Adriano Miranda
no tempo de criança que lhe coube.
O trabalho instalou-se, desde sempre,
na orfandade de suas mãos.
Queimava alecrim para incensar
a cal das paredes por onde gotejava
a secura dos olhos.
Um cansaço antigo a transformou
em filha de si própria.
Graça Pires
De A solidão é como o vento, 2020, p. 25
61 comentários:
"Um cansaço antigo a transformou
em filha de si própria"
Não haverá solidão maior, saber
que o nosso mundo é apenas o nosso
mundo interior. Somos animais
gregários, gostamos de nos
reunir, conversar, amar.
Neste Poema, querida Graça, lemos
a tragédia de tanta gente. E que
que no-la mostra.
Beijinhos
Olinda
Que magnífico ser talhado
na mestria do verso transparente
Não frequentou a escola, mas
no âmago transportava a
energia da origem dos tempos,
que levedou no ventre, com que alargou paredes no olhar tolhido
dos dias pequenos e, quando preciso,
lavou noites tormentosas
com o seu próprio sal
Um beijo, muito amigo, Graça Pires.
Um espetáculo de poesia...Nem sempre o tempo de criança pode ser vivido plenamente,como merecido.Pena! beijos, linda semana! chica
Vidas difíceis e sofridas.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
muito imaginativo.. gosto muito
Que escrita maravilhosa!
Uma semana abençoada para você. Bjs.
Tristes vidas que laten desde el sufrimiento.
Preciosa entrada y la imagen.
Un placer estar en tu blog.
Besos enormes.
" A solidão é como o vento". O absurdo tempo que em nós fica doendo...
Tão verdade!
Uma boa semana, com muita saúde minha Amiga.
Um beijo.
Muito bom!! :))
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O silêncio que deslumbra pensamentos
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Beijos e uma excelente semana!
Boa tarde Graça,
Um poema doído e belo que fala de quanto era injusta e triste a não frequência da escola substituída precocemente pelo trabalho árduo na infância não vivida, antes sofrida.
É bom que não nos esqueçamos, hoje, que estes problemas existiram e, se existiram.
Um beijinho, minha Amiga, e Enorme Poeta.
Boa semana com muita saúde.
Ailime
Tantos portugueses passaram por isso, de pequenos a trabalhar para ajudar os pais, no campo, nas fábricas, até a vender jornais. A pobreza, o analfabetismo, uma realidade que em breve vai ser esquecida.
Dizia a minha avó quando via um dos ex alunos a queixarem-se da vida:
- Já não te lembras quando eras criança e ias descalço no inverno para a escola.
A pobreza continua, muitas vezes escondida.
Um grande poema!
Fica segura, é o melhor que podemos fazer porque, por mim, estou cansada de máscaras, de falta de um beijo na face, do distanciamento social, da desconfiança, este país que se tornou assim. E visitam-se os pais e os avós à distância ou nem isso.
Uma grande maioria das crianças, no tempo dos meus avós, não iam à escola. Iam trabalhar com criadas para os mais ricos. Eram abusadas e/ou abusadas sem crise alguma. Tristes aqueles que delas abusavam, principalmente as raparigas.
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Início de semana feliz
Cumprimentos
Graça
vidas dificeis.
um poema dorido que nos comove até â alma
bem escrito como sempre, mas muito forte.
a imagem escolhida faz um bom suporte ao poema.
boa semana com muita saúde e paz.
beijinhos
:)
confeço que me estou a ver aqui pois eu tambem nao fiz muito tempo a escola pois fui trabalhar muito criança adorei bjs saude
Versos que me lembram meus avós, meus pais, versos adaptáveis também a outras histórias dessa época... mais uma prova de que é eterno o ontem.
Abraço mais que grande Poeta. Cuide-se bem.
Um pequeno retrato de muitas, diria milhares, de situações idênticas. Um poema para chamar a atenção.
Obrigado.
Mestra / Poetisa, Graça Pires !
Em cada frase, de essência poeticamente
perfumada, se pode resumir uma história
de vida...
Conheço muitas. Porém, nenhuma tão bem
explicitando emoções.
Parabéns, uma ótima semana e um fraternal
abraço, aqui do Brasil !
Sinval.
Que imagem linda, numa composição perfeita com a poesia. Adorei!
Uma feliz semana para ti. Abraço.
El saber siempre se encuentra en los libros
Boa noite Graça. Parabéns pelos belíssimos versos. Uma excelente segunda-feira.
E há tanto quem tenha de proteger-se a si próprio, ainda que possa ter frequentado a escola, póis se o não fizer, quem o fará?...
Belo!
Beijinhos e boa semana!
Amiga, tão triste, tão verdadeiro. Em cada esquina tem várias pessoas assim.
Uma boa semana.
Beijo
As disparidades sociais levaram ao trabalho infantil e ao descurar da escolaridade obrigatória. Uma situação bem triste, mas real.
Abraço poético.
Juvenal Nunes
Mais um bonito poema.
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Este poema da Graça fala-nos da solidão, da orfandade de todas as mulheres que foram privadas em criança de frequentar a escola.
Tiveram que reinventar-se, filhas de si próprias, numa biografia da imaginação.
A mulher na fotografia de Adriano Miranda ilustra isso mesmo, inconformismo e rebeldia.
Beijo.
Hello Graça,
What a nice words!! It's very special to read these romantic words.
And a nice image.
Big hug, Marco
Um grande poema, Graça.
Parabéns!
H vidas assim: por de mais orfãs, por de mais tristes...
Dias agradáveis de uma boa semana.
Beijinho, Poeta amiga.
~~~~~
Solidão, tristeza... uma vida dura....
Gostei muito...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
Na carne as marcas que nao têm de ser
obrigatoriamente o estigma dos filhos.
Felizmente os tempos são outros, mas
fica neste belíssimo poema um passado
vivido por muitos de nós.
" nós éramos assim...
as crianças adiadas
quase sempre infelizes e
quase sempre cansadas..."
Um beijo, minha amiga Graça.
Eram tempos dificeis...bjinho
Infâncias perdidas na dureza da Vida.
Te abraço com voto de bom resto de semana, minha Amiga.
É assim, ou foi assim, querida amiga. Muita gente não aprendeu a ler, porque começar a trabalhar era prioritário. Os tempos eram difíceis, em todos os aspetos e havia bocas para alimentar e corpos para vestir.
A imagem que colocou a encimar o seu excelente poema ainda se vê nos nossos dias, infelizmente.
Beijos e boa semana.
Tão dignas e com direito à nossa modesta admiração. Porque a infância e os prazeres da escrita e da leitura lhes foram sonegados e a vida delas foi pobre além da pobreza.
Es un retrato minival de la vida de una mujer, que fue siempre trabajo para ser. Un abrazo. Carlos
Um triste relato de uma infância não vivida pelas dificuldades da vida! Melancólico, mas muito real esse poema!
Beijos!
Simples, mas bonito, caríssima poetisa!
Saudações poéticas!
Olá, amiga Graça,
gostei imensamente deste teu belo e sentido poema, com a abordagem de um tema que é bastante conhecido tanto no Brasil como na América Latina (a extraordinária cantora argentina Mercedes Sosa dentre sua obra deixou um canto que fala de situação semelhante a do teu poema, qual seja "menino en la calle"). Parabéns!
Um beijo, uma boa semana. Cuide-se com o vírus.
gostei especialmente do final, e que imagem bonita e ao mesmo tempo tão cheia de força! um beijo, Graça.
Uma notável e comovente inspiração, Graça! E uma leitura tão perfeita, de tantas vidas assim... que ainda vamos encontrando, apesar de tudo... e às vezes, numa versão mais recente... tendo frequentado a escola... pois, circunstâncias e oportunidades... às vezes andam de costas voltadas...
Um beijinho! Votos de continuação de uma excelente e inspirada semana!
Ana
belo, grande, dorido Poema, querida Poeta
não te escondo (porque a compreendes) uma inesperada emoção...
beijo, Amiga
Conheci crianças que não puderam " ser meninos "; o seu destino era " ir servir " ( termo usado nesse tempo " para familias mais afortunadas e trabalhavam só pelo prato de comida e uns trapitos que lhes cobrisse o corpo franzino; mesmo assim, era uma grande ajuda para os pais; menos uma boca a comer, menos um corpo a vestir, mais um pouco de tempo para cuidar dos que, abaixo daquele, gemiam de fome e de frio; eram muitos os filhos e não podiam dar-se ao luxo de mandá-los à escola. Tristes os tempos de outrora, tempos em que não havia qualquer tipo de auxilio e os mais pobres socorriam-se de um ou outro vizinho, mais afortunado, sempre pronto a repaRtir com eles a sopa e o pão de milho por eles feito e que tinha de durar, pelo menos uma semana. Sabes, Graça, lembro de um dia, ao passar em minha casa, uma senhora grávida e já com muitos filhos, dizer para minha ( não me lembro a que propósito...), " o que importa é que venha com saúde, pois mais uma malguinha de caldo arranjaz-se sempre". Vivia com muitas dificuldades, essa familia e conheci bem os filhos: foram crecendo e lutando por uma vida melhor, mas nunca conseguiram " ser meninos" Ainda bem, que, neste aspecto a vida está melhor e a todos é dada a opotunidade de frequentarem a escola. Como sempre, um tema pertinente, retratado em belos versos. Um beijinho e, muitos cuidados, querida Amiga.
Emília
Bom dia de paz, querida amiga Graça!
Cuidar de si mesma quando a vida nos deixa abandonada de gente...
Pior se faz ainda quando até às Letras se afastaram de nós.
Tenha dias abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno
Em cada verso um arrepio e no poema uma mensagem, uma dor antiga, um grito de humanidade.
Beijo, Graça.
Não gosto de comparar ninguém
com pessoa nenhuma, mas como
você, Graça querida, me lembra
Cora Coralina que depois de 70
anos publicou seu primeiro
trabalho. (e que trabalho...).
Amo a intenção de sua escrita,
Graça, e os porquês do seu coração
gritar tão alto.
Um beijo minha poeta preferida.
"Filha de si própria"
Uma imagem poética que traduz uma realidade que por vezes existe mesmo.
Um poema soberbo, os meus aplausos.
Bom fim de semana, querida amiga Graça.
Beijo.
A Garça tem uma escrita que nos envolve e nos transporta. Adorei este poema.
A fotografia está qualquer coisa.
Beijinhos e bom fim-de-semana!
Vanessa Casais
https://primeirolimao.blogspot.com/
A melhor sabedoria não está nos livros, mas na alma de quem a sabe descodificar, mesmo sem saber ler.
Um beijinho e bom fim de semana
Tristes tempos esses, que tu magnificamente descreves em poucos versos.
Querida Graça, sabes que adoro ler versos teus, não sabes?
Beijo, protege-te, os números sobrem...
Esqueci de dizer: a foto de Adriano Miranda é simplesmente FABULOSA!!
Bjs.
Voltei.
Por tudo e porque sim...
Pelo excelente poema e para ver de perto a fotografia.
O Adriano Miranda fixa e revela, como só ele sabe, a expressividade dramatica que enforma os rostos de gente. Uma foto intensa.
Beijinho, Amiga Graça Pires.
Uma tristeza amarga , esta de ser filha de si própria!
Um solidão intensa na orfandade de suas mãos .
E tu, com uma mestria só e tão tua, nos contas uma história tão maravilhosamente real , triste , bela .
A minha admiração, sempre , Graça
Para ti , um grande beijo 🌷
Un poema atrapante y especial, gracias.
Abrazo
Passando AQUI para te dar um abraço e te desejar um bom final de semana. E que vejo uma realidade que seja menos real para o nosso presente. Pois lugar de criança na infância é.na escola e aproveitando tudo de brincadeiras e ensinamentos. Bjs querida
Bom domingo, Graça! Um lindo e denso poema. Agora que estou com uma hortinha e tenho Alecrim plantado, quando vejo referência a ele acho profundo e perfumado.
O meu abraço e carinho
O que fazer com esta solidão que dilacera Graça?
Tem certas tristezas, que superam nossas forças.
O poema mergulha e extrai uma solidão dolorida amiga.
Um bom domingo com paz e alegria.
Beijo de paz.
Uma vida de trabalho e solidão, retratada num poema sublime.
Bom domingo e uma excelente semana
Beijinhos
Querida Amiga Graça: Foi como ler um livro, onde toda uma historia se revelou. A pobreza, não ter infância, solidão.
Lindo poema Graça, onde toda a sua sensibilidade veio a tona.
Beijinhos, muita saúde e paz.
Vénia, vénia, vénia... extensível a todo este, inspiradoramente, Poético espaço virtual
Bjo
E tantas meninas ainda, filhas de si próprias, que não frequentam a escola e resistem com fome de aprender.
Beijinhos, Graça.
Que inquietante mensagem, que delicado poema. E a beleza lúcida e comovente com "as filhas de si próprias".
Um beijo, minha amiga Graça!
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