3.
Ninguém sai ilesode uma claridade prematura.
Este quarto,
insurrecta metáfora
que espreita
a grelha costal do ébano.
O corpo, alambique de harpas taciturnas.
A pele alumiada
pelas habilitações literárias do gume.
Caducou
a biografia de antídotos
que expatriava o limbo.
Ser agora um homem
na potência crucial da bruma.
Arquivo de mitologias nefastas.
Mapa sem alvéolos.
Hora de ponta
no espaço tumoral.
Alberto Pereira
In: Tarkovsky: o sacrifício. Costa da Caparica: The Poets and Dragons Society, 2024, p.68
Prémio Ulysses 2023