19.10.20

Não é ficção nem simbologia

Adriano Miranda



Não é ficção nem simbologia. 
São homens sem abrigo, 
excluídos da luz, à espera 
de um mês propício para morrer. 
Em seus sonhos não há sol 
e possuem nos pés sem pátria 
todos os vestígios de fuga. 
A pele magoada de ardis 
tem o mesmo cheiro do rio na maré-vaza. 
Sobre os seus ombros apenas a noite: 
sempre tão húmida, sempre tão humilhante. 

Graça Pires 
De A solidão é como o vento, 2020, p. 52

65 comentários:

Os olhares da Gracinha! disse...

A solidão na poesia desperta sensações e emoções... 👏👏👏👏👏

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Há vidas bem difíceis.
Excelente poema.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Luis Eme disse...

É o virar costas de muitos de nós... é o olhar para o lado para não ver...

e é mais um belo poema.

abraço Graça

brancas nuvens negras disse...

Um belo poema a lembrar os deserdados de tudo até do essêncial para sobreviver. Em que sociedade vivemos que convive com estas enormidades?

N A S S A H disse...

Nice poem i liked

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Graça, bom dia.
Linda pintura de uma
realidade cruel.
Amei ler.
Bjins de boa nova semana
CatiahoAlc.

A.S. disse...

Quem os outros limita, ignora, quem tudo lhes sonega, irá um dia ter a suprema humilhação de precisar deles e conhecer a noite, sempre tão húmida e tão humilhante. É pelo menos essa a minha esperança!

Uma boa semana Graça, com muita saúde.
Um beijo.

LuísM Castanheira disse...

Nenhuma hora é boa para morrer.
Muito menos na "maré vaza" deste rio.
O teu poema é uma dor não ficcionada da
desumana irmandade. Houvesse um sol em cada dia e da esperança um mundo melhor cresceria.
Gostei muito.
Um beijo, minha amiga Graça.
Um bom dia

R's Rue disse...

Very nice.

Maria Emilia B. Teixeira disse...

Bom dia Graça.
Uma bela escrita com uma realidade cruel, onde nem em sonhos a luz se faz presente.
Uma excelente semana para você. Beijos.

Rajani Rehana disse...

Mind blowing post

Diná Fernandes de Oliveira Souza Souza2 disse...

Bom dia querida Graça,

São muitos a viver essa realidade tão dura, e o olhar indiferente é árido como o deserto. No meu entender, pode vir a Pandemia que vier, as mentes não se abrem para o humanismo.

Grande postado e aplausos mil.

Bjs e boa semana.

Juvenal Nunes disse...

Poema naturalista, carregado do desconforto que é a vida dos sem-abrigo.
Saudações poéticas.
Juvenal Nunes

Ailime disse...

Boa tarde Graça,
Um poema tão belo, quanto verdadeiras as palavras que o compõem e em que a imagem fala por si.
Por vezes pensamos em como é possível em pleno século XXI haver ainda tantas vidas a sofrer penas que ninguém merece.
Fica o alerta cheio de sensibilidade da Poeta.
Que ninguém fique indiferente!
Um grande beijinho e uma boa semana, com saúde, minha amiga e Enorme Poeta.
Ailime

Lucinalva disse...

Olá Graça
Linda postagem, obrigada pelas palavras no aniversário da minha filha, bjs.

" R y k @ r d o " disse...

Olhei a fotografia em silêncio. Em silêncio li o poema. E, respeitosamente, em silêncio me deixei ficar.
.
Inicie a semana em Paz e Amor
Abraço

Carlos Augusto Pereyra Martínez disse...

Esa voz poética por el otro, el desheredado de patria y sustento. Un abrazo. carlos

alberto bertow marabello disse...

È una poesia di un'umanità sconcertante.
Complimenti, amiga poetisa
Um beijo

carlos perrotti disse...

Seus versos reforçam a imagem, Graça, Poeta, e não é o contrário. Um profundo humanismo destila seu poema ...

Abraço grande. Realmente admirado.

Cidália Ferreira disse...

Que poema intenso, belo. A imagem é qualquer coisa...
-
Quão cinzenta é a vida ...

-
Beijos, e uma excelente semana.

bea disse...

pensando em tantos que não têm tecto nem lugar, somos afortunados. Mas não consigo entender a razão de o avanço civilizacional permitir que haja gente a sobreviver em condições sub humanas.

Mar Arável disse...

Não basta ter razão
Bj

Luiz Gomes disse...

Boa tarde. Realmente existem muitas vidas e muito sofridas. Um dia quero postar uma poesia de sua autoria com uma foto da natureza brasileira.

Victor Barão disse...

Minha muito estimada e admirada amiga Graça Pires, é não só um profundo prazer voltar a revê-la por aqui, quanto tão mais profundo prazer voltar a reler o que aqui escreve e/ou aqui partilha de "seara alheia"; cujo este presente "Não é ficção nem simbologia" de sua seara própria, se me apresenta alta e/ou profundamente sublime _ um regalo para os sentidos, apesar do seu sofrido conteúdo! Que nesta última sofrível acepção, mesmo que muito mal comparado seja, como que me remeteu para a minha própria partilha de hoje "No topo"
Com votos de que esteja tudo bem e de continuação dum excelente resto de semana
Beijo
VB

JUAN FUENTES disse...

Te gusta la literatura y tienes una buena cultura.

solfirmino disse...

Sim, amiga.
Com a pandemia, os abrigos se tornaram mais raros e as pessoas que ainda passavam com uns trocados diminuíram bastante.
A expressão "pés sem pátria" é muito triste.
Estranho para mim ver a palavra "húmida", que no Brasil não tem h...

Boa semana, Graça.

Marta Vinhais disse...

O estar só sem Sol é muito dorido..
Lindo....
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Um poema dorido e real.
Quantos deserdados de um pingo de carinho.
Quantos desterrados de uma vida que nao escolheram ou nao sabem gerir.
Tão triste e tao real!
A imagem é sublime para acompanhar o poema.
Boa semana com saúde e paz.
beijinhos
:)

A Paixão da Isa disse...

uma foto triste com um poema um pouco triste mas é a verdade da vida bjs coragem

Fá menor disse...

E quantas vezes cai sobre os nossos ombros a noite fria tão humilhante!...

Boa semana, amiga!

Beijinhos.

Arthur Claro disse...

Muito boa esta poesia e imagem bem escolhida.

Arthur Claro
http://www.arthur-claro.blogspot.com

Isa Sá disse...

Mais um bonito poema.

Isabel Sá  
Brilhos da Moda

MARILENE disse...

Uma triste realidade, espalhada pelo mundo. A carência é enorme e distribuída por todos os lados. São os abandonados, os sem teto, os sem pátria, os famintos... Nossa!!! Bjs.

Margarida Pires disse...

Olá minha querida amiga Graça!
A solidão doí!
E neste momento tantos pés magoados! Sem Pátria!
Tão triste!
Que venham dias melhores!
Continuação de uma semana abençoada!
Um doce beijinho!

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida amiga Graça!
Muito dolorida essa situação de muitos e muitos espalhados pelo mundo inteiro.
Humilhante por demais e dói no 💙 de todos nós.
Sem dignidade alguns... Postrado sobre sua insignificância.
Tenha dias abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

neyborba disse...

Nessa imagem e na poesia, tem uns segundos que a vida na gente geme. Mais uma vez eu penso o mesmo, somos os que deveriam de saber que nossa boa vontade não precisa de governo.
Uma boa semana e grande abraço.

Majo Dutra disse...

Um grito que soa fortemente...

Um poem realista e objetivo que muito me agradou.

Gritemos!

Dias bons, desejo-os no meu abraço.
~~~~~~

Marco Luijken disse...

Hello Graça,
Nice words.
But it is actually sad that these kinds of things are still reality.

Big hugs, Marco

ManuelFL disse...


Um comovente poema aos condenados da terra, que nos interpela.

nos pés sem pátria
todos os vestígios de fuga.

A imagem que ilustra o poema é tocante.

Beijo

Manuel Veiga disse...

dói como lâminas acesas.
e a palavra sufoca na garganta.

beijo, Poeta
e boa Amiga

Jaime Portela disse...

Infelizmente não é ficção.
Excelente poema.
Continuação de boa semana, querida amiga Graça.
Beijo.

teresa dias disse...

Poema belo, belíssimo!
Mas duro, pois a existência cruel de homens sem destino, excluídos, que caminham à procura de um chão, emociona e envergonha. Não todos lamentavelmente, mas os que têm coração.
E a imagem dos pés magoados, a imagem querida amiga Graça, não me sai do pensamento.
Ufa, desta vez molhaste-me os olhos.
Beijo, saúde.

manuela baptista disse...

Desalojámo-nos de compaixão.

Cada um confinado na sua circunstância e isto, muito antes dos vírus que nos atemorizam.

Sejam bem vindos os gritos dos poetas!

beijinhos Graça!

VENTANA DE FOTO disse...

Es muy triste la realidad que nos rodea y nos remediamos. Todo el que pasa aparta la mirada hacia otro lado.

eli mendez disse...

Un poema cierto y terrible, desafortunadamente hay tanta gente, tantos hermanos esperando morir, porque el mundo no ha sido justo para con ellos, porque no han tenido posibilidad de elección en su destino y les ha tocado la peor parte, la de la humillación y el desamparo.. Una poesia fuerte y contundente. Mi abrazo fraterno.

Agostinho disse...

A fotografia não engana, é real, sem encenaçôes fantasiosas, tem o adn do Adriano Miranda.
"[...] à espera do mês propício para morrer [...]", como não, se passaram a vida em trabalhos a secar ao arame a carcaça salgada pela desgraça?
Cara Poeta, que retrato tão profundo, emotivo, a mostrar o quotidiano que nos rodeia... e na pressa tanta gente a elevar muros para fingir o desconhecimento.
"A pele magoada de ardis"!
Beijo muito amigo, Graça Pires.

Teresa Almeida disse...

Esses pés dizem da vida. Esses pés assinam teu extraordinário poema.

Beijos, querida Graça.

carminho disse...

Um grito para despertar consciências.
Belo poema sobre a condição humana.
Quantos de nós olham para o lado, evitanto ver todtos pálidos, cansados e famintos.
Beijinho querida poetisa e amiga

teresa p. disse...

Os homens sem abrigo vivem no limite da tristeza e da solidão, sem sonhos nem esperança. Este emocionante poema é como um grito de alerta, para a pobreza extrema dos "excluídos da luz" é muito realista, muito belo, assim como a foto.
beijo

Marli Terezinha Andrucho Boldori disse...

Boa noite, querida Graça, só a foto já me trouxe lágrimas, dor na alma, pois
sabemos que o seu poema revela uma realidade que existe, e está ao nosso lado.
Pessoas necessitadas de tudo, os pés sujos nos mostram a falta de tudo, para viver com um pouco de dignidade.Conhecemos e sabemos que é uma realidade triste, situações de extrema pobreza, a qual leva a pobreza de alma também, pois como ser feliz vivendo sem condições.Peço a Deus que nos ajude a ampliar nossas consciências para que possamos encontrar as soluções para que todos possam viver dignamente.Belo e triste poema. Abraços!

Teresa Durães disse...

Um poema bastante triste, mas belo!

Emília Pinto disse...

Infelizmente, os pês mostrados nesta gravura tão triste, não simbolizam só pés massacrados de tanta caminhada feita em fugas de guerras e perseguições; infelizmente há aqueles que são sempre desprotegidos, não sei se pelos deuses, se pela sorte, se pela vida, mas na realidade só têm sofrimento, nunca têm motivos para sorrir, nunca podem admirar a beleza do sol, do mar, de uma simples flor que por acaso esteja bem perto do cartão que lhes serve de abrigo. Tudo é escuridão na vida destas pessoas por mais que o sol brilhe e o céu se encha de estrelas. E aí, tem de surgir a pergunta? Que fiz eu de melhor para merecer a graça de ter uma vida plena, com saúde, com comida, com uma moradia digna? Nada de surpreendente...nada fiz mais do que qualquer um desses que, merecidamente homenageias no teu poema, Graça E outra questão tenho de me colocar ...que tenho feito eu para minorar o sofrimento de um deles, pelo menos? Infelizmente, tenho que confessar...nada ou muito, muito pouco. Tenho de fazer mais e tenho de me queixar menos. Sabes que aprecio muito os teus poemas, mas este, amiga, tocou-me muito, porque sei que não faço a minha parte para mudar um pouco a triste realidade de muita gente. Obrigada, Graça, por este " grito de alerta " , um grito que que deveria ser de todos. Um beijinho e SAÚDE!
Emilia

Maria Rodrigues disse...

Vidas terríveis onde a dor, a tristeza, a magoa e a desilusão, são as únicas companhias.
Um poema sublime.
Beijinhos

manuela barroso disse...

Tão perturbante , mas tão real esta solidão de pés que não são ficção , não !
E que fotografia tão ao teu jeito , com uma mensagem que dói tanto !
Maravilhosamente belo este conjunto, querida Graça
Para ti, um abraço

María disse...

Intenso poema, y esa imagen es toda una obra de arte.

Una delicia disfrutar de tus publicaciones.

Besos enormes.

Isa Maria disse...

Ainda há gente que se queixa só porque tem de trazer uma máscara. É caso para dizer que se queixam de barriga cheia.

Ana Tapadas disse...

Tão intenso, como verdadeiro.
Belíssimo.

Beijo, minha amiga, e uma boa semana.

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Graça,
Eis uma descrição perfeita
e maravilhosamente poética.
Adorei me encantar.
Bjins de boa semana
CatiahoAlc.

Ana Freire disse...

Um poema tocante e profundo, sobre os sem abrigo... mais desabrigados ainda... numa fase como a que atravessamos!...
Adorei cada palavra, Graça, que tão bem os definiu, com uma sensibilidade tão marcante, que me comoveu!
Um beijinho!
Ana

Tais Luso de Carvalho disse...

E eu que não vi esse poema, querida Graça!? Magnífico!
O que mais se vê pelas esquinas dos países em desenvolvimento, é gente dormindo pelos cantos, enfiados em buracos ou em caixas de papelão, num canto debaixo de qualquer coisa que se pareça com teto. Vivem como ratos; mas são os moradores de rua: um dia aqui, outro ali... Caminham e procuram por um canto até terem a certeza do sossego. E contam com a sorte de não serem importunados por gente sem piedade.

Beijo, querida amiga! Uma boa semana!

José Carlos Sant Anna disse...

E no entanto é preciso não se calar. É preciso nos insultar por não termos força para mudar como o desejávamos...
Um beijo, minha amiga Graça!

AC disse...

Por entre a beleza das palavras escorre, acusador, o dedo que põe o dedo na ferida. Não há como lembrar.

Um abraço, Graça :)

baili disse...

a profound and highly sensitive poem dear Grace !

image has power to make my eyes teary

i used to cry for people who have no shelter on head ,that made me feel guilty for so long
now i am able to understand that all i can do is pray for them and help one if i can

your poem is substantial and guide line for those who want to better the world

JUAN FUENTES disse...

Esa naturaleza tan mal tratada

Unknown disse...

EXEMPLAR SEU PONTO D VISTA..BEM ISSO..PARA A NOVA GERACAO..