23.6.25

Sem consolo

                        

Katia Chausheva



Não me perguntem
se na vertente da noite
há mães que se deitam
no berço dos filhos
à espera que regressem
de prematuras mortes.
Ou se cantam em uníssono
canções de embalar
na inquieta angústia da demora.
São vozes de deméter
clamando sem consolo
contra os deuses.

Graça Pires
De Talvez haja amoras maduras à entrada da noite, 2025, p. 12

46 comentários:

Marta Vinhais disse...

A dor, a perda...presente na noite e no dia....num grito mudo...
Belo...
Beijos e abraços
Marta

Roselia Bezerra disse...

Querida amiga Graça, uma mãe que chora vale por mil qie abandona.
Um poema concernente à dor de muitas mães que estão 'órfãs' dos seus amados filhos mortos numa guerra ou lutando nela..
Por outros motivos, uma mãe espera... nem sabe o porquê...
Não há consolo para tal dor descrita em sei poema.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhis fraternos

Mário Margaride disse...

Olá, amiga Graça
De facto é doloroso para as mães, que não sabem se os seus filhos regressam da barbárie da guerra. É a angústia constante no coração dorido dessas mães.

Excelente poema, estimada amiga.

Beijinhos carinhosos, e feliz semana com tudo de bom.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

Fá menor disse...

Imagino que essa seja uma dor sem cura.
Tão bem o soube dizer!

Beijinhos e tudo de bom!

chica disse...

Liundo poema e chega a doer em cada uma de nós a tristeza o desconsolo de tantas mães nessa situação!
beijos, ótima semana! chica

Jovem Jornalista disse...

Arrasou na poesia!

Boa semana!

O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!

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Até mais, Emerson Garcia

São disse...

Um foto ilustrando muitissimo bem um dos teus mais profundos e tocantes poemas, minha Amiga.

Carinhoso abraço, boa semana e feliz Verão .

Eros de Passagem disse...

Sempre tão incisivos seus poemas, Graça. A dúvida que angustia ou mata aos poucos. A recuperação da mitologia grega a nos lembrar Perséfone, sua filha.
Um beijo, minha amiga!
Uma boa semana para ti.

ManuelFL disse...

Este poema fala do sofrimento das mães nestes tempos tão difíceis que estamos vivendo.
Bem hajas poeta pela partilha.
Beijinhos

Luís Palma Gomes disse...

Uma dor que faz lembrar aqueldeus Dema passagem do Apocalipse:"6Naqueles dias os homens procurarão a morte, mas não a encontrarão; desejarão morrer, mas a morte fugirá deles.". Deverá ser esta angústia. Deus valha a todos que este drama aconteceu. Mesmo na natureza, somos testemunhas do autosacrificio de muitas espécies quando se trata de defender a sua prole. Gostei a convocação do Deméter para o poema. Garante uma abrangência deste sofrimento desde o principio da História. Beijinhos e boa semana.

Sadia Jabeen disse...

These lines left me breathless—such raw, devastating imagery. The inversion of the cradle, those phantom lullabies sung into emptiness... You've captured the unthinkable grief of loss with the primal force of myth. This isn't just poetry; it's a cry that reverberates in the bones. Harrowing and magnificent.

Sadia Jabeen disse...

The cradle as a relic. The lullaby as a dirge. You've woven Demeter's timeless rage into something unbearably human—where grief becomes both altar and avalanche. These words don't just speak loss; they *embody* it.

Duarte disse...

Graça, uma imagem muito nossa neste nosso Portugal, muito frequente não há muitos anos. As mães sempre tão entregadas, são sempre as que mais sofrem.
Como aquela mãe de Moreira que, numa madrugada, viu que aquele filho já enterrado lhe chamou à porta.
Um belo poema com um profundo sentir.
Forte abraço

carlos perrotti disse...

Dolidos versos resuenan en medio de la sinrazón reinante... Me conmueven y dejan pensando, Poeta.
Abrazo admirado una vez más, Poeta Graça.

bea disse...

E livre-nos Deus de sermos algum dia uma dessas mães. Sejam as mortes prematuras do realmente ou uma de tantas que existem e da qual nunca se sabe se ressuscitam. É morte. Isso basta para fazer sangrar quem os ama.
Boa tarde Graça. E que a vida a abençoe e a seus filhos

Ailime disse...

Boa noite Graça,
Tantas mães a sofrer e angustiadas pela ausência dos filhos, não sabendo quando e como regressarão.
Um pesadelo que grassa, infelizmente, cada vez mais no nosso mundo.
Um poema muito belo.
Beijinhos minha amiga e Enorme Poeta.
Tenha uma boa semana.
Emília

brancas nuvens negras disse...

O poema fala de uma perda, talvez a perda de dor mais insuportável.
Como sempre, um poema de grande criatividade literária.
Boa semana
Um abraço.

Aleatoriamente disse...

Graça, que poema pungente…
Há em cada verso um eco de silêncio, de luto, de esperança teimosa como se as mães de todas as perdas se encontrassem nessa vertente escura da noite. A imagem das vozes de Deméter, clamando sem consolo, é de uma força quase sagrada.
Não é só poesia, é invocação. E dói bonito.
Obrigada por nos lembrar, com tanta delicadeza, das ausências que nunca se apagam.

Um abraço comovido.🙏🏻

Agostinho disse...

É poesia repassada da fina sensibilidade da mulher, da Mãe e da Poeta. Obrigado por mais esta, cara Amiga Graça Pires.

a "inquieta angústia da demora"
que as definha em fiapos negros de dor
no desejo imparável de pôr os relógios
às avessas - tê-los de novo no regaço

Beijo.

Eduardo Medeiros disse...

Que belo poema! E que verdade!
Está tudo nas mãos dos "deuses".

J.P. Alexander disse...

Melancólico poema. Me gusto mucho. te mando un beso.

lis disse...

Um poema pungente, Graça
Uma foto que nos toca, sobremaneira .
Parabéns pela inspiração e minha admiração sempre ,amiga
Beijos

Os olhares da Gracinha! disse...

Um sentir único 💞... Bj

Os olhares da Gracinha! disse...

Um olhar angustiante!

Maria João Brito de Sousa disse...

Um olhar pungente sobre a dor das mães que perdem um filho. Conheço bem a dimensão dessa dor.

Um beijo, Graça

baili disse...

The pattern of the game of life is ruthless since the beginning dear Grace 🥹
Powerful run the world according the what suits their bank accounts.
Blood of innocent turns into more money when transferred to them. Selling weapons is the reason behind most of the wars and the world unfortunately 🥹🥹🥹🥹🥹

manuela barroso disse...

Não sei se haverá dor mais pungente do que a daquela mãe que mergulha no sofrimento pela indefesa daquilo que mais ama . Dilacerante a dor da incerteza de no fim de um dia os seus braços abraçarem o vazio do Amor sobretudo se a causa nos ultrapassa . Em tanto poucas palavras , tantos nos transmites , Poeta , e com que beleza !
O nosso abraço !

manuela barroso disse...

…e que imagem tão exemplificativa !

Regina Graça disse...

Que deuses, meu Deus, que deuses? Um poema de coração aberto, encanta até às lágrimas! Beijinhos

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...


Querida Amiga Graça
Este poema ecoa como um lamento antigo, onde a dor das mães se confunde com o silêncio dos deuses. Ao evocar as vozes de deméter, a deusa-mãe que, na mitologia, chora a filha perdida ao mundo dos mortos a autora dá corpo à angústia de todas as mães que esperam, em vão, pelo regresso dos filhos.
Uma escrita serena e intensa, que sabe escutar o sofrimento humano sem o aprisionar.
E pelo que sei, perder um filho é segunda maior dor do Mundo.
Emocionada fiquei.
A imagem foi bem escolhida.
Deixo um beijo
:)

Marina Filgueira disse...

!Holaa, querida amiga¡

Nos dejas una gran y profundo poema que me llega al alma, colmado de dureza e inmensos sentimientos que estremecen a las almas sensibles.
Un placer leerte, gracias por darnos tanto y tan bello.
Te dejo besos y mi gratitud por tu huella.

Feliz verano, amiga.

Majo Dutra disse...

Impactante e realmente emocionante...
Infelizmente muito pertinente...
Beijinho, Amiga Graça.
~~~

Olinda Melo disse...

Mitologia e modernidade de mãos dadas neste seu
poema, amiga Graça. O vazio, a ausência, a dor das
mães, em qualquer tempo, leva-nos nas asas do tempo
para o mais profundo de nós.
Tenha uma boa semana, minha amiga.
Beijinhos
Olinda

Ana Tapadas disse...

"Quantas mães choraram"...e o eco se prolonga por todos os tempos.
Profundo poema, minha amiga, com a intensidade que tão bem te caracteriza.
Um beijo

Juvenal Nunes disse...

A dor da perda não tem consolo que a apazigue.
Abraço de amizade.
Juvenal Nunes

Cesar disse...

O rompimento do cordão umbilical não ocorre, com efeito, na hora do parto.
Grande abraço.

teresadias disse...

Há dores que só uma mãe sente… dores que o tempo não ameniza, dores dilacerantes, contidas, inconsoláveis.
Querida amiga Graça, foi a tua sensibilidade poética que permitiu que eu lesse e relesse este profundo e comovente poema. E a imagem, que imagem, retém nela toda a dor do mundo.
Beijo, bom resto de semana.

Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá, amiga Graça, meus parabéns pela criação desse seu
belíssimo poema que gostei muito de ler.
Votos de um ótimo final de semana.
Um beijo, amiga.

Mário Margaride disse...

Olá, amiga Graça,
Passando por aqui, para desejar um bom fim de semana, com tudo de bom.

Beijinhos, com carinho e amizade.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

Margarida Pires disse...

A morte prematura de um filho é uma dor agonizante!
E por mais que se lute ao lado de uma mãe, ela sofrerá para sempre, de saudade de quem perdeu!
Quem ama sempre chorará baixinho no seu cantinho!
Um luto eterno!
💖💗💖Megy Maia

Marli Soares Borges disse...

Querida Amiga Graça!
Que poema maravilhoso! Um poema de ausências e de silêncios. Silêncios que não podem mais permanecerem quietos pois as urgências clamam pelo ciclo da vida. Uma voz poética que evoca a figura materna protetora, delicada, sofrida e benevolente.
Bjsssss.

Alécio Souza disse...

Querida Graça,
A dor de uma mãe que perde um filho é imensurável, é como se uma parte do seu corpo fosse arrancada. Amor de mãe é tão forte que nem a morte é capaz de encerrar.
Um abraço!

alberto bertow marabello disse...

A volte gli sei sono proprio troppo lontani per noi piccoli esseri viventi che spesso non sappiamo prenderci cura gli uni degli altri. Poesia molto toccante, come sempre.
Buon fine settimana, amica mia Poetisa.
Um beijo

teresa p. disse...

Poema doloroso e comovente! Não há dor maior no mundo, para uma mãe, do que a perda prematura de um filho ou a sua espera sem saber se algum dia regressará da guerra cruel que grassa no mundo. A foto descreve bem a realidade do sofrimento! Gostei muito.
Beijo.

Laura. M disse...


Palabras muy sentidas que llegan dentro. Preciosa imagen. Gracias.
Buena semana Graça.
Un abrazo.

Isa Sá disse...

Mais um bonito poema.
Isabel Sá
Brilhos da Moda