A CONSTRUÇÃO DO POEMA
A construção do poema é a construção do mundo.
Não símbolos, não imagens, simples criaturas
do ar, evidências obscuras, enigmas luminosos,
as formas do vento, os silêncios do sono.
As palavras são impulsos de um corpo soterrado.
Uma condição de alegria no vazio sensual
que se desenha concreto na bruma vagarosa.
Letra a letra, desfibramos o coração do sol.
Vemos numa torre do vento uma árvore balouçando.
Vivemos no ócio da sombra mais materna.
Talvez o poema seja uma pequena lâmpada
solitária ou um branco sortilégio, o prodígio
que restablece a verde transparência
de um mundo imóvel, ou só uns fragmentos
obscuros, uma pedra clara, um hálito solar.
António Ramos Rosa
In Volante verde. Lisboa : Moraes, 1986
A construção do poema é a construção do mundo.
Não símbolos, não imagens, simples criaturas
do ar, evidências obscuras, enigmas luminosos,
as formas do vento, os silêncios do sono.
As palavras são impulsos de um corpo soterrado.
Uma condição de alegria no vazio sensual
que se desenha concreto na bruma vagarosa.
Letra a letra, desfibramos o coração do sol.
Vemos numa torre do vento uma árvore balouçando.
Vivemos no ócio da sombra mais materna.
Talvez o poema seja uma pequena lâmpada
solitária ou um branco sortilégio, o prodígio
que restablece a verde transparência
de um mundo imóvel, ou só uns fragmentos
obscuros, uma pedra clara, um hálito solar.
António Ramos Rosa
In Volante verde. Lisboa : Moraes, 1986
4 comentários:
Como eu gosto de Ramos Rosa!
"Talvez o poema seja uma pequena lâmpada solitária ou um branco sortilégio..."
Que bem o diz Ramos Rosa.
Um abraço
A construção do poema é tudo isso, com alma.
Excelente escolha.
Obrigada Amigas e Amigos pela vossa visita e pelas palavras. Que bom gostarem de Ramos Rosa. Um beijo.
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