26.5.25

Peço à agua que me purifique

 

Magdalena Russocka


Escrevo nas paredes 
um eco cósmico 
singular, mitológico, irreal. 
Uma chuva nocturna 
insinua-se-me no olhar, 
onde me dói a distância 
das mais belas aves. 
Peço à água que me purifique 
e consinta que o fulgor 
da madrugada me fecunde.


Graça Pires
De Antígona passou por aqui, 2021, p. 77

36 comentários:

Mariete Salema disse...

Puro encanto poético
*
Saúde, Paz e Amor.
*/*
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Jaime Portela disse...

A água é vida...
Excelente poema, gostei imenso.
Boa semana.
Um beijo.

Marta Vinhais disse...

Para recomeçar nova viagem... e reencontrar outros olhares e outros sonhos...
Beijos e abraços
Marta

Mário Margaride disse...

Olá, amiga Graça,
Muito lindo este poema. De um lirismo de rara beleza, um hino ao amor e á poesia.
Gostei bastante.
Beijinhos, com carinho e amizade

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

chica disse...

Que a água sempre sirva para nos purificar e, sobretudo, nunca falte! beijos, linda semana, chica

Kasioles disse...

El poeta siempre encontrará algo que atraiga su mirar y le inspire tan bello poema como el que acabo de leer.
¡Bendita agua purificadora
Cariños y buen comienzo de semana.
Kasioles

Regina Graça disse...

Fecunda de encanto é sempre a poesia que nos oferece! Obrigada, Graça Pires.

Roselia Bezerra disse...

Querida amiga Graça, na certa seu pedido será atendido. As águas sagradas são operantes.
Hoje, chove fininho aqui, também já pedi que as águas me purifiquem.
Obrigada pelo carinho por la, Amiga.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos fraternos de paz

bea disse...

Eu queria ter madrugadas fulgurantes, mas na verdade são pardas e graça não têm. Cada um tem as madrugadas que merece, não é? Pois, que se há-de fazer quando não somos poetas, senão ler quem o é e deixarmo-nos inebriar com o que nos não pertence.
Boa semana, Graça:)

brancas nuvens negras disse...

A água como elemento poético enquanto... não for privatizada.
Boa semana.
Um abraço.

Klaudia Zuberska disse...

A wonderful poem full of charm. Every time I read your words my soul is filled with the beauty of poetry. Thank you for that!

Tais Luso de Carvalho disse...

Querida Graça, belo poema que leio aqui, aliás como sempre acontece.
Aplausos, amiga!
A obra de Magdalena Russocka é tocante, bela.
Uma feliz semana, querida Graça, paz e saúde.
Beijo.

carlos perrotti disse...

Su poesía es el agua que sacia y purifica los sentidos, los revitaliza y redime, Graça, su poesía es para agradecer una vez más...

Luís Palma Gomes disse...

O seu sujeito poético escreve nas paredes. Escreve algo intemporal — talvez por isso escolha as paredes para fazê-lo, como quem evoca Lascaux, Altamira, ou um fresco esquecido numa capela nos arredores de Assis. Se o gesto é cósmico, pertence a outra dimensão: impessoal, atómico, compreensível apenas numa lógica de composição — onde cada parte existe em função do todo que a transcende.

As preposições articulam-se num contexto que se sustém. Depois, regressa a distância — agora sob o olhar do sujeito, cuja beleza só se insinua de longe, num movimento fugaz, como um voo. Um voo de coisas belas. O belo é efémero, se não pela sua natureza, tão-só pelo tédio que convoca se se demora, cancelando-nos qualquer possibilidade de espanto.

Ainda nos movemos na esfera das possibilidades distantes de conhecer, ou de dar a conhecer. E, por fim, o dilúvio: esperado, ou apenas desejado com fervor. A possibilidade de redenção continua a atravessar este poema, tal como atravessava o da semana anterior. A redenção — aqui representada pela páscoa da água — é tão mítica quanto pode ser descrita num manual de boas práticas higiénicas. Prefiro a vertente mítica: é mais abrangente.

Sinto também essa necessidade de redenção, da remissão dos pecados humanos, ora dos meus, como os de toda a civilização depois da expulsão do Paraíso — por esse caudal líquido que tudo purifica. Escrevi a peça "Um Barco no Deserto": um barco materializado pela fé, enquanto aguarda o poder salvador das águas. Espera pelo mito, pelo milagre, pela aparição fantástica das águas maiores.

(Hoje estou muito psicanalítico — uma das formas possíveis de interpretação.)

Beijos.

J.P. Alexander disse...

Profundo poema. Te mando un beso.

Aleatoriamente disse...

Graça, tua poesia é como um sussurro ancestral que atravessa o tempo e toca algo muito fundo em nós.
Há em cada verso uma fusão de céu e alma, um pedido quase sagrado por purificação e recomeço.
A chuva noturna que te visita nos olhos parece também lavar os nossos e essa madrugada que fecunda é imagem de esperança, de reinício sereno, de um silêncio fértil.
Teu poema é breve como um sopro, mas deixa um rastro longo, feito estrela cadente.

Com admiração e ternura,
Fernanda

São disse...

Linda imagem a ilustrar um poema ainda mais lindo, Graça!

Beijinho de boa semana e muita saúde .

ManuelFL disse...

Comecei por ficar tocado, sensibilizado, pela imagem.
Depois vem o poema que nos envolve, quase diria de nos purifica e fecunda.
Que maravilha!
Bem hajas poeta.
Beijinhos

Eduardo Medeiros disse...

Você tem uma intensidade poética e expõe isso de forma tão bela que é de fato, fascinante.

Luiz Gomes disse...

Bom dia. Uma excelente terça-feira, com muita paz e saúde. Encantador e poético, minha querida amiga Graça.

manuela barroso disse...

E vim disparada com a festa das tuas palavras tão cheias de cor , de luz , de som… Cheguei à tua casa e demorei- me na água , na tua água que passou a ser minha tão minha se tornou . Tornou- se cantata de tardes primaveris percorrendo o riacho que corre junto aos meus morangueiros silvestres ! É o que a tua poesia transforma : gente em filosofia de vida onde só apetece poisar no galho que nos embala !
E “ Peço à água que me purifique
e consinta que o fulgor
da madrugada me fecunde.“
E fecunde a alegria da amizade . Pura .
O nosso abraço , minha querida amiga Graça 😘

Ailime disse...

Boa tarde Graça,
Que poema tão belo e profundo!
A água é vida, é bem essencial à nossa existência!
Que ela a purifique e a todos os seres da Terra!
Beijinhos, minha Amiga e Enorne Poeta.
Continuação de boa semana.
Emília

Juvenal Nunes disse...

Um poema muito belo que se renova e recria por si próprio.
Abraço de amizade.
Juvenal Nunes

lis disse...

A chuva purifica acalma e refresca ,Graça
Onde a distância dói a madrugada a desfaz com seu manto que
nos adormece. Uma súplica poética e acalentora.
Que chova nas nossas vidas,querida
Abraços

Eros de Passagem disse...

Claro, minha amiga, Antígona bordeja a sua poesia, a fecunda, a purifica por meio do eco cósmico ao tê-la transfigurado nas paredes para alcançar mais dignidade, mais vida na fecundação e purificação. A sua poesia abala qualquer tirania. Ela muito pujante.
Beijo, minha amiga Graça!

A Paixão da Isa disse...

sempre é um prazer ler os seus lindos poemas amiga pois sem achuva o que seria de nos hehe lindo poema bjs desejo uma linda e feliz semana saude

Olinda Melo disse...

Olá, querida Graça
Uma fonte inesgotável essa sua Obra.
Surpreende-nos a cada passo essa
profundidade, esse desejo imenso de
superar os longos momentos dramáticos
e mitológicos.
E a água tem aqui o seu papel principal
na purificação e redenção de todo e qualquer
princípio que a mente humana idealize.
Beijinhos
Olinda

Isa Sá disse...

Mais um bonito poema.
Isabel Sá
Brilhos da Moda

lis disse...

digo _ acalentadora...

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Boa tarde Graça!
Neste poema, a autora inscreve a palavra como ritual e revelação. O verso inicial , "Escrevo nas paredes um eco cósmico", estabelece de imediato uma ponte entre o íntimo e o universal, entre o corpo da poeta e o espaço mítico onde se desenham os seus símbolos. A sua escrita é, assim, uma forma de gravar o inefável, de eternizar o que, por natureza, escapa: o irreal, o onírico, o sagrado.
A imagem da "chuva nocturna" que "se insinua no olhar" evoca uma melancolia serena, talvez uma saudade do que nunca foi plenamente possuído, como as "mais belas aves", que aqui podem representar tanto ideais inalcançáveis como presenças queridas ausentes.
A prece final à água, que purifica e fecunda, remete para uma simbologia ancestral: a água como princípio vital e transformação. Há neste pedido um desejo de renascimento, um anseio por encontrar no fulgor da madrugada a promessa de um novo ciclo, de um novo verbo.
É um poema delicadamente místico, onde cada imagem se deixa habitar pelo silêncio e pelo sagrado.
Belissímo e profundo como sempre, é a sua poesia.
Deixo um beijo
:)

alberto bertow marabello disse...

Mi piace la continua ed ostinata ricerca di profondità che metti nelle tue poesie, amica Poetisa. Si sente la continua ricerca della vita.
Un saluto grande dall'Italia.
Um beijo

Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá, minha amiga Graça, sempre me surpreendo ao vir a esse espaço poético, pois sempre encontro poemas singulares, como este seu belo poema.
Parabéns!
Um bom fim de semana, amiga.
Beijo

Mário Margaride disse...

Olá, amiga Graça,
Passando por aqui, para desejar um bom fim de semana, com tudo de bom.
Beijinhos, com carinho e amizade.

Mário Margaride

http://poesiaaquesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

teresa p. disse...

Poema muito belo e profundo que, com nostalgia, convoca à esperança com uma prece à água que nos purifica e fecunda. A imagem é maravilhosa. Beijo.

Cesar disse...

Água, que tudo dissolve e limpa. Eterno objeto de deslumbre e musa poética.
Que tenhas uma excelente semana.

Carlos augusto pereyra martinez disse...

Versos lustrales, Agua purificante. Un abrazo. Carlos