8.7.19

Com o silêncio emboscado na voz

Ana Pires Livramento


Com o silêncio emboscado na voz 
uma mulher atravessou um impossível retorno 
rente a horários sem sentido. 
Na linha das marés o magoado vértice das sombras 
desenhava a solidão dos barcos destruídos. 
Como se um frio de aço mutilasse todas as esperas.

Graça Pires

De Uma vara de medir o sol, 2018, p. 28

54 comentários:

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Um belo poema minha amiga, gostei bastante e aproveito para desejar uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Luis Eme disse...

tão forte, tão sentido... e tão bem colado à imagem da Ana...

Abraço Graça

chica disse...

Conseguiste nos fazer sentir o momento intenso. Linda foto também. Ana é tua filha? beijos, chica

Marta Vinhais disse...

Ás vezes, o silêncio é tão pesado que corta a alma...
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Larissa Santos disse...

Brilhante como sempre :))

Hoje:-Nos trilhos do anoitecer...

Bjos
Votos de uma óptima Segunda-Feira.

Teresa Durães disse...

Triste, tão triste, mas tão lindo!

carlos perrotti disse...

Perfeito na letra e no espírito o seu poema, Graça. Inspirador realmente. Inesquecível também.

Abraço admirado Poeta.

Duarte disse...

Que grande punhalada, assim, metaforicamente.
As palavras justas, mas suficientes.
Maravilha!!!
Abraços de vida, querida amiga

LuísM Castanheira disse...

O teu poema, Graça, e’ tão belo, como arrepiante.
Nas horas mortas, onde nenhum relógio
determina a razão da vida, fica-nos o acto
de quem, desesperadamente, não encontra outra saída,
senão o abismo.
E este frio gela a Alma.
A imagem que me fica, e’ o destas águas a guardarem
todas as mágoas… para sempre.

Um beijo, minha querida Amiga.

María disse...

Triste pero muy bello.

Un beso enorme.

Marco Luijken disse...

Hello Graça,
Impressive words with a matching photo.
Wonderful.

Big hug, Marco

Mar Arável disse...

Barcos que não se afundam nas tuas palavras
em voz alta
Bj

Humberto Maranduva disse...

O tempo é sempre um frémito de memórias evocadas, um "impossível retorno" face ao arbitrário gerador de sentidos postiços, a comunicação frustrada pelas subjectividades
feridas de solidão no âmago delirante das expectativas goradas, tal "Como se um frio de aço mutilasse todas as esperas".
Um belo poema, repleto de imagens muito consistentes, fortes e marcantes.
Uma boa semana, Graça. Bjs.

JUAN FUENTES disse...

Un pecio,una poesia,un sentimiento

Maria Emilia B. Teixeira disse...

O silêncio é forte que às vezes dói.
Boa semana.Bjs.

lis disse...

E assim vamos _ acertamos e desacertamos os ponteiros,
uma busca incessante e'esperas' silenciosas,
Bonito,Graça bonito!

Anete disse...


Versos intensos! Silêncios cortantes e desafiadores...
Boa terça-feira, Graça! O meu abraço...

Toninho disse...

Olá querida Graça.
Excelente poema deste livro maravilhoso amiga.
O silencio que mutila, mas as palavras se recompõem em belo poema.
Beijo amiga.

A Paixão da Isa disse...

Lindo como sempre como tu sabes dar alma aos teus poemas parabens bjs

baili disse...

your words have power to portray the gloomy expression that image speak so gravely dear Grace!

wait is written everywhere within it and wait is revealed absorbingly in your poetry :)
hugs!

bea disse...

Imagens belíssimas. Imaginamos uma mulher que em silêncio atravessa o impossível retorno. Que será dela e que força a impeliu à travessia assombrada. E nada sabemos além da acerada sombra dos barcos a desmantelar.
A vida não tem justiça mesmo.

fatimawines disse...

Pesas cada palavra que ,imbuídas num pensamento, nos transportam em simultâneo ao Sol e à Lua.
Num olhar assim, não há ortografia que resiste.

teresa dias disse...

Versos belíssimos, acompanhados de uma imagem perfeita.
Querida Graça, estes versos leem-se com os olhos do coração.
Gostei MUITO!
Beijo, boa semana.

Cidália Ferreira disse...

Poema fantástico!

Aos poucos, de novo...
Caminhos, ou destinos sem saída.
Beijos e um excelente dia.

manuela baptista disse...

e no entanto, é corajosa a mulher

um silêncio de aço


muito bonito, Graça!

Olinda Melo disse...


Há vidas ou situações sem possibilidade de retorno ... Quase sem caminhos
pelos quais se possa transitar ao encontro da saída desejada. Ou talvez
não se queira saída nenhuma:
"Como se um frio de aço mutilasse todas as esperas".

Uma situação de desespero, verosímil, tão bem plasmada neste seu poema, querida
Graça. A arte de bem escrever. Parabéns.

Beijinhos

Olinda

Ana Tapadas disse...

Revisito mais um belo poema!

Beijinho.

Majo Dutra disse...

Leio uma profunda angustia navegando...
Tudo bom, Poeta Amiga.
Beijinhos
~~~

Gracita disse...

O silêncio é tão forte que pode trazer dor. Lindo minha amiga. Beijinhos no ❤️

Agostinho disse...

Todo ele contém o certo
e o inteiro mas
a força do último verso
- avassaladora!
Como poderá alguém
enfrentar o aço frio
da negação depois da redução
que a espera opera?
Ter ânimo...

Um beijo amigo, Graça Pires.

Ana Freire disse...

A solidão... sempre tão colada a nós, como uma segunda pele... pronta a reclamar o seu espaço... até mesmo, na pressa dos dias...
Um trabalho tocante e profundo, como sempre, Graça, e que é um privilégio imenso, descobrir e apreciar!...
Beijinho! Continuação de uma feliz semana!
Ana

saudade disse...

O silêncio que sufoca..
Gostei de ler.
Beijo

PAULO TAMBURRO. disse...


GRAÇA PIRES,

até aqui vê-se mulheres mutiladas, seja até pelo frio e na maioria das vezes ,na atualidade, pela violência dos homens em atos de extrema covardia.
Um abração carioca.

Às margens de mim. disse...

Na vida há muitos caminhos sem volta. O rumo com direito a retorno deve ser a partir de nossas escolhas. Obrigada pelos comentários em meu blog. AbraçO

Manuel Veiga disse...

no gume do silêncio! tão funda a dor, que paraliza.
... e, no entanto, muito belo!

grande abraço, Poeta

SILO LÍRICO - Poemas, Contos, Crônicas e outros textos literários. disse...

Ah... O silêncio da voz
Que a mulher traz emboscado,
Nada mais é que o recado
Que vive um silêncio a sós

Entre muitos, como nós
Tendo cada um seu lado
Estranho e silenciado
Sem lembrar que somos pós.

Que um grito ecoe à garganta
Feito a um pássaro que canta
A melodia encantada

Da doce vida que encanta,
Como canção sacrossanta
E fingimos ouvir nada!

Grande abraço! Laerte.

Branca disse...

Lindo poema!

Tais Luso de Carvalho disse...

Querida amiga, fiquei por minutos olhando a foto, lia o poema, voltava para foto e novamente o poema! Tão triste e tua construção tão delicada e bela!
Pois é, vocês poetas conseguem isso, dizer em poucas palavras a maior tristeza de uma maneira bela.
Beijo, amiga Graça!

Jaime Portela disse...

Há viagens sem retorno...
Excelente poema, gostei imenso.
Graça, continuação de boa semana.
Beijo.

Sinval Santos da Silveira disse...

Minha Mestra, Graça Pires!
São dores entrincheiradas nas sombras
das tentativas frustradas...
Belo segmento poéico, como sempre,
Amiga. Parabéns !
Um fraternal abraço, aqui do Brasil !
Sinval.

ANNA disse...

Gracias por tu visita y aportacion.
Te lo agradezco mucho

Besos

teresa p. disse...

"Com o silêncio emboscado na voz". um poema profundo e perturbante que deixa o coração apertado face à realidade presente.
Magnífico, tal como a fotografia.
Beijo.

Quase Cinderela disse...

Mais um poema fantástico!
Nem tenho palavras... tão complexo e cheio de significado...
Parabéns <3
Beijinho grande

Isa Sá disse...

Bonito poema.

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Graça, lindo texto.
Quase voltando das férias
venho deixar meu abraço
e fazer o convite
para conhecer a escrita
da Maria Azevedo aqui:
https://apenasumolharalem.blogspot.com/
CatiahoAlc.

Ailime disse...

Boa tarde Graça,
Tantos silêncios mutilados em viagens sem retorno.
Um poema muito belo e intenso que me faz pensar em tanto sofrimento espalhado na solidão das marés.
A foto é belíssima e está em total sintonia com o poema.
Um grande beijinho e um bom fim de semana.
Ailime

Maria Rodrigues disse...

Palavras sentidas e profundas num poema sublime.
Beijinhos
Maria

solfirmino disse...

Amiga, é assim que me sinto essa semana, meu silêncio rente a horários sem sentido, só na espera...
E nada de chegar o dia 17 de julho.
Adorei o poema.
Beijo

ManuelFL disse...

«Com o silêncio emboscado na voz
uma mulher atravessou um impossível retorno…»


Adorei o poema.

Beijo.




Teresa Almeida disse...

" ... como se um fio de aço mutilasse todas as esperas."
Assim nos sentimos por vezes.

Brilhante, minha amiga Graça.
Que atravesses bem o verão!

Beijos.

ANNA disse...

Gracias por tu visita y aportacion es un placer leerte en este ya tu blog
cuidate mucho
Besos

Zilani Célia disse...

OI GRAÇA!
AS ESPERAS SÃO SEMPRE ANGUSTIANTES.
ADOREI AMIGA.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/

lanochedemedianoche disse...

Muy sentido y bello poema, gracias.
Abrazo

Mirtes Stolze. disse...

Boa noite querida Graça
Um poema tocante. O silêncio das palavras e a dor na alma. A solidão doe muito as vezes. Uma linda semana amiga. Carinhoso abraço.