![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyzSK-1D54rBK7usBvUqL6vtg_ReA9wXQKGRKnkJJZTH7HqtPr6TbLE7WsLpgVQKNcAQZzHc91aiQJ29VyJjIBLxfMbpqXP2FNwR6YCrVRk8I1bSR8f4QaKvcWaJZMAmH1EZwB/s320/Matisse2.jpg)
A VARANDA DE JULIETA
Uma vez, entrei em verona para não entrar
em veneza. Entre o vê de verona e o vê
de veneza optei por ver verona. Gostei da
coincidência das consoantes na janela
de julieta; e sei que em veneza não ouviria
o vento da vingança, nem provaria o veneno
de uma volúpia que só em verona se
desvenece com a vida. Não há canais em
verona, como em veneza; nem há janelas
em veneza, como em verona; mas julieta
espreita a rua, da janela que é sua, e se
ninguém diz a senha que só ela sabe, agita
o lenço molhado pelas lágrimas que as
nuvens bebem, levando-as de verona até
veneza, onde a chuva as deita nos canais.
Nuno Júdice
In Pedro, Lembrando Inês, Lisboa, Dom Quixote 2001
1 comentário:
Para que sonhem com Verona
Enviar um comentário