...

    beijinho Graça

    ResponderEliminar
  4. Há sempre um ou mais sonhos que resistem. Bom poema. Abraço.

    ResponderEliminar
  5. tenho teu apoio sou feliz

    obrigado por leres-me

    sempre simpatica.

    um encanto teus poemas.

    beijo amiga!!

    ResponderEliminar
  6. Feliz a hora em que li teu comentário em meu blog e, em seguida, desejei vir aqui, agradecer o comentário e me alimentar dos teus versos.
    Pois encontrei neste teu poema denso uma combinação de frases perfeita. E é essa expectativa de que os sonhos que resistiram a impiedosa passagem do tempo voltem que nos alimenta a alma de esperança.
    Fantástico poema!

    P.S. Graça! Toda vez que visitas meu blog e deixas um comentário como esse último, eu me sinto no céu. Um elogio assim é muito significativo por que vem de alguém que escreve esplendidamente bem. Parabéns! A tua arte é altamente expressiva.

    ResponderEliminar
  7. Porém Tu, Senhor, És um escudo pra mim, a minha glória, e o que exalta a minha cabeça.
    Com a minha voz clamei ao Senhor, e ouviu-me desde o seu santo monte.
    Eu me deitei e dormi; acordei, porque o Senhor me sustentou.
    SL 3:3-4-5

    DEIXO COM ABRAÇO DE PAZ E ALEGRIA DO PAI EM TEU CORAÇÃO.

    ResponderEliminar
  8. Já tinha saudades da Dulcineia. :)
    É bom reencontrá-la! Há um sentimento de aconchego, de retorno a um afecto que esteve ausente (demasiado tempo).
    Beijo terno e grato.

    ResponderEliminar
  9. Consagrada Poetiza Amiga e de sonho:
    "...Pedra a pedra, casa a casa,
    sombra a sombra vagueio
    pelas sensações e aguardo
    que se repitam os sonhos
    que resistiram à violência do tempo.
    Podia escrever com sangue..."

    "Isto" é encantador. Lindo.
    Mesmo na tristeza tem "arrepios" de forte ternura, sensibilidade arrebatadora e fascínio.
    Um poema admirável do existir.
    Parabéns sinceros.
    Abraço amigo agradecido pela magia deslumbrante deixada expressa no meu blogue com pureza e delícia.
    Com constante admiração pelo que concebe de beleza imensa.

    pena

    Bem-Haja, notável poetiza.
    Gostei muito.
    É uma honra a sua amizade.

    ResponderEliminar
  10. Lindo e comovente. O poder encantatório da poesia presente no teu poema.

    Beijinhos

    Bem-hajas!

    ResponderEliminar
  11. a morte dos desejos
    é a violência de um tempo

    por isso repito os sonhos
    e o seu poema

    letra a letra!

    um beijo

    manuela

    ResponderEliminar
  12. Buscar, sempre, a morte dos desejos...

    beijo

    ResponderEliminar
  13. os desejos acabam por morrer.

    um belo poema, como é hábito.

    beij

    ResponderEliminar
  14. Posso assinar contigo?

    Grande abraço, amiga.

    ResponderEliminar
  15. Sonhos que teimam em resistir ao prazo.

    JC

    ResponderEliminar
  16. sede insaciada a dos poetas.
    belíssimo.

    beijos

    ResponderEliminar
  17. Cara POETISA Graça;
    Belo poema. As palavras ganham vida nos versos da sua poesia.
    Gostei imenso.
    Um beijo.

    ResponderEliminar
  18. Pretexto (um bom pretexto) para dizer como passo muitas vezes por estes poemas, delicados, tocantes, intensos, simples e sábios, nesta e noutras ordens das palavras.

    José Manuel T. S.
    http://subito-jmts.blogspot.com/

    ResponderEliminar
  19. Tal como Dulcineia, também eu tenho mantido uma "inesperada tristeza nos olhos", talvez porque
    tanta vez me sinto Quixote a combater moínhos...
    Obrigada Amiga pelo que me/nos dás e pela beleza com que o fazes.
    Bjs.
    M.M.

    ResponderEliminar
  20. belas palavras cheias de pausa e sangue a correr por elas,

    um beijo

    ResponderEliminar
  21. Mas os sonhos nem sempre se repetem e o que fica mesmo é esta tristeza tão entranhada....
    Lindo...
    Beijos e abraços
    Marta

    ResponderEliminar
  22. Declino o sonho da vida com outros sonhos que matam a sede, assombram a violência e guardam em sua escrita as palavras dos desejos mais íntimos.
    Jorge Manuel Brasil Mesquita
    Lisboa, 03/01/2011

    ResponderEliminar
  23. e que assim seja por muito tempo, querida graça. um beijinho grande*

    ResponderEliminar
  24. É bom sonhar e ter sempre algum desejo. É um poema com um final um pouco triste já que ...."reclinei a cabeça para aguardar a morte dos desejos."
    Um abraço, Graça.

    ResponderEliminar
  25. "Ao longo dos anos conservei
    uma inesperada tristeza..."
    Gosto quando falam em vez de ser eu a fazê-lo...
    :)

    ResponderEliminar
  26. BElo , belo o seu poema de regressos , e talhados palavra a palavra .
    Um abraço
    JRMARTO

    ResponderEliminar
  27. Uma esperança legítima e muito reconfortante, mas, na "violência do tempo", é difícil que se repitam os sonhos. Muitos vão ficando pelo caminho...
    Poema muito belo, profundo e íntimo!
    Beijo.

    ResponderEliminar
  28. Há sonhos assim, "que resistiram à violência do tempo". Um belíssimo poema, Graça.

    Beijos.

    ResponderEliminar
  29. a morte dos desejos talvez seja o pior tipo. o nada. triste e belo, graça.

    ResponderEliminar
  30. A tristíssima morte dos desejos. A tua comovente escrita, Poetisa.
    Beijo.

    ResponderEliminar
  31. Feliz de quem consegue escrever palavras como se fossem música!

    ResponderEliminar
  32. [da matéria, do elemento que se resguarda e nos aconchega na palavra]

    um abraço,

    Leonardo B.

    ResponderEliminar
  33. :) nao gosto de pensar que os desejos morrem...prefiro antes que adormeçam..
    Um abraço doce Graça*

    ResponderEliminar
  34. Minha querida

    Como sempre um deleite para a alma, um poema maravilhoso...o desejo nunca morre, apenas se aquieta no tempo.

    deixo um beijinho
    Sonhadora

    ResponderEliminar
  35. Há mortes que nos tardam...

    Graça, lê-la é, por si, um acto de sublimação. Obrigada...

    Um grande beijinho

    ResponderEliminar
  36. Caminhamos. Não somos mais eternos que o sol, que a galáxia, que o universo - o sabido e o por saber.

    Um dia, deixarão de ser assim. Um dia, deixaremos de ser assim.

    Mas andaremos sempre por aí, a sonhar, a ser e a não ser. Sempre nas asas de um sonho.

    A ser, eternamente, o efémero.

    ResponderEliminar
  37. Os sonhos nunca se repetem, só a tristeza se repete. A alegria é irrepetível, nunca é igual, tal como os desejos.
    Um brilhante poder de síntese neste poema para dizer uma vida inteira.
    Bjs.

    ResponderEliminar
  38. Deixo um beijo de agradecimento pela sua visita e comentário e pelo muito que gosto da sua poesia.

    ResponderEliminar
  39. Palavras tão ternas para falar de algo tão profundo!

    Abraço

    ResponderEliminar
  40. Que enorme conceito, a repetição dos sonhos...

    Beijo :)

    ResponderEliminar
  41. O ritmos de cada palavra deslumbra a palavra seguinte... gostei!
    Bjs
    Chris

    ResponderEliminar
  42. Mais uma vez, que belas estas memórias!

    bjs

    ResponderEliminar
  43. Belíssimas palavras que tão bem condizem com a imagem!

    ResponderEliminar
  44. não são as memórias de Dulcineia.....nem as minhas ......mas a beleza que se veste aqui ......onde a POESIA adormece


    retiro.me (mas)
    deixo



    .
    um beijo
    ( um pouco triste porque a brevidade do tempo não me permite ficar ...... a ler ......... apenas )

    ResponderEliminar
  45. Doce poema à resignação "reclinei a cabeça para aguardar a morte dos desejos"
    beijinho

    ResponderEliminar
  46. e é esta a casa onde vagueio.
    em cada dedo, a violência de um desejo incumprido
    - aqueles que um dia, pedra a pedra, solidificaram um muro avesso à luz.
    outros há como rasgos de trincheiras onde a morte se passeia.

    tantas sombras exiladas
    permanentes nos meus olhos.


    __

    um beijo, minha amiga.

    ResponderEliminar
  47. fechei os olhos,
    é o que faço quando entristeço,
    como se fecha uma comporta e a água na vaza.
    aprisionei-me no tempo, dentro da tristeza que os lábios me sorriem e os olhos reflectem, em sonhos.
    vivi eternamente quando acostei no teu peito o meu beijo e o fiz raiz na pele que me deste a beijar.


    um abraço
    adoro aqui vir, graça!

    ResponderEliminar
  48. Deitar os olhos sobre a tua poesia é refletir um universo espelhado de metáforas e sentimentos.



    beijo no coração

    ResponderEliminar
  49. Dulcineia, o alter ego da poeta, romântico, onde as sensações, as emoções se expressam em linguagem de segredo, a poesia velada ( entreaberta somente a olhos que a possam captar, com muita beleza).
    Bjos, minha amiga.

    ResponderEliminar
  50. Publiquei este lindo poema no meu blogue de Noite de Tormentas traduzido por mi.

    Queres ver?
    Obrigada.

    Beijinhos
    Flor

    ResponderEliminar