Como se uma quimera dobasse
o desalinho dos desejos
acerco-me de Gauguin
para que me cubra o corpo
com o tom terroso dos países
onde a água e o fogo anunciam a sede.
Quero que molde as minhas mãos
com o barro com que se regressa às fontes.
Quero amarrar os pulsos às palmeiras
e deixar que os barcos
fiquem à deriva em meu olhar.
Será imponderável o biográfico equívoco
em que me instalei com olhos de abismo.
Graça Pires
De A incidência da luz, 2011
44 comentários:
Gauguin inspirou-te e não foi tarefa difícil ou não fosse ele um exímio pintor e tu uma poeta que me deslumbra em cada poema. Gosto muito da pintura que seleccionaste.
Bem-hajas!
Beijinhos
Com os desejos despertos pelo fogo, com o molde dos barcos perdidos, com a água que passa pelo olhar... Instalei-me equivocamente junto às fontes onde Gauguin toca o tom do teu olhar.
Um beijo,
CA
E num poema exótico, deixas a descoberto as cores únicas de Gaugin...
Adorei....
Beijos e abraços
Marta
obrigado se feliz tanbem
beijos!!
Bela inspiração lhe deram as cores de um mestre da pintura: Gauguin.
Os sentidos se manifestaram através do seu olhar num poema.
Lindo.
Bjito e uma flor.
Querida Graça,
Você está sempre cercada de beleza e sensibilidade. Bela ilustração e poema.Obrigada.
Uma maravilhosa semana. Beijos com carinho.
Como lá na sua ilha perdida ele deveria ter gostado de ler!
"acerco-me de Gauguin
para que me cubra o corpo
com o tom terroso dos países
onde a água e o fogo anunciam a sede" Que belíssima ideia/imagem...
:)
Estimada e Fabulosa Poetiza Amiga:
"...Quero amarrar os pulsos às palmeiras
e deixar que os barcos
fiquem à deriva em meu olhar.
Será imponderável o biográfico equívoco
em que me instalei com olhos de abismo..."
Sem palavras dado o talento e beleza poéticas.
Um poema delicioso.
MUITO OBRIGADO pela sua ternura na visita que me fez.
Beijinhos amigos ao seu encanto.
Com respeito e sempre a admirá-la, poetiza sublime.
Grato pelo seu carinho de amizade.
pena
A proximidade de Gauguin é sempre um alento, minha querida.
Gostei do poema e da ilustração.
Boa semana
Acercar-se de Gauguin é sempre uma ótima opção. Ter as mãso moldadas em barro e os pulsos amarrados a palmeiras completam o suplício indolor de nossas almas...
Parabéns, Graça...
Querida amiga,
As referências a Gauguin e às suas cores num poema onde o desejo navega como um barco perdido.
Beijos
Já sei porque é que os barcos naufragam. Pelo facto de existirem sereias com olhos de abismo.
Excelente a combinação do poema e da pintura.
Meu Deus! Como é que os poetas se lembram de escrever estas coisas tão belas?
Um espanto a criação poética!
Parabéns (outra e outra e outra vez)
Ah, Graça, que prazer ler-te poemas inéditos! Que presente!
Os tons de Gauguin coloriram de metáforas a poesia do teu sentimento.
Benditas as tuas palavras.
beijo no coração
fiandeira de abismos
os pulsos de barro
derretem-se no mar
acercadamente coberto de desejo e cor
o seu poema, Graça!
um beijo
manuela
O seu poema é, obviamente,
muito bom!
Diria, mesmo,
da mais fina estirpe!
Saudações poéticas.
Graça
Já tinha lido e gostei muito
Já fiz a transferência.
O fim de semana foi curto e só Hoje seguiu, espero que já esteja aí..
Um beijinhoooooo
Belíssimo poema
“onde a água e o fogo anunciam a sede”
Gostei muito
avistar a deriva dos barcos
onde instalei o meu olhar.
Uma magnífica aproximação a Gauguin, tão cheia de cor, de luz...
Só que não me parece que necessite de Gauguin para moldar as suas mãos que já escrevem tão bem.
um poema com cores bonitas, além das árvores e barcas, da Ilha...
beijinho Graça
Lindo, Graça. Bem haja tanta inspiração. Um beijinho.
"Quero amarrar os pulsos às palmeiras
e deixar que os barcos
fiquem à deriva em meu olhar."
Esta imagem poética é deslumbrante e profundamente forte... Lindo!!!
Beijo.
Como gosto das mulheres de Gauguin!
E para além dessas, das de Armanda Passos e de Brotero; os três "me" retratam, nas dimensões redondas das mulheres...
e como gosto e admiro o que escreve Graça! É bem vardade que já lho tenho dito, mas nunca é demais.
Bjs.
M.M.
Bela identificação,ou inspiração na obra do Gauguin. E ressalto estes versos que são maravilhosos:
'Quero que molde as minhas mãos
com o barro com que se regressa às fontes.
Quero amarrar os pulsos às palmeiras
e deixar que os barcos
fiquem à deriva em meu olhar.'
Há um prêmio pra vc em meu blog, copie o selo e cole em teu blog. E veja as regras lá, minha amiga. Bjos.
Um dos meu pintores preferidos. Pintado com belas palavras.
inspirada em Gauguin e ficou barco à deriva com cheiro de palmeiras e ilha.
muito bom.
um beij
Tenho um selo de agradecimento para lhe oferecer lá no meu blog.
Beijinho
Excelente
Um livro para revisitar
Grato com Bjs
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Um POEMA, realmente! Gostei, gostei muito... Parabéns pelo seu versejar perfeito!
Beijos de luz e o meu carinho...
Zélia (Mundo Azul)
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olhos de abismo, cabisbaixos...olhos da poesia entristecida...lindo poema.
Muito bem... penso que não é a primeira vez que venho aqui! O que li por cá gostei, bonito mesmo! A nossa mente sempre é fértil em imaginar a forma como descrever as nossas coisas para que os outros possam, assim, lerem. Vou ser seu seguidor, seja meu também.
http://transpondo-barreiras.blogspot.com/
http://congulolundo.blogspot.com/
http://minhalmaempoemas.blogspot.com/
http://queriaserselvagem.blogspot.com/
Um beijão
Aqui se navega pela linguagem e suas muitas pátrias. A excelência de sempre.
Um abraço.
Abismal é a beleza das palavras que remetem aos mares do sul, que revelam sonhos em seu navegar. Bela equação a soma das cores de Gauguin com a sua literatura.
Graça,
Gauguin, receber-te-à com com mãos de água em sede de fogo e no abismo dos teus olhos se precipitarão todas as marés para que os barcos possam ficar á deriva nos teus olhos...
Um beijo!
AL
germinais os "países
onde a água e o fogo anunciam a sede"...
perfeito deslumbramento - o poema e toda a "A incidência da luz".
beijo
belo diálogo com a pintura de Gauguin... palavras e cores muito cálidas...
Um beijo
Ainda não pedi o teu livro-A Incidência da Luz- à Editora Labirinto, mas vou fazê-lo. Parabéns. Que original aproximação à pintura de Gaugin.
beijinho,
Véu de Maya
Olá, Graça
O simbolismo de Gauguin, a constante interrogação do "eu"
quem somos, de onde vimos... os contrastes religioso e profanos, deram vida a uma vida morta...
Assim como, "o barro com que se regressa ás fontes."
Belo poema! Sem dúvida que o livro é maravilhoso, comprá-lo-ei logo que o veja aqui no Porto.
Um beijo, fica bem e bom domingo!
José
Mas não há qualquer equívoco na excelência do teu poema.
Gostei imenso, como sempre que te leio.
Querida amiga Graça, bom resto de Domingo e boa semana.
Um beijo.
Fica a sensação de que o universo inteiro pode caber num poema.
Beijinhos
Querida Graça,
Recebi seu livro hoje, estou encantada, não só com a beleza dos poemas, mas com sua gentileza imensa, maravilhosa, sem palavras...
Estou no começo, mas já sei que vou adorar estou considerando-o meu melhor presente de aniversário, (que se aproxima).
Muito, muito, muito grata,
Um grande abraço, da amiga brasileira
Maria Madalena
BELÍSSIMO QUERIDA;))
Concordo com a Virgínia...muito bom passear pelo abismo da boa poesia!
Grande Bjo!
Lindoo
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