8.1.20

Nas arestas do instante

Solange Firmino


A correnteza da água
nas margens mais agrestes
mancha de lodo os meus dedos aflitos
com o estremecimento dos búzios.
Contudo, amo o equilíbrio dos cactos
presos às areias. Antevejo neles
a quietude da maresia na véspera
dos vendavais quando, nas arestas
do instante, me fere a ausência de uma ilha.

Graça Pires
De Espaço livre com barcos, 2014, p. 44

55 comentários:

chica disse...

Poesia muito linda acompanhada de bela fotografia ! beijos, tudo de bom,chica

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Gostei minha amiga.
Um abraço e continuação de uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

maria joão moreira disse...

Muito bonito

Marta Vinhais disse...

Há momentos em que tudo nos fere e estamos na escuridão...
Bom Ano 2020
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Daniela Silva disse...

É um ótimo ponto de vista. Gostei do que li, beijinhos

Marco Luijken disse...

Nice words.
Wonderful to read. Nice image above.

Big hug, Marco

silvioafonso disse...

Estou aqui para me desculpar. Aquele texto era um esboço da postagem do dia 20, mas eu, por descuido, postei sem querer. Agora ficou mais ou menos, claro, depois das correções.

Mar Arável disse...

Haja luz como sempre
quando desenhas palavras de corpo inteiro

Bjs

Roselia Bezerra disse...

Boa tarde de paz, querida amiga Graça!
Um cenário muito parecido com o de onde estou.
Poema com linguagem familiar. Adoro os cactos e a vegetação praiana.
Muitas vezes temos necessidade de uma ilha mesmo
Tenha dias felizes!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

Juvenal Nunes disse...

Há quem diga que cada um de nós, no seu mundo, já é uma ilha. Se assim for, os vendavais podem deixar-nos à deriva. Fundamente, espero que não seja este o caso. Em todo o caso pareceu-me um texto intimista e, nessa circunstância, dá sempre margem para diferentes interpretações.
Saudações poéticas.

Juvenal Nunes

carlos perrotti disse...

Admirável habilidade descritiva tem vocé, Graça, uma maravilhosa tradução da paisagem se reflete no seu interior.

Un grande abraço, Poeta !!

Manuel Veiga disse...

que ninguém espere dos vendavais sejam murmúrio de búzios!
e que "as arestas do instante" não provoquem o ardor dos cactos...

Poema muito belo, querida Amiga!

beijo

(agradeço, Graça, as amáveis referências no http://xailedeseda.blogspot.com/ sobre o livro "Do Amor e da Guerra" e o seu autor)

Lucinalva disse...

Olá Graça
Belo poema, bjs querida e uma ótima noite.

Maria Emilia B. Teixeira disse...

Se faz necessário ser ilha algumas vezes. Bela fotografia. Bjs.

JUAN FUENTES disse...

La evolución es la clave de casi todo

lis disse...

Oi Graça
Seu poema me faz lembrar os versos do 'Haver' de Vinicius de Moraes:
_ Porque ainda nos "resta essa busca constante do equilíbrio...'
São os 'vendavais' que nos assustam, nos ferem e nos faz fazer faltar uma ilha.
Como sempre,gosto da sua poesia.
beijim

bea disse...

se ao menos encontrássemos essa ilha dentro de nós. Mas não, queremos uma ilha desconhecida e afável a receber-nos. E depois, às vezes, é como disse Sophia, há um barco que segue sem nós o seu caminho.
Bom dia, Graça.

AC disse...

O equilíbrio, sempre.
Tela muito bem pintada com palavras, Graça.

Um beijinho :)

João Santana Pinto disse...

Um poema que contempla o bom, a calmaria descrita na maresia, antes de acontecer algo, o mencionado vendaval, desafiado pelos desafios impostos pelas água agrestes e pelo desconforto, no logo quando uma ilha, um porto seguro mudava muito provavelmente tudo.

Um belo poema, ao nível que nos tem acostumado, com elementos que muito me dizem.

Beijo e bom resto de semana

Majo Dutra disse...

Arestas são sempre instantes difíceis que urge enfrentar,
mesmo com sofrimento...
Muito belo, querida Poeta.
Beijinhos
~~~~

Cidália Ferreira disse...

Adoro toda a sua poesia! Parabéns!:)
-
Não te quero perder do pensamento.
Beijo e um excelente tarde

José Carlos Sant Anna disse...

E como nos protegem as arestas do instante, pois não carregam musgos, ainda que nos façam sentir a "ausência de uma ilha". Torno-me um cativo dessas arestas... Belo poema. Adorei ler-te mais uma vez...
Um beijo, minha amiga!

LuísM Castanheira disse...

Um poema preenchido de beleza.
Aos olhos da Poeta toda a harmonia,
antes da tempestade, esta' la'. Depois...
fica-nos a vontade da evasão, do sonho,
ou dessa ilha por dentro. A ler e reler...
Gostei muito. Curto e conciso.
Um beijo, minha Amiga Graça.

Sinval Santos da Silveira disse...

Querida Mestra das Letras, Graça Pires !
A perspicácia da observação, te leva à inquietude
deste belo e esmerado Poema !
Parabéna e um caloroso abraço, aqui do Brasil !
Sinval.

Love Fashion disse...

Hi, I follow you on gfc # 436 ,follow back?

https://lovefashionyes.blogspot.com/

Cláudia Forte disse...

Que este novo ano seja uma porta aberta para novos sonhos, renovações de fé e muita paz para nós e para o mundo. Feliz 2020!💋

Luiza Maciel Nogueira disse...

Lindeza! Adoro versos cheios dessa natureza que nos emociona e nos toma de poesia.

Um ótimo 2020!

Jaime Portela disse...

Excelente, como sempre.
Graça, um bom fim de semana.
Beijo.

Olinda Melo disse...


Um ilha, sim! Talvez um porto seguro quando os ventos
se tresmalham. Ou o encantamento das mensagens
trazidas pelos búzios desde o princípio dos
tempos. E tudo poderá ser obra de apenas um
instante.

Belo poema, Querida Graça, momento de excelente leitura.

Beijinhos

Olinda

saudade disse...

sempre se encontram por aqui fantásticas palavras.
Um excelente 2020.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...


e a ilha por vezes é um porto...

e as arestas ficam... ou não.

muito belo o seu poema com a delicadeza das palavras.

beijinhos

:)

Ailime disse...

Boa noite Graça,
Um poema muito belo, que me instiga na descoberta das belas metáforas que o compõem.
"O equilíbrio dos cactos", " a quietude da maresia na véspera dos vendavais", a ilha como refúgio?
Gostei muito minha Amiga e Enorme Poeta.
Um beijinho e um bom fim de semana.
Ailime

Anete disse...

Um poema denso e repleto de emoções! Ilha me faz lembrar de um livro: "Ninguém é uma Ilha."
Gostei de refletir a respeito de arestas... Pensei em detalhes, conflitos vividos em determinado instante.
Um abraço

Agostinho disse...

"Nas arestas do instante"(!)
a trave mestra será
da construção tão...
tão bela!
É lá no gume que os sons soprados
dos búzios sobem ao poético clímax

Superior, Amiga Graça Pires.

Alécio Souza disse...

Que linda poesia e como a natureza é maravilhosa! Fico triste em ver o quanto o ser humano tem maltratado o meio ambiente.
Um beijo!

teresa p. disse...

Poema muito belo e cheio de significado. "o equilíbrio dos catos" as "arestas do instante" e essa dor pela "ausência de uma ilha", de um porto seguro...
Gostei muito do poema e da foto.
Beijo.

Teresa Durães disse...

É engraçado, pelo menos para mim, como um cacto, apesar dos seus espinhos, transmitem paz. Talvez por serem dos desertos, não sei.

ManuelFL disse...

Também por vezes me fere a ausência de uma ilha nas arestas do instante.

Belíssimo poema, Graça.

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Graça,
É uma alegria ler aqui.
Meu coração fica leve
e sinto até vontade]de cantarolar...
Lindo texto.
Bjins de domingo
CatiahoAlc./Reflexd'Alma
entre sonhos e delírios

Ulisses de Carvalho disse...

Não sei se a imagem é que tem tudo a ver com o poema ou se é o poema que tem tudo a ver com a imagem... De qualquer forma, gostei de ambos! Um beijo.

silvioafonso disse...

Depois de ler as outras, finalmente
a melhor. Não desmerecendo ninguém.
Um beijo.

Graça Alves disse...

Muito bom voltar aqui.
beijinho

neyborba disse...

Precioso, como cada dia.
Feliz semana.

manuela barroso disse...

O antagonismo da pacificidade dos cactos com a sempre amada beleza de uma ilha .
Cactos: estátuas de plantas ! As vezes , quanta harmonia !
E saio a refletctir ....
Grande abraço, querida Graça !

Fá menor disse...

Muito belo poema, como sempre!
E a imagem também, tão inspiradora.

Também me fere a ausência de uma ilha...

Beijinhos

solfirmino disse...

Amiga, adorei ver minha fotografia aí. Pena que não está com a qualidade boa, pois peguei da internet, não achei o CD em que ela está. Essa ilha de Paquetá, no Rio, apesar de meio abandonada, é um dos meus lugares preferidos, principalmente no inverno, que está sempre por volta de 15 a 20 graus. Seu poema é sempre de um primor, e me faz viajar em outras leituras. Desta vez, lembrei de um poema do Oswaldo Montenegro, quando li "me fere a ausência de uma ilha". Não se preocupe com essa ausência, pois, segundo ele,

"Ilha não é só um pedaço de terra cercado de água por tudo quanto é lado.
Ilha é qualquer coisa que se desprendeu de qualquer continente.
Por exemplo: um garoto tímido, abandonado pelos amigos no recreio, é uma ilha.
Um velho que esperou a visita dos netos no Natal
e não apareceu ninguém, é uma ilha.
Tudo na gente que não morreu, cercado por tudo que mataram, é uma ilha.
Até a lágrima é uma ilha, deslizando no oceano da cara.

Oswaldo Montenegro

Um beijo, Graça

Margarida Pires disse...

Uma ilha é um pedaço perdido no universo de mil gotas de água.Comparo a solidão à ilha e a multidão ao gotear.

mz disse...

Procuramos o equilíbrio das águas e das areias para atenuar as aflições e as tempestades que nos consomem o ser que somos; terreste feito de alma.

Sempre uma boa e profunda inquietude.

Maria Rodrigues disse...

Quantas vezes temos de contornar as arestas, para encontrar uma ilha, que nos traga equilíbrio interior.
Belíssimo poema.
Beijinhos

teresa dias disse...

"Nas arestas do instante, me fere" ter pouco saber para interpretar o teu poema.
Acontece!
Beijo, querida amiga.

Ana Freire disse...

Um maravilhoso momento poético de introspecção, e reflexão... sobre o fluir da vida...
Inspiração, sempre no seu melhor, Graça! Parabéns!
Beijinho! Continuação de uma feliz semana!
Ana

Duarte disse...

A presença da água que lima arestas mas que também nos pode levar longe até que por fim chegamos a essa ilha de salvação.
Gostei, como de tudo aquiulo que escreves. São relatos de vida plenos de sensibilidade.
Abraços de vida. Beijinhos

Gaby Lirie disse...

Tão ausente tenho andado de meu blog, mas que bom sempre poder retornar e ver essas pérolas de poesia, a dar um abraço em meu coração. Obrigada!

Beijos!

JUAN FUENTES disse...

Literatura y naturaleza.

chica disse...

Graça, acabou de entrar uma surpresinha pra ti! beijos tudo de bom,chica

Podes ver aqui:

https://canteiroqueunesementes.blogspot.com/2020/09/5-semente-instantes.html