André Kertész
Era tanto o alvoroço dos pássaros
nas árvores mais antigas,
que uma inquieta suspeita
se me ajustou ao coração.
Então tive a certeza que morreste.
Só agora descubro
que esteve ao meu alcance
a tua errância,
a viagem que julguei absurda
e sem destino,
o exílio que abrigavas
dentro do olhar.
Da tua, da minha pátria
te direi: tão ausente de alento,
tão ausente de sonhos.
Graça Pires
nas árvores mais antigas,
que uma inquieta suspeita
se me ajustou ao coração.
Então tive a certeza que morreste.
Só agora descubro
que esteve ao meu alcance
a tua errância,
a viagem que julguei absurda
e sem destino,
o exílio que abrigavas
dentro do olhar.
Da tua, da minha pátria
te direi: tão ausente de alento,
tão ausente de sonhos.
Graça Pires
De Uma extensa mancha de sonhos, 2008
24 comentários:
Mais um bom poema, Graça.
Feliz feriado.
bolas, que triste poema... quase que me senti tb exilada... bolas...
as árvores mais antigas sopram uma espécie de vento que produz estas palavras divinas, querida graça. o sonho aqui é eterno. obrigada! um grande beijinho.
Um lindo poema de amor e solidão...
Gostei muito.
Beijo.
Linda Amiga:
Um poema belo e sentido que fala naturalmente da vida e da morte.
Os sonhos?
Esses perdurarão para lá do infinito. Perpetuamente.
Um poema perfeito numa pessoa perfeita.
Gostei muito.
Beijinhos amigos de grande estima e imenso respeito.
Sempre a admirar o que ternamente "constrói".
pena
... como essa árvore: nodosa, exausta, envolta de pássaros que não ousam pousar; como essa árvore:
silenciosa, feliz... nessa estranha alegria de finalmente consigo coincidir...
Um beijo, Graça.
Que linda poema, tecido com palavras muito inspiradas, mesmo que tenha estado ao seu alcance "a viagem que julgou absurda e sem destino"!
Não é alegre, mas é muito belo!
Beijinhos e continue a sonhar!
nostálgico, mas lindíssimo este poema, Graça! um beijo.
que bonito!
abraço,
scaramouche.
lindo, como a Dulcineia...
abraço Graça
Sabe que sempre aprecio muito o que escreve.
Bjs
mais um!
bom, como sempre!
beij
Oi minha nova amiga Dulcinéia.
um lindo e belo poema.
adorei e voltarei sempre aqui.
beijos da nova amiga.
regina Coeli.
Te aguardo no cntin ho da deusaodoya.
"que uma inquieta suspeita
se me ajustou ao coração".
Os sinais estão presentes e actualizam a suspeição. Elidida a angústia instala-se a certeza dos actos definitivos.
depois...
... depois há um interstício de não ser, talvez um silêncio irredutível, um luto indizível, uma queda no abismo.
Quando retorna a memória, "descubro
que esteve ao meu alcance..."
A partida de quem parte fica nos que restam
e os pássaros quietam-se nos ramos mais baixos das árvores mais antigas.
Forte e inquietante! deixou-me "abananado" tipo aquela cena "a pensar".
Excelente poema, Graça!! Adorei. Beijos.
Vim reler-te...
Sonhos bons.
Triste, mas poeticamente encantador. As palavras mesmo tristes são capazes de alegrar o nosso coração tão ávido de sonhos, tão pleno de desilusões.
beijo no coração
Toda a Pátria é feita de ausência e de sonhos...
Bjinho
e por aqui me "erro" encontrando-me nas suas palavras. amplas e melancólicas.
Cântido dos cânticos.
....tão belo....Graça.
abraço.
grato.
Envio a poesia que se solta destas montanhas; destes verdes e destas frequentes tempestaqdes.
os pássaros foram presença, no alcance dos meu olhar.
viajei na beleza e na suavidade do poema
deixei-me ficar no sonho, aqui sei sonhar
a ternura de um abraço, querida Poeta
lena
nas árvores mais antigas me sinto segura para tentar o meu primeiro voo.
gostei muito, graça
abraço
luísa
Um dia os pássaros confirmam-nos as suspeitas. E ficamos "ausentes de sonhos"...
Um beijo, Graça.
ausente de sonhos... que hão-de vir. um beijinho.
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