13.10.25

Um tempo que passou

                       
                                                                    Beatriz Martin Vidal 




Sempre que o silêncio se torna maior
sinto a renitência de certas palavras
em tocar a minha fala.
Recusam o sentido confidente
de desconhecidas emoções.

Querem um tempo que passou.
Aquele em que me desciam
pelos dedos outras águas
sémen e sangue
na junção de rios sem margem
a submergir meu corpo.

Graça Pires
De O improviso de viver, 2023, p.39

44 comentários:

brancas nuvens negras disse...

É importante termos consciência de que já temos um passado.
Boa semana
Um abraço

Marta Vinhais disse...

Em que tudo era apenas simples...e tudo era suave...
Beijos e abraços
Marta

Daniela Silva disse...

Um texto cheio de ternura e melancolia, que retrata com sensibilidade o passar do tempo e as memórias que nele permanecem. 🍂 É bonito sentir como transformas a nostalgia em poesia.

Com carinho,
Daniela Silva 💜
alma-leveblog.blogspot.com
Convido-te a visitar o meu cantinho.

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Beautifully written! 🌙✨ Your words capture that delicate tension between silence and expression so perfectly. It feels introspective and poetic—like emotions speaking softly between the lines.

Tais Luso de Carvalho disse...

É, minha amiga, os tempos de mais tranquilidade nas nossas vivências
diárias de infância e juventude estão longe, a coisa está bem pesada.
Maravilha de poema, querida Graça! Gosto muito de ler você!
Uma feliz semana, muita paz e saúde!
Beijo, amiga.

Regina Graça disse...

Um tempo que passou faz-se poema bem presente. Belo!

bea disse...

Caminhamos para trás com frequência, como canta a Graça nos seus versos, aquele tempo "em que me desciam pelos dedos outras águas". Será pela visão do que fomos? Também me é sugestão o olhar para trás, mas não quereria voltar àquela que fui. Deu-me tanto trabalho chegar aqui! Não apetece viver tanto, as minhas armas são cada vez mais débeis, deixei a enxada e uso um pequeno sacho, mas ele mesmo me cansa. Prefiro morrer o mais delicadamente que consiga. Há uma canção de Chico Buarque que fala "do tempo da delicadeza". Sonho conseguir chegar até ele e não se me dá que sozinha. A morte também acontece em solidão. Somos em grande parte solitários rodeados de gente.
Boa semana, Graça

Mário Margaride disse...

As recordações boas do passado da nossa infância, estão sempre patentes na nossa memória. Lindo poema, que muito gostei, amiga Graça.

Beijinhos carinhosos, e feliz semana.

Mário Margaride

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida amiga Graça!
"Sempre que o silêncio se torna maior
sinto a renitência de certas palavras
em tocar a minha fala."
Seu silêncio é tão eloquente que me deixa emocionada do lado de cá.
Nossa persistência em viver apesar de ser outro modo de vida atualmente mostra valentia da nossa parte e é digno de louvor.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos fraternos de paz

Rogério G.V. Pereira disse...

Quando
poema rima com imagem
o sentimento deixado
é bem profundo

Beijo de fã

Teresa Isabel SIlva disse...

Muito bonito! Os meus parabéns!

A tua opinião é muito importante, por isso gostava de pedir 3 minutos do teu tempo, para responderes ao questionário de consulta e satisfação sobre o meu blog. É muito simples, bsta clicares aqui.
Obrigada!

Bjxxx,
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ManuelFL disse...

Penso às vezes que tenho de aprender a amar o silêncio.
Procuro, quem sabe, uma música que reinvente o tempo que passou, na companhia de meninas pintadas por Beatriz Martin Vidal.
Ou talvez o tempo "em que me desciam pelos dedos outras águas".
E aqui estou, emocionado, sem palavras, a ler e reler este poema da nossa querida Graça.
Bem hajas.
Beijinhos

Gracita disse...

Olá Graça
A imagem da junção de rios sem margem a 'submergir' o corpo é espetacular. A entrega total ao passado em contraste com a aridez do presente.
Este poema é um mergulho na corporeidade da palavra, onde ela se recusa a ser apenas fala e anseia por ser água, sêmen e sangue novamente
Belíssima expressão poética
Beijinhos

Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá, minha amiga Graça, muitas vezes o silêncio é necessário, a vida exige mudanças e temos de nos virar em novas adaptações.
Belo poema, como sempre leio aqui.
Uma ótima semana, com muita paz!
Beijo, amiga.

Aleatoriamente disse...

Querida Graça,

Tão profundo e visceral!
Há nele uma beleza densa, quase sagrada um diálogo entre o corpo e a memória, entre o silêncio e aquilo que insiste em não ser dito. As palavras parecem vivas, renitentes, como se carregassem nelas o peso do que já foi e ainda pulsa.
A imagem dos rios sem margem é deslumbrante traduz o transbordamento da emoção e do desejo com uma força rara. Sua escrita toca o íntimo sem precisar gritar; é pura intensidade contida, poesia em estado de alma.
Amei!

Beiiinho
Fernanda 😘

Eduardo Medeiros disse...

Belo poema, Graça.
O tempo nos domina, nos abate e nos eleva.

Emília Simões disse...

Boa noite Graça,
Um poema muito belo, que nos fala de silêncio e passado, em que ambos vão deixando emoções indeléveis, gravadas no nosso ser.
Gostei muito.
Um grande beijinho, minha Amiga e Enorme Poeta.
Boa semana com saúde e paz.
Emília

J.P. Alexander disse...

Melancólico poema. Te mando un beso.

Lucinalva disse...

Bom dia, Graça
Lindo poema, o tempo que passou, deixou lembranças em nossos corações, um forte abraço.

São disse...

O passado é um outro mundo...

Querida Amiga, beijinho de óptima semana :)

lis disse...

O presente tão assustador , Graça
e revolver o passado nem sempre é salutar , no entanto há
recordações indeléveis que nos conforta e o silêncio torna-se um aliado.
Beijinhos, amiga boa semana

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Boa tarde Graça
Há neste poema uma contenção vibrante, onde o silêncio se transforma em matéria viva, um espaço entre o que se cala e o que insiste em ser dito.
As palavras, renitentes, parecem guardar memórias corporais e emocionais, ecos de um tempo em que o sentir era pura correnteza.
A autora constrói aqui um mergulho delicado na essência do indizível, onde o corpo e a linguagem se confundem numa torrente de lembranças e sensações.
Um poema que sussurra o que o tempo não apaga.
Muito belo.
Boa semana com saúde e harmonia.
Um beijo
:)

carlos perrotti disse...

Ronda el eterno ayer que no hace más que volver... como lo inexpresable siempre otra vez... Poemazo le decimos por acá, Poeta!!
Abrazo admirado hasta allá.

Fá menor disse...

Há um tempo que passou e que fica nas memórias que tantas vezes se revivem.

Beijinhos e boa semana!

alberto bertow marabello disse...

È vero che parole, acqua, sperma e sangue, sono forse passati, ma sicuramente non sono passati in vano. Non sono passati senza dare frutti, per quanto piccoli.
Ciao amica Poetisa, ti auguro una bellissima settimana piena di gioia.
Um. Beijo

Luiz Gomes disse...

Boa terça-feira, com muita saúde e paz, poeta Graça. Temos algumas marcas do passado que levaremos ou não em nossa vida. Parabéns pelo texto interessante. Grande abraço carioca.

Os olhares da Gracinha! disse...

A pintura é para mim tão bela quanto angustiante! Entre os três tempos eu fico pelo PRESENTE 👏Belo momento poético! 😘

Olinda Melo disse...

Querida Graça
De uma forma ou de outra o passado sempre nos
encontra, seja trazendo-nos boas recordações ou pesando
em nós como chumbo. Neste poema é o presente
que faz mossa, que traz uma solidão em que o silêncio
impede as palavras de serem leves e plenas de
significado.
Que tenha uma semana excelente, amiga.
Beijinhos
Olinda

manuela barroso disse...

Mais uma vez poema e imagem são a sintonia de um todo que persiste manter-se dentro de nós de uma forma tocante . Mas deixa que todas essas memórias afluam tão graciosamente nesse rio para despertar momentos como este plenos de emoções . Afinal, tudo se vai espalhando em alegrias , saudades . Tão belo , querida Graça
Um beijo com saudades!

Duarte disse...

Sim, Graça, um tempo que fugiu deixando a saudade, mas com a suficiente força que nos inspira a escrever tão belos poemas.
Forte abraço de vida

Maria Rodrigues disse...

O tempo passa inexoravelmente, ficam apenas as memórias.
Belíssimo poema.
Beijos

R.Correia disse...

Bonito poema.
Muitas vezes anseio o que já passou...
Abraço.
https://rabiscosdestorias.blogspot.com

teresa p. disse...

Poema emocionante que trás à memória o tempo da inocência, "aquele em que desciam pelos dedos outras águas". É no silêncio que surge a nostalgia de tudo o que foi vivido. Gostei muito do poema e, como a poeta, "sinto a renitências de certas palavras em tocar a minha fala." Beijo.

Mário Margaride disse...

Boa noite, amiga Graça.
Passando por aqui, para desejar um bom fim de semana, com tudo de bom.

Beijinhos, com carinho e amizade.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

A.S. disse...

É no silêncio que todas as memórias afluem, não com nostalgia, mas com a maturidade de quem sabe que não se retrocede no caminho. E nessas antigas vivências, habita a inspiração para escreveres tão belos poemas Amiga Graça.
Um bom fim de semana.
Um beijo.

Majo Dutra disse...

A idade da fertilidade e maternidade são fases intensas e poderosas, de "outro tempo", um tempo melhor, pleno de força e resiliência.
Excelente tema e inspiração...
Uma semana amena e feliz.
Um abraço, Amiga Graça.
====

Parapeito disse...

Olá doce Graça*
Tão doce e sensível o tempo da inocência.
Que nos valham as memórias.
Gostei muito.
Abraço e brisas doces.
( a foto é linda)

Ana Tapadas disse...

Às vezes, sinto-me assim.
A sua poesia é tão universal!
Uma imagem pungente.
Beijo, minha amiga

Catiahô do Espelhando disse...

Graça,
que sua noite de domingo seja ótima.
Hoje com tempo e calma,
venho fechar meu dia de domingo
lendo Blogs que gosto, como
o seu.
A imagem é fantástica!
E as palavras e frases, são
muito do que vivemos
segundo a segundo.
Uma delícia ler e sentir
o impacto de cada sentença.
Bjins de calmaria de dia chuvoso
daqui de minha Pasargada
no sudeste do Brasil.
CatiahôAlc.

Alécio Souza disse...

Querida Graça,
O tempo não volta atrás, o que passou fica no passado e mesmo as boas lembranças não se renovam, precisamos de novas experiências e aceitar a vida no presente.
Um beijo!

Mário Margaride disse...

Boa noite, amiga Graça.
Passando por aqui, para desejar uma feliz semana, com tudo de bom.
Beijinhos, com carinho e amizade.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

Jaime Portela disse...

É frequente o passado visitar-nos quando o silêncio se cala perante o presente ou o futuro.
O poema é excelente, como sempre por aqui.
Boa semana.
Um beijo.

Carlos augusto pereyra martinez disse...

Nuestras humedades confundidas en lo erógeno no nos dejan olvidar. Un abrazo. Carlos

baili disse...

Dear Grace I keep wondering how gracious is nature to bless us with treasures of memories 🥹🥹🥹
Isn’t that the only way to travel back down to the memory lane and relive those playful times 🥹🥰
Your expression is so beautiful and powerful in this awesome poem 👍
Hugs health peace and happiness to you and yours ♥️🙏