17.6.10

No meu país

António Quadros



No meu país havia marinheiros
com braços de tempestade.
Havia um cais e um sonho
ateado em cada mastro.
E havia no vento o chamamento do mar.
Havia no meu país o voo antigo dos pássaros
para adivinhar a sina dos homens.
O mistério do sangue e do parto
e o uivo das fêmeas em noites com lua
havia também no meu país.
No meu país havia a terra e a memória
e os cantares de amigo
e a pressentida eternidade das palavras.


Graça Pires
De O silêncio: lugar habitado, 2009

49 comentários:

Beta disse...

a eternidade delas é sempre um pressentimento, excelente percepção, belíssimo poema. :-)
bjos,

maría nefeli disse...

A eternidade sempre é pressentida...por isso nunca acaba, porque nunca chega...
Gosto imenso deste poema...
Um beijo

José Manuel Vilhena disse...

Gosto da cadência das Cantigas de Amigo...lembram-me coisas boas e pinhais... :)
um beijinho

Menina Marota disse...

"...No meu país havia a terra e a memória
e os cantares de amigo
e a pressentida eternidade das palavras."

E a Amizade que é a união da Força com que se semeia uma boa colheita.

Grata por este momento e pela delicadeza da sua poesia, que adoro.

Bjo.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

G.

fiquei sem palavras para comentar tao belo poema.

por momentos lembrei Manuel Alegre.

gostei muito.

um beij

São disse...

Havia tudo isso e muito mais

mas será que ainda há país?

Um abraço grande.

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Amiga Graça,

No meu país havia...
A importância do tempo verbal usado.
Havia mesmo, o que agora nos resta é a esperança de um país renovado.

Gostei muito.

Na Casa do Rau

hfm disse...

Esperemos que a "pressentida eternidade das palavras" possa ser conjugada tb no presente! Um beijo, Graça.

CamilaSB disse...

Ao som dos cantares da sua amizade
e com o sonho de um magnífico poema
pleno de ritmo e sensibilidade...
vivemos o presente, a lembrar o passado e com a promessa do futuro.
Parabéns, Graça!...agradeço o carinho e as palavras amigas.Bjs!

Braulio Pereira disse...

belo poema

eternidade..



palavras..


beijos...

tb disse...

e que elas predurem pela eternidade. Belo, como todos os que conheço saídos de si.
beijinhos

Mar Arável disse...

Boa memória

Bjs

maré disse...

um país que falta cumprir-se
inteiro, como diria Pessoa
a multiplicar-se de luas
para afugentar a triste sina de velhos marinheiros na senda dos naufrágios.

___

um grande beijo querida Graça

Fernando Campanella disse...

...os cantares de amigo, e a pressentida eternidade das palavras... são versos dos mais bonitos que já vi, minha querida amiga. Já conhecia esse teu poema e não me canso de fruir a sua beleza.
Bjos, fico muito feliz com tuas palavras em meu blog.

Adriana Riess Karnal disse...

um país, uma língua...saudade do meu país que só uma palavra não cabe.lindo, Graça.

Luis Eme disse...

no nosso país ainda vai havendo isso tudo, que tu transformas muito bem em poesia...

graças á eternidade das palavras.

abraço Graça

Mofina disse...

A cada segundo há sempre algo que se perde e fica o vazio das coisas que estão por vir.

Beijinhos

manuela baptista disse...

no meu país

há tanta tempestade
como barco atado
num cais desatinado

chão e terra presentida
que eternos somos nós
de uma ternura vencida

a do meu país

.

...cantares de amigo
ainda há, Graça!

um beijo

Manuela

AFRICA EM POESIA disse...

GRAÇA
No meu País...
Já é difícil usar a frase e não sentir..angústia,
Um bom fim de semana.
Aguardemos que a bola role...


Um beijo e em Apontamento deixo...
sábado vou estar ás 19 horas na feira do livro no PORTO pavilhão B/35 e B/37 para uma sessão de autógrafos dos meus ultimos 2 livros .( SPORTING EM POESIA e Pais e Mães)Perto das5 horas Já lá estarei para ter tempo para um café tranquilo...Com quem quizer estar comigo.

KrystalDiVerso disse...

Pois... Mas parece que tudo parece esvair-se por um qualquer vórtex!... Passando por ele, ou tudo acaba... ou fica-se com a cabeça à roda e as ideias completamente baralhadas!... Um Adamastor?!... Talvez!... E o cheiro intenso dos cravos de água doce que navegam nas palmas de mãos estendidas!...
Pois é; "No meu País havia a Terra e a Memória..."



Bom fim de semana




Escolha entre... beijos e abraços

Úrsula Avner disse...

Lindo poema Graça ! É sempre um momento rico e prazeiroso visitar seu espaço poético. Bj.

d'Angelo disse...

No seu país havia nautas e sonhos como bússolas convidando ao mar. No seu país há a sua poesia para quem ainda queira navegar.

Menina Marota disse...

Vinha em busca de mais palavras, reli e reli...

Deixo um beijo e o desejo que passes um bom Domingo :-)

Licínia Quitério disse...

Lindíssimo. No meu país há-de haver a eternidade das palavras. Ainda o meu país.

Um grande abraço, Graça.

Gabriela Rocha Martins disse...

no teu - nosso - país havia (também)


"cantares de amigo" ,de amor ,de escárnio e maldizer......



.....amei!




.
um beijo

teresa p. disse...

"...e a pressentida eternidade das palavras."

No meu país... a beleza da tua poesia, para sempre!
Beijo.

Anónimo disse...

penso que as palavras sobreviverão ao fim do mundo e flutuarão depois no universo como espíritos bons. um grande beijinho, graça.

carlos disse...

Havia....bjs. Carlos

José Ángel García Caballero disse...

um dos meus poemas favoritos do livro, fala bem de Portugal...
um beijo, Graça

Lou Vilela disse...

Belíssimo, Graça! Que consigas sempre resgatar tão belas imagens.

Beijos,
Lou

vieira calado disse...

Muito bem articulado, o poema!

O que já não é novidade...

Bjs

~*Rebeca*~ disse...

Chegamos de viagem e venho aqui só pra dizer que esse carinho danado de bom é realmente algo que faz falta.

Beijo imenso, menina linda.


Rebeca


-

Tania Anjos disse...

Se as palavras são eternas, então, tudo continua havendo... Basta ler e rememorar.

Belíssimo. Amei.

Beijos!

Laura Ferreira disse...

E aqui encontro sempre belíssimas palavras!
Um beijinho.

Paula Raposo disse...

Belíssimo!
Beijos.

Fá menor disse...

Havia.
havia o sonho que agora nos quer fugir...

As palavras, essas, agora voam no vento
.
e à eternidade espera-se que cheguem ainda algumas.

Beijos

Anónimo disse...

Tem selinho aqui prá todos os meus amigos.
Venha buscar os seus.....Carinho meus! M@ria

Nilson Barcelli disse...

Da forma, nem vou tecer comentários. Fabuloso. Gostava de ter escrito este poema...

Quanto ao conteúdo, tens a certeza que havia isso tudo?
É que, nesse tempo imaginado, houve poetas que disseram o mesmo que tu... e, provavelmente, outros vão dizê-lo daqui a umas décadas, referindo-se aos tempos de hoje...
Os poetas às vezes exageram... Até eu, que não o sou (mas tento...).

Beijos.

AC disse...

Belíssimo cantar das memórias, a sugerir a questão "Que é feito do meu país?"

Bjs

avlisjota disse...

Tudo o que de bom havia no seu país se desvanece/eu em oposição ao que de mau havia/há no seu/nosso país!

Bjs fique bem!

José

Manuel Veiga disse...

havemos de erguer de novo. o país "marinheiros com braços de tempestade"...

vibrante poema.

excelente.

beijos

Anónimo disse...

Poesia que não se esgota...
Gosto...

Abraço.

Virgínia do Carmo disse...

Lindo esse país que viaja pela pele do sonho, refazendo-se em poesia...

Abraço

Regina Figueiredo disse...

É caso para se perguntar: haver havia, e agora já não há...?
Haver há, na alma de cada gente....talvez...
Muito bonito o poema que nos leva a reflectir e a deixar levar...

© Maria Manuel disse...

excelente poema, Graça. toda a identidade de um país, identidade construída nos seus momentos de glória históricos, mas acima de tudo, nas pessoas e naquilo de que eram feitas (repara: adoptei o pretérito como tu), coragem, capacidade de sonhar, trabalhar e lutar, amor pelas coisas simples, etc...

do pretérito se depreende uma oposição ao presente, mas sempre pret. imperfeito, será possível vislumbrar uma nesga de esperança?

beijo grande, Graça

pin gente disse...

bem me parecia que já tinha lido... muito bonito!

batista disse...

no meu país inda se ouve o grito dos teus marinheiros.
para o bem e para o mal
as sementes deles florescem no meu país...

deixo um abraço fraterno

Parapeito disse...

...pela eternidade, e mais além...
Sempre bom sentir as suas palavras.
Brisas doces para a Graça***

© Maria Manuel disse...

tanto! como captaste bem a essência do nosso país que, infelizmente foi sendo gradualmente esquecida. obrigada, Graça, pela memória que este teu poema nos permite.