17.2.08

A desordem da noite

Peter Wileman


Quase tudo se articula na sorte
ou na desgraça de resgatar memórias,
como um pretexto rebelde,
marginando os dias.
Quantas vezes sobrepomos as mãos
para chorar amigos, ou aprisionar
a infância, ou dizer, devagar,
palavras intranquilas,
tantas foram as sombras sobre os ombros.
Não inquiram, portanto, com que silêncios
se nomeia a desordem da noite.


Graça Pires
De Quando as estevas entraram no poema, 2005

22 comentários:

Pena disse...

Linda Amiga:
Quando "penso" a noite faço-o de uma forma sossegada, tranquila e harmoniosa. Serve para o bem-estar.
Há tanto a sonhar!!!!!!!!!!!!
Não! Não chore. Divague.
Divague silenciosamente a sua inquietação. É sua. Pertence-lhe.
Sinta a "Desordem da Noite" com um sorriso, um afago, um gesto amigo.
Escreve lindamente. Brilhantemente!
Parabéns sinceros.
Beijinhos amigos e que respeitam
Sossegue!

pena

Luis Eme disse...

Quase tudo...

porque será?

abraço Graça

Anónimo disse...

Gostei imenso do que li, parece que me consigo ver no texto onde se aborda o pensamento e o pretender guardar alguns sentimentos vivencias...

Gostei da forma simples como está escrito!!

:)

Carlos Ramos disse...

Grande quadro, grande poema.
Escreves muito bem e como importa.

Bj.

Maria Clarinda disse...

"...Não inquiram, portanto, com que silêncios
se nomeia a desordem da noite."

Simplesmente lido o teu poema!!!!

Anónimo disse...

Sombrio, é quase um contraponto aos dois poemas anteriores. Memórias, perdas, a infância a que não tornamos, o passado que vem connosco e às vezes pesa. As "palavras intranquilas" e os silêncios. Mas tudo é vida. Mesmo a desordem.
Um beijo, Graça, boa semana

Anónimo disse...

a noite há-de nomeá-la, graça. sem desordem :) um grande beijinho *

Outonodesconhecido disse...

A noite sempre teve um não sei qu~e de mágico, misterioso e assustador. tenho um amigo que aprepósito d eoutros assuntos diz sempre: deitamo-nos com o sonho e acordamos com a realidade, magias da noite...

Teresa Durães disse...

(na sorte não acredito) mas nio resgatar de memórias...

os silêncios da noite são sempre sobrecarregados

São disse...

Um dos teus mais belos posts, este!
Um excelente conjunto !!
Feliz semana, amiga.

Manuel Veiga disse...

captar a desordem dos silêncios!...

muito belo.

Elizabeth F. de Oliveira disse...

Cada um é que sabe quantos e quais fantasmas nos emudecem na desordem da noite.
Belíssimo, Graça, como tudo o que escreves.
Um abraço recheado de afetos poéticos.

Anónimo disse...

É mesmo assim...

Quanta emoção nas "palavras intranquilas" deste belíssimo poema.

Beijos.

Elizabeth F. de Oliveira disse...

Graça, fiquei muito feliz que tenhas gostado e se sensibilizado com o poema, porém, preciso lembrar-te que são as tuas palavras que me tocam profundamente. O que fiz foi apenas tentar traduzir um pouco do que sinto quando te leio. O que ficou por dizer é certamente bem mais significativo do que o que foi dito.
De qualquer forma, esteja certa de que tens em mim uma amiga de verdade.
Constato que as tuas palavras são também autônomas, pois são capazes de fundir afetos.
Um grande abraço poético.

Pena disse...

Linda Amiga:
Pelo que constato da sua enorme pureza de sentimentos, penso que não seria de capaz de aprisionar a infância em que me encontro inserido lucidamente ou abdicar de sentir a beleza da noite em desordem de poesia.
A sua escrita vive de fascínio, beleza e encanto.
Penso que vivifica este pensar em constante presença e adoravelmente.
OBRIGADO pela visita e por tudo o que de belo e lindo lá deixou. OBRIGADO sincero e sentido.
Beijinhos de amizade
Sempre a lê-la atentamente e deliciado

pena

© Maria Manuel disse...

«tantas foram as sombras sobre os ombros»

poema belo, verdadeiro, comovente.
um beijo.

jorge esteves disse...

É que, por vezes, o silêncio é o pranto da alma...
Gostei!

abraços!

Paula Raposo disse...

Excelente! Adorei as tuas palavras...na desordem da noite.

Licínia Quitério disse...

"as sombras sobre os ombros" no desalinho da noite.
Forte, belo poema.

Beijo, Graça.

Graça Pires disse...

Bem-hajam!
Um beijo a todos.

Menina Marota disse...

como me revejo no interior dessa ilha que são os teus sentires...

Belo poema, que abalou carinhosamente a minha alma.

Beijo ;)

De Amor e de Terra disse...

Violacemanete ela (a noite) se espalha, deslumbrante, como deslumbrante foi o teu "falar", "escrever" sobre ela.

Bj

Maria Mamede